Pavilhão Brasil na COP28 tem dia dedicado à Indústria. Debates giram em torno da agenda de neoindustrializiação, prioridade do governo federal, e suas ações para a promoção do desenvolvimento sustentável .
O Pavilhão Brasil na 28a Conferência das Partes (COP28) do Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima sediou debates sobre o papel da indústria na transição energética no dia 08 de dezembro (quinta-feira).
Para limitar o aumento da temperatura global em 1,5ºC até o final do século, os países signatários do Acordo de Paris devem apresentar metas cada vez mais ambiciosas na redução das emissões de gás de efeito estufa. A meta brasileira é reduzir as emissões absolutas em 53% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Para alcançá-la, todos os setores da economia nacional precisam fazer esforços de adaptação. Buscando discutir as contribuições da indústria para o esforço nacional, a ApexBrasil promoveu o painel “Estratégia de baixo carbono do setor industrial”.
Participaram do evento o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), presidente da Confederação da Indústria (CNI), Ricardo Alban, o presidente da FIERO e do Instituto Amazônia + 21, de Marcelo Thomé, o diretor executivo da Anfavea, Igor Calvet, além de representantes da Latam e da JBS.
O presidente da ApexBrasil destacou a correlação entre neoindustrialização e promoção comercial. —Não tem como disputar protagonismo internacional sem a estrutura do Estado brasileiro junto. A volta da diplomacia presidencial, a recriação do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o projeto de neoindustrialização em execução pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, são exemplos disso— afirmou Jorge Viana. Ainda segundo ele, a ApexBrasil, nos últimos anos, a indústria perdeu espaço na pauta de exportações brasileiras, processo que precisa ser revertido.
Já Ricardo Alban dedicou sua fala à imagem internacional do Brasil e o aos esforços do setor industrial. —Estamos aqui na COP para promover o Brasil e mostrar que o país ainda é a grande redenção da economia verde. A indústria brasileira tem contribuído muito. Temos mais sustentabilidade do que se possa imaginar. A indústria de cimento, por exemplo, caminha para ser neutra em emissões de carbono, e a CNI vai estar perto da indústria e do governo para promover essa estratégia de descarbonização —destacou.
Neoindustrialização para a indústria de baixo carbono —A indústria brasileira tem um desafio duplo: recuperar seu dinamismo e avançar na redução de emissões e na adaptação. A resposta do governo federal a ambos os desafios é a neoindustrialização. O objetivo é priorizar o enfrentamento às mudanças climáticas por meio de uma a nova indústria, erguida sobre bases tecnológicas, inovadoras e sustentáveis. Em lugar de retomar o processo de industrialização nas bases tradicionais, busca-se uma nova indústria capaz de contribuir para a construção de uma economia verde, não poluente e promotora do desenvolvimento sustentável em suas três vertentes.
A diretora de Sustentabilidade da JBS, Liége Correia, durante o painel, enfatizou o papel da indústria nas cadeias produtivas. —A indústria de alimentos precisa levar tecnologia e conhecimento aos produtores rurais e não apenas impor condições, e, nesse sentido, a JBS tem estimulado os produtores a produzir de modo sustentável, com práticas, por exemplo, como a pecuária regenerativa. Essa adequação interna é fundamental para podermos levar o Brasil para nossos clientes fora— afirmou.
O país viu a participação da indústria cair de cerca de 20%, no século XX, para singelos 11,3% do PIB em 2021. Com o processo de adensamento, a expectativa é de retomada do crescimento industrial gere ganhos transversais e transborde para outros setores. O adensamento, associado ao aumento do valor agregado e da complexidade dos seus produtos, pode gerar mais empregos e melhores salários, ampliando o recolhimento de tributos e a distribuição de riqueza.
Comércio exterior e sustentabilidade —A Estratégia Nacional de Comércio Exterior traz como eixo temático o Comércio e a Sustentabilidade, do que são exemplos iniciativas como Programa Brasil + Sustentável, o Programa Selo Verde e Selo Amazônia, o Programa da Camex de Sustentabilidade.
Os temas ESG são prioridade da ApexBrasil e estão inseridos na Estratégia Nacional de Comércio Exterior (eixo temático o Comércio e a Sustentabilidade). Integram a estratégia, por exemplo, o Programa Exporta Mais Amazônia, com estímulo à biosocioeconomia, os editais para empresas da amazônicas participarem das feiras de produtos naturais dos Estados Unidos (Plant Based e Expo East) e o Programa de Imagem e Acesso a Mercados do Agronegócio Brasileiro (PAM Agro), focado em ações de promoção de imagem do Agronegócio Brasileiro na Europa, mostram o comprometimento da Agência com a economia verde.
Em breve, a ApexBrasil lançará e o Programa Apex Carbon Trade, que consolidará ofertas de produtos que viabilizem a entrada das empresas do agronegócio brasileiro no mercado de carbono, bem como o desenvolvimento de produtos sem emissão de carbono em sua produção.
No mesmo eixo estratégico estão os programas Selo Verde e Selo Amazônia, liderados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).