Em resposta ao processo acelerado e precoce de desindustrialização a partir da década de 1980, a iniciativa Nova Indústria Brasil (NIB) foi oficialmente lançada pelo Governo Federal em janeiro de 2024, e contempla a disponibilização de R$ 300 Bilhões para financiamento do desenvolvimento do setor industrial brasileiro até 2033.
Desse montante de investimentos, 6,7% (R$20 Bilhões) são destinados a recursos não reembolsáveis, à pesquisa, desenvolvimento científico e inovação tecnológica. Os demais recursos serão operados a partir do BNDES, a taxa TR.
A princípio, quaisquer empresas, inclusive as micro, pequenas e médias, podem acessar esses recursos, disponibilizados por editais pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos – consulte o site clicando aqui), desde que atendam aos requisitos, tais como ser empresa brasileira e estar envolvida em atividade econômica ligada à indústria, pesquisa, desenvolvimento ou inovação. Já os projetos devem envolver riscos tecnológicos, apresentar oportunidades de mercado (escalabilidade com potencial de inovação e impacto econômico) e benefícios à sociedade.
Tendo como principal objetivo impulsionar a competitividade da indústria, o NIB apresenta seis frentes estratégicas (missões), descritas brevemente a seguir:
Missão.: Principais desafios: 1. Agroindústria: . Aumentar a produtividade no campo e o valor agregado na produção agrícola
. Desenvolver máquinas e equipamentos
. Equilibrar produtividade com sustentabilidade.
2. Complexo industrial de saúde: Desenvolver produtos e serviços de saúde inovadores;
Aumentar a produção nacional de equipamentos.
3. Infraestrutura, moradia e mobilidade sustentáveis: Formar e qualificar mão de obra
. Reduzir dependências de importações de componentes e partes;
. Promover o desenvolvimento regional;
. Superar gargalos na malha logística;
4. Transformação digital: .Modernizar infraestrutura, desenvolver hardware e exportar TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação)
. Capacitar mão de obra e promover a adoção de tecnologias
5. Bioeconomia e transição energética: . Valorizar a biodiversidade e a transição energética
. Inovar com foco na descarbonização
. Equilibrar crescimento econômico com preservação ambiental
6. Tecnologia de defesa: . Fortalecer a indústria de defesa nacional
. Investir em pesquisa, infraestrutura, segurança cibernética e infraestrutura
Um dos méritos da neoindustrialização é certamente integrar a necessária agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança Corporativa). Em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a NIB tem como princípios a inclusão socioeconômica, equidade, promoção do trabalho decente e melhoria da renda, desenvolvimento produtivo, tecnológico e inovação; incremento da competitividade; redução das desigualdades; sustentabilidade e inserção internacional qualificada.
Dentre os desafios, talvez o que mais chame a atenção é o foco no desenvolvimento de conhecimento e tecnologias internas, foco esse que não pode negligenciar o fortalecimento das parcerias envolvendo a tripla hélice da inovação, governo, academia e empresa, além do desenvolvimento de políticas para formação e retenção dos talentos no país.
A Nova Indústria Brasil, embora ainda esteja em construção, constitui um marco significativo para fortalecer a indústria brasileira, impulsionado sua retomada mais competitiva e alinhada com os desafios globais e, em particular, com a agenda ESG, contribuindo para o crescimento econômico e a inovação no país. Cabe às organizações fazerem bom uso dessa disponibilização de recursos, utilizando-os em projetos e iniciativas para reduzir nossa dependência de tecnologias externas, reter nossos talentos e desenvolver um novo momento industrial no Brasil.
. Por: Alaercio Nicoletti, professor da Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Head Corporativo de Sustentabilidade e Melhoria Contínua do Grupo Petrópolis. (O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie). | A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi eleita como a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2023, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2023 (RUF). Segundo o ranking QS Latin America & The Caribbean Ranking, o Guia da Faculdade Quero Educação e Estadão, é também reconhecida entre as melhores instituições de ensino da América do Sul. Com mais de 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pela UPM contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.