Os grandes eventos do ecossistema de inovação são sempre um imenso caldeirão de ideias, pessoas interessantes, conteúdos muito ricos e das mais diversas temáticas, além inúmeras atividades acontecendo ao mesmo tempo. Houve vários nessa primeira parte do ano e acho interessante destacar a importância de identificar a complementariedade de conteúdos, formatos e, claro, conexões.
Quando cheguei em Austin para participar pela primeira vez do SXSW (South by Southwest), já imaginava que seriam dias intensos. Fui preparada para acompanhar alguns temas que atraem como representante de uma área de inovação, como futuros, mudanças climáticas, comunicação e, é claro, tecnologia.
Me surpreendeu perceber que toda essa abrangência temática teve um pano de fundo em comum: a conexão humana, a empatia, compaixão, a saúde mental. Segundo os frequentadores mais experientes com quem conversei, foi uma abordagem diferente. Mas por que o festival que dita o tom da inovação global está colocando questões humanas em destaque? No final, ficou bastante claro que esses são requisitos fundamentais necessários para o desenvolvimento de qualquer tecnologia e, principalmente para que ela se consolide e tenha um impacto positivo. Inclusive, os principais palestrantes mostraram-se vulneráveis e abriram seus corações, liderando pelo exemplo.
Ouvimos também as perspectivas de como a tecnologia pode impulsionar o progresso, como esperado, e sobre os dilemas éticos – algo natural nos momentos de transição. Porém menos se falou sobre a acessibilidade da tecnologia como requisito para o crescimento. Como representante de uma região com grande desigualdade, considero que temos a responsabilidade de expandir essa discussão além das fronteiras do SXSW.
Conectando com o South Summit Brazil, realizado uma semana depois, pudemos ter o olhar complementar entendendo a realidade da nossa região e como podemos elaborar e “tropicalizar” esses insights. Com o lema “decoding complexity”, trouxe uma camada adicional com foco em sustentabilidade, tema muito caro para nós. Foi ressaltado nosso potencial incrível para inovar de forma social e ambientalmente responsável, criando novos negócios e tecnologias que realmente tenham impacto positivo para o futuro do planeta, seguindo o “mantra” do Uri Levine, cofundador dos unicórnios Waze y Moovit: “apaixone-se pelo problema, não pela solução”.
E seguindo com o calendário de eventos internacionais com edição no Brasil, não podemos deixar de mencionar o WebSummit Rio que participamos por meio das diferentes áreas de inovação da BASF – o que permite ter uma abrangência maior e olhares complementares. Entre os conteúdos, a diversidade onde AI foi onipresente, mas com trilhas novas focadas em descarbonização e transição energética que trouxeram discussões super relevantes e necessárias, das quais destaco algumas sobre financiamento. Surpreenderam também as experiências nos estandes com entregas de conteúdo de valor, concorrendo em nível altíssimo com os palcos principais, além de outras que criam memórias inesquecíveis: fonte chave de repertório para inovar.
Movidos pelos encontros de inovação do mercado, trouxemos inspirações no #ononoday, nosso encontro anual em que reunimos algumas das principais referências da comunidade de inovação. Cocriamos um conteúdo que conectou os temas dos diferentes eventos nacionais e internacionais gerando conversas em um espaço de confiança sobre ambientes inovadores e segurança psicológica, inovação descentralizada e bioeconomia.
Teve um sabor especial também porque celebramos nossos 5 anos de atividade. O balanço é muito positivo: mais de 70 mil pessoas conectadas, 19 mil membros no onono+, plataforma de streaming que reúne os conteúdos produzidos e gravados no onono, além de 500 soluções mapeadas para desafios de negócios.
Essas conexões são responsáveis por ampliar nossa cultura de inovação e nos tornar uma rede potente de pessoas e organizações que inspiram e cocriam soluções para o desenvolvimento dos negócios e da sociedade. Foram meses intensos, com oportunidades incríveis e com o compromisso de seguir estas conversas nos encontros que continuam e, claro, no onono com um café.
. Por: Ornella Nitardi, head de Inovação Aberta e Ecossistemas Digitais para América do Sul da BASF e responsável pelo onono® Centro de Experiências Científicas e Digitais.