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12/12/2023

Exportação de café do Brasil registra 4,3 milhões de sacas de café em novembro

Alta de 15,4% ante novembro de 2022, diz Cecafé. Desempenho eleva em 16,2% os embarques da safra 2023/2024, mas volume ainda é 3,2% inferior no acumulado do ano civil. Mas, a receita cambial, teve queda de 10,2% no mesmo intervalo comparativo, somando US$ 810,4 milhões.

Segundo o boletim mensal estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado no dia 11 de dezembro (segunda-feira), o país embarcou 4,329 milhões de sacas de 60 kg do produto em novembro passado, apresentando um crescimento de 15,4% sobre os 3,750 milhões registrados no mesmo mês de 2022. A receita cambial, contudo, recuou 10,2% no mesmo intervalo comparativo, descendo para US$ 810,4 milhões.

—Em novembro, seguimos observando o significativo desempenho das remessas dos cafés canéforas (robusta e conilon) ao exterior, que, com 856 mil sacas, subiram 678% em relação a idêntico período do ano passado —comenta Márcio Ferreira, presidente da entidade.

Com a performance do mês passado, as exportações de café do Brasil, nos cinco primeiros meses da safra 2023/24, totalizam 18,774 milhões de sacas, gerando o ingresso de US$ 3,673 bilhões ao país. Frente ao apurado entre julho e novembro da temporada 2022/2023, o desempenho implica alta de 16,2% em volume, porém recuo de 5,1% em faturamento.

Ano civil — No acumulado dos 11 primeiros meses de 2023, o Brasil exportou 35,004 milhões de sacas de café, volume que fica 3,2% aquém dos 36,170 milhões registrados no acumulado entre janeiro e o fim de novembro do ano passado. Em receita cambial, o país tem queda de 15,3% no intervalo de referência, com os ingressos saindo de US$ 8,527 bilhões para os atuais US$ 7,222 bilhões.

O presidente do Cecafé comenta que o desempenho dos embarques nos cenários mensal, anual e da safra, ainda que inferiores em alguns comparativos, é positivo no contexto geral, evidenciando a resiliência do setor. —Os exportadores brasileiros vêm, ao longo dos últimos anos, desdobrando-se para honrar seus compromissos, rearranjando seus fluxos de caixa e os gargalos logísticos que perduram desde antes da pandemia, como, mais recentemente, os atrasos para embarcar o produto —diz.

Em novembro, de acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela ElloX Digital em parceria com o Cecafé, foram registradas alterações em 81% das escalas de navios no Porto de Santos (SP), atingindo o maior índice de atrasos em 2023 ao superar os 76% apurados em outubro. O boletim também aponta que, no mês passado, apenas 17% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios. Outros 52% possuíram entre três e quatro dias e 30% tiveram menos de dois dias.

No que se refere à aquecida demanda pelos cafés canéforas nacionais, Ferreira explica que o incremento significativo se dá pelo contínuo avanço na produção de conilon e robusta no Brasil, resultado, principalmente, de ganhos relevantes de produtividade, novos plantios e melhoria contínua da qualidade.

—Os preços remuneradores no mercado interno e, mais recentemente, também no mercado externo têm viabilizado esse esforço por parte dos produtores e podemos dizer que toda a cadeia está atenta ao aumento da demanda, seja por dificuldades climáticas em outros países produtores, como Indonésia e Vietnã, ou pelo incremento de robusta e conilon nos blends no cenário do consumo mundial — revela.

Nesse sentido, conforme ele, os efeitos do El Niño impactaram, nos últimos 45 dias, as regiões produtoras de robusta no Brasil, principalmente norte do Espírito Santo e sul da Bahia. —Neste fim de semana, houve alívio com o retorno de alguma chuva, que precisamos que continue para que possamos manter, ou até mesmo aumentar, esses volumes. Em se estabilizando a questão climática, as perspectivas são positivas, pois o Brasil segue competitivo em relação aos seus principais concorrentes— completa.

