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24/11/2023

IPGF sobe 0,38% em outubro e acumula 3,78% em 12 meses, diz FGV IBRE

O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) variou 0,38% em outubro. Com esse resultado, o índice acumula elevação de 2,85% no ano e de 3,78% em 12 meses. No mesmo período, o índice oficial de inflação acumula 3,75% no ano e 4,82% em 12 meses. O resultado do IPGF de setembro, que fora divulgado como queda de 0,08%, foi revisado conforme previsto metodologicamente: a mudança foi marginal, com seu resultado tendo sido uma queda de 0,09%; enquanto o resultado do IPCA à época foi de 0,26%.

Além da revisão ordinária, os pesos sofreram uma revisão mais extensa neste mês por motivo da divulgação da Tabela de Recursos e Usos referente a 2021 por parte do IBGE.

Em setembro, o IPGF acumulava 3,81% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, o índice acumulado desacelerava de 6,41% em setembro de 2022 para 5,33% em outubro do mesmo ano, abaixo da inflação medida pelo IPCA.

O economista responsável pela pesquisa, Matheus Peçanha, comenta que essa tendência do índice se deve ao fato de que a construção dos pesos, entre outros fatores, possibilita a percepção do chamado “efeito substituição”: —Quando, por exemplo, o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, os itens substituídos perdem peso na cesta de consumo das famílias e seus aumentos de preço passam a comprometer menos o custo de vida e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação —explica Peçanha.

Evolução da inflação por grupos — A maior contribuição no terreno positivo para o índice se deve ao grupo Habitação, que apresentava inflação de 4,47% em 12 meses até setembro e agora acelerou para 5,48% em outubro, graças, sobretudo, ao impacto dos aluguéis, cujo relativo de preço no IPGF provém da coleta do Índice de Variação dos Aluguéis Residenciais (IVAR), e sua taxa interanual variou de 3,60% para 5,04%.

Outros dois grupos apresentaram aceleração: Artigos de residência (de -3,65% para -2,95%) e Comunicação (de 1,51% para 2,92%). O grupo Educação manteve-se estável, acumulando alta interanual de 8,35%.

Os seis grupos restantes do IPGF apresentaram desaceleração em sua taxa interanual de setembro para outubro: Alimentação (de -3,84% para -4,38%), Vestuário (de 4,03% para 3,36%), Transportes (de 7,76% para 7,28%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 10,08% para 9,32%), Despesas Pessoais (de 9,36% para 8,99%) e Serviços Prestados às Famílias e Atividades Pessoais (de 5,54% para 5,45%).

O caso do grupo Alimentação é emblemático: no IPCA, o resultado de outubro mostrou que, na média, o grupo interrompeu uma sequência de 4 quedas, no entanto, o IPGF registra em outubro a sexta queda consecutiva no grupo Alimentos. Esse grupo é um dos mais sensíveis ao efeito-substituição, que o IPGF tende a estimar com mais precisão, enquanto é ignorado por índices tradicionais.

O índice de difusão do IPGF voltou a subir após uma queda em setembro, passando de 39,1% em setembro para 58,7% em outubro, ou seja, aproximadamente 6 em cada 10 itens apresentaram aumento de preço em setembro. É a primeira vez desde maio que mais da metade dos itens apresentam aumento de preço. A análise de sua média móvel de 12 meses, porém, indica que o processo de redução do índice de difusão, apontado desde junho de 2022, ainda não foi revertido.