E atinge US$ 1,194 bilhão em receita cambial, avanço de 84,5% no mesmo intervalo comparativo e também é a maior da história para os meses de setembro. Apesar de o setor exportador continuar enfrentando críticos problemas na logística, que se intensificaram no segundo semestre, com falta de estrutura e espaço nos portos brasileiros e com uma maior demanda por contêineres para embarques, principalmente de café, açúcar e algodão.
Com volume histórico para o mês, acumulado de 2024 também salta para recorde de 36,4 milhões de sacas. Em contrapartida, exportadores seguem enfrentando dificuldades logísticas e quase dois milhões de sacas estão acumuladas sem embarque nos portos.
O Brasil exportou 4,464 milhões de sacas de 60 quilos de café em setembro de 2024, volume recorde para este mês e que implica crescimento de 33,3% na comparação com os 3,348 milhões de sacas embarcadas em idêntico período do ano passado. Ao alcançar US$ 1,194 bilhão, a receita cambial avançou 84,5% no mesmo intervalo comparativo e também é a maior da história para os meses de setembro. Os dados divulgados no dia 09 de outubro (quarta-feira), constam no relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), e disponibilizado para a imprensa.
No primeiro trimestre do ano safra 2024/2025, os envios do produto ao exterior totalizam 12,050 milhões de sacas, rendendo US$ 3,105 bilhões ao país. Frente aos números compilados entre julho e setembro de 2023, esse desempenho representa incrementos de 19,7% em volume e de 54,7% em receita.
Ano civil — No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou o recorde de 36,428 milhões de sacas, apresentando evolução de 38,7% em relação aos 26,264 milhões registrados nos nove primeiros meses de 2023. Os ingressos com as remessas de café ao exterior em 2024 também são os maiores da história, com US$ 8,451 bilhões, o que representa alta de 51,9% ante os US$ 5,563 bilhões no acumulado do ano passado até setembro.
Logística com gargalos — Apesar dos expressivos volumes registrados, o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, afirma que o setor exportador continua enfrentando críticos problemas na logística, que se intensificaram no segundo semestre, com falta de estrutura e espaço nos portos brasileiros e com uma maior demanda por contêineres para embarques, principalmente de café, açúcar e algodão.
— Infelizmente, não tivemos alteração no cenário logístico e seguimos nos deparando com grandes e constantes atrasos de navios para exportação, abertura de gates com tempo limitado, pátios de portos abarrotados e cargas que chegam do campo e não conseguem ser despachadas, gerando elevados custos extras aos exportadores— revela.
— Esse cenário — completa — gera o não embarque, neste ano, de aproximadamente dois milhões de sacas de café, que estão acumuladas nos portos, ampliando os prejuízos das empresas exportadoras e a não entrada de milhões de dólares como receita ao Brasil”.
O presidente do Cecafé explica que o expressivo desempenho dos embarques se justifica, principalmente, pelo empenho das equipes de logística dos exportadores e pela manutenção do diálogo da entidade junto aos terminais portuários, na expectativa de mitigar esses entraves e otimizar o processo de exportações, haja vista a continuidade dos gargalos logísticos, com elevados índices de atrasos dos navios, rolagens regulares de cargas, curto período de aberturas de gates e falta de janelas.
— Os exportadores estão bancando, literalmente, esse desempenho, porque a situação nos portos brasileiros não melhorou e eles seguem com grandes desafios. Além da menor entrada de divisas nas transações comerciais do país, as empresas exportadoras estão sendo impactadas com elevados custos extras de armazenagens adicionais, pré-stackings, detentions e gates antecipados, mas, ainda assim, seguem honrando o compromisso com seus clientes internacionais— comenta Ferreira.
Enquanto representante do setor, ele informa que o Cecafé vem mantendo diálogo com os terminais portuários e os entes do comércio exterior para que haja um esforço para o atendimento às cargas, “mesmo diante de todos os desafios de pátio”.
O presidente completa que as empresas vêm buscando alternativas para manter o fluxo dos cafés brasileiros ao exterior, citando, como exemplo, dois embarques via break bulk realizados em setembro.
—Nessa modalidade, utilizam-se big bags para armazenamento do café dentro dos navios, prática que era comumente vista na década de 60 e que, mais recentemente, foi observada em 2022, em função da pandemia, como alternativa para a baixa disponibilidade ou mesmo a falta de contêineres no mercado mundial— conclui.
Principais destinos — Os Estados Unidos são o principal destino dos cafés do Brasil no acumulado de 2024. O país importou 5,770 milhões de sacas de janeiro a setembro, o que equivale a 15,8% de todas as exportações e implica crescimento de 31,9% na comparação com os nove primeiros meses do ano passado.