Principais destinos — Nos 11 primeiros meses de 2023, os Estados Unidos permanecem como o principal destino dos cafés do Brasil, apesar da queda de 25,7% na comparação com as aquisições realizadas de janeiro a novembro de 2022. Os norte-americanos importaram, até o mês passado, 5,471 milhões de sacas, montante que representa 15,6% dos embarques totais.

A Alemanha, com representatividade de 12,6%, adquiriu 4,420 milhões de sacas (-30,3%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itália, com a compra de 2,827 milhões de sacas (-9,2%); Japão, com 2,072 milhões de sacas (+21,9%); e Bélgica, com 1,956 milhão de sacas (-29,1%).

Já não mais surpreendente, a China segue com o melhor crescimento percentual entre os 10 principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil até novembro de 2023. O gigante asiático importou 1,152 milhão de sacas no acumulado deste ano, elevando em 221% suas importações frente ao mesmo período de 2022, e saltou para o oitavo lugar no ranking.

Também foram registrados incrementos nas exportações para Reino Unido (71%), Turquia (36,2%) e Holanda (33,1%) nesse período, respectivamente sexto, sétimo e 10º principais parceiros comerciais do produto brasileiro até o momento.

Quando a análise se volta às importações dos cafés nacionais realizadas por outras nações cafeeiras, observam-se substanciais avanços nos embarques realizados para Vietnã (+503,4%), o segundo maior produtor do mundo, atrás do Brasil; México (+463%); e Indonésia (+135,6%). —Nos casos de Vietnã e Indonésia, a justificativa se dá em função de quebras de safra e a necessidade do conilon e do robusta brasileiros para suprir. Já o México adquire nossos cafés verdes para processamento industrial e consequentes consumo interno e reexportação— conclui Ferreira.

Tipos de café —De janeiro ao fim de novembro de 2023, o café arábica permanece como o mais exportado pelo Brasil, com 27,508 milhões de sacas, o que corresponde a 78,6% do total. A variedade canéfora (conilon + robusta) teve o correspondente a 4,138 milhões de sacas embarcadas no período, com representatividade de 11,8%, acompanhada pelo segmento do solúvel, com 3,312 milhões de sacas (9,5%), e pelo produto torrado e torrado e moído, com 45.987 sacas (0,1%).

Cafés diferenciados — Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis respondem por 17,4% das exportações totais brasileiras do produto no acumulado deste ano, com o envio de 6,075 milhões de sacas ao exterior. Esse volume representa queda de 3,9% frente ao registrado entre janeiro e novembro de 2022.

O preço médio desse produto foi de US$ 229,18 por saca, gerando uma receita cambial de US$ 1,392 bilhão nos 11 primeiros meses de 2023, o que corresponde a 19,3% do obtido com os embarques totais de café. No comparativo anual, o valor é 22,2% inferior ao aferido em idêntico intervalo do ano passado.

No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados até novembro, os EUA ocupam o primeiro lugar, com a aquisição de 1,317 milhão de sacas, o equivalente a 21,7% do total desse tipo de produto exportado. Fechando o top 5, aparecem Alemanha, com 995.978 sacas e representatividade de 16,4%; Bélgica, com 585.039 sacas (9,6%); Holanda (Países Baixos), com 387.856 sacas (6,4%); e Reino Unido, com 286.614 sacas (4,7%).

Portos — O Porto de Santos (SP) permanece como o principal exportador dos cafés do Brasil em 2023, com o envio de 25,120 milhões de sacas ao exterior, o que representa 71,8% do total. Na sequência, aparecem o complexo marítimo do Rio de Janeiro, que responde por 24,2% dos embarques ao ter remetido 8,481 milhões de sacas, e o Porto de Paranaguá (PR), com a exportação de 464.072 sacas e representatividade de 1,3%.

Perfil do Cecafé — Fundado em 1999, o Cecafé representa e promove ativamente o desenvolvimento do setor exportador de café nos âmbitos nacional e internacional. A entidade oferece suporte às operações do segmento por meio do intercâmbio de inteligência de dados, ações estratégicas e jurídicas, além de projetos de cidadania e responsabilidade socioambiental. Atualmente, possui 120 associados, entre exportadores de café, produtores, associações e cooperativas no Brasil, correspondendo a 96% dos agentes desse mercado no país.