pedro-alef

18/01/2024

Soja, milho e trigo: o que o relatório do USDA de janeiro traz ao mercado de grãos neste início de ano

Soja: contrário às nossas expectativas, o USDA cortou a produção do Brasil — Na soja, todos os olhares estavam voltados para a produção brasileira, mas os números dos EUA e da Argentina surpreenderam. O corte na produção do Brasil, embora grande, ficou alinhado com as estimativas (-4M toneladas). Adicionalmente, é interessante ressaltar que o número (157M toneladas) ainda está acima da média das estimativas privadas (150-155). Os números da produção final dos EUA ficaram mais próximos do limite superior das estimativas, devido a produtividade superior ao esperado. Da mesma forma, a produção da Argentina aumentou em +2M toneladas M/M, chegando a 50M toneladas e adicionando ao tom baixista do relatório.

Milho: maiores produções nos EUA e na China — No milho, o USDA também aumentou a produção dos EUA, enquanto os agentes esperavam poucas mudanças, o que deu um tom de baixa ao relatório. A safra do Brasil foi cortada em 2M toneladas. Embora altista no papel, a mudança já era esperada pelo mercado. Contudo, a maior surpresa veio no balanço da China. O USDA aumentou a produção do país em 11M toneladas, seguindo os números oficiais do país.

Contudo, o USDA não reduziu sua estimativa de importação, como seria de se esperar neste cenário. Por sua vez, os estoques mundiais aumentaram muito mais do que o esperado. Ainda assim, destacamos que com mais produção, a China poderá ter menos apetite por milho importado, possivelmente afetando os balanços nas Américas no futuro.

Trigo: Demanda chinesa incorporada ao balanço dos EUA — A Rússia e a Ucrânia contribuíram para um aumento de quase 2M mt na produção mundial e estoques finais globais mais altos do que o esperado em 2023/2024. Os estoques iniciais da Ucrânia também contribuíram para esse tom baixista, com um aumento de 2,2M mt devido a revisões para baixo nas estimativas de ração e uso residual desde 2021/2022. Também é importante observar que as exportações de ambos os países foram aumentadas.

Do ponto de vista logístico, faz sentido no caso da Ucrânia — já que o país está conseguindo exportar mais por meio dos portos de Odesa. Mas os 51M mt estimados para a Rússia parecem otimistas demais, pois o país provavelmente enfrentaria problemas logísticos para exportar tais quantidades, e seu ritmo de exportação está diminuindo nos últimos dois meses.

Por último, mas não menos importante, é importante mencionar que o relatório de semeadura do trigo de inverno trouxe um sinal muito altista para a próxima safra, com uma queda de 7% na área plantada dos EUA.

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