A Alemanha, com 14,7% de representatividade, adquiriu 5,359 milhões de sacas (+70,8%) e ocupa o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Bélgica, com a importação de 3,328 milhões de sacas (+131,5%); Itália, com 3,021 milhões de sacas (+47,3%); e Japão, com 1,633 milhão de sacas (-3,1%).
Analisando os embarques feitos para outros países produtores, destacam-se os números registrados para o México, que ampliou em 169,3% suas aquisições do produto brasileiro no acumulado de 2024 ao adquirir 839.601 sacas, sendo 712.103 delas referentes a cafés verdes (arábica e canéfora). Essa performance coloca os mexicanos no topo do ranking das nações produtoras que mais importaram do Brasil.
O Vietnã, segundo maior produtor do mundo, continua ampliando suas compras dos cafés nacionais para honrar seus compromissos e vem na sequência dos mexicanos. Entre janeiro e setembro, os vietnamitas — que lideram a produção global de robusta — importaram 637.546 sacas, o que representa substancial crescimento de 374,8% ante mesmo intervalo em 2023. Desse total, 484.777 sacas se referem a robusta, reforçando que o café brasileiro vem sendo utilizado pelo país asiático para completar a demanda que recebe.
Ainda entre os países produtores que mais compraram café do Brasil, salienta-se o crescimento percentual de 475,7% aferido para a Índia, que elevou suas aquisições de 33.856 sacas, no ano passado, para 194.896 sacas de janeiro a setembro. É válido pontuar que, em 2024, os indianos importaram apenas o produto in natura (arábica, conilon e robusta), o que, se comparado somente com os cafés verdes que adquiriram nos nove primeiros meses de 2023 (15.200 sacas), gera um crescimento ainda mais expressivo, de 1.182,2%.
Tipos de café —O café arábica, com a remessa de 26,397 milhões de sacas ao exterior entre janeiro e setembro, segue como a espécie mais exportada pelo Brasil. Esse volume é o maior da história para esse período de nove meses, corresponde a 72,5% do total e implica alta de 26,6% na comparação com o primeiro nonamestre do ano passado.
A espécie canéfora (conilon + robusta) vem na sequência e se coloca como o principal destaque dos embarques em 2024, com o envio recorde de 7,037 milhões de sacas ao exterior. Esse montante implica substancial crescimento de 170,4% ante 2023 e eleva a representatividade para 19,3% do total.
O segmento do café solúvel, com 2,961 milhões de sacas – avanço de 6,8% e 8,1% do geral –, e o produto torrado e torrado e moído, com 33.349 sacas (-14% e 0,1% de representatividade), completam a lista.
Cafés diferenciados — Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis respondem por 18,2% das exportações totais brasileiras do produto entre janeiro e setembro de 2024, com a remessa de 6,643 milhões de sacas ao exterior. Esse volume é 51,6% superior ao registrado nos nove primeiros meses do ano passado.
O preço médio do produto foi de US$ 254,67 por saca, gerando uma receita cambial de US$ 1,692 bilhão, o que corresponde a 20% do obtido com os embarques totais de café no nonamestre. No comparativo anual, o valor é 62,9% maior do que o registrado nos mesmos nove meses de 2023.
No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados, entre janeiro e setembro deste ano, os EUA seguem na liderança, com a compra de 1,548 milhão de sacas, o equivalente a 23,3% do total desse tipo de produto exportado.
Fechando o top 5, aparecem Alemanha, com 1,171 milhão de sacas e representatividade de 17,6%; Bélgica, com 760.182 sacas (11,4%); Holanda (Países Baixos), com 457.436 sacas (6,9%); e Itália, com 282.850 sacas (4,3%).
Portos — O Porto de Santos é o principal exportador dos cafés do Brasil entre janeiro e setembro de 2024, com 24,682 milhões de sacas, ou 67,8% do total. Na sequência, aparecem o complexo portuário do Rio de Janeiro, que responde por 28,6% dos embarques ao remeter 10,419 milhões de sacas ao exterior, e o Porto de Vitória (ES), que exportou 314.936 sacas, com representatividade de 0,9%.
Perfil do Cecafé — Fundado em 1999, o Cecafé representa e promove ativamente o desenvolvimento do setor exportador de café nos âmbitos nacional e internacional. A entidade oferece suporte às operações do segmento por meio do intercâmbio de inteligência de dados, ações estratégicas e jurídicas, além de projetos de cidadania e responsabilidade socioambiental. Atualmente, possui 124 associados, entre exportadores de café, produtores, associações e cooperativas no Brasil, correspondendo a 96% dos agentes desse mercado no país.