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15/11/2023

A indústria do aço será protagonista e estratégica

Para qualquer país que busque o desenvolvimento sustentável, diz Alacero.

Alejandro Wagner, diretor-executivo da Alacero, durante o congresso anual Alacero Summit 2023, que reuniu os principais executivos do setor em São Paulo, Brasil.

A Associação Latino-Americana de Aço (Alacero), realizou o Alacero Summit 2023, dias 08 e 09 de novembro (quarta e quinta-feira), em São Paulo, Brasil. O evento reuniu mais de 700 executivos para debater os desafios e oportunidades do segmento, além de abordar o panorama geral da indústria e a influência externa no mercado regional. Os temas centrais da agenda foram mercados e geopolítica, inovação e indústria 4.0, sustentabilidade e transição energética.

A abertura esteve a cargo de Gustavo Werneck, CEO da Gerdau e presidente da Alacero para o período 2022-2023, que trouxe uma mensagem forte sobre a importância da diversidade e da segurança do trabalho no setor e um alerta sobre como a China e suas políticas de mercado estão sendo predatório para a América Latina. —Precisamos unir esforços como nunca antes para recuperar a indústria do aço latino-americana e mostrar à sociedade sua importância e contribuição positiva para a região— incentivou.

Mercados e Geopolítica — Na primeira conferência do dia, o especialista em tendências globais Vikram Mansharamani fez uma apresentação provocativa sobre como navegar nas correntes cruzadas da incerteza econômica, financeira e geopolítica global e como estão afetando a região e as cadeias de abastecimento globais, levantando o alerta sobre o país asiático: —EUA e China estão atualmente em guerra, ainda que não envolva balas, por enquanto. Tem sido uma guerra econômica, comercial, tecnológica, espacial, monetária e de valores —explicou.

Na sequência, Brian Winter, analista político latino-americano e editor-chefe do Americas Quarterly, concentrou-se no potencial da América Latina: —Além de estar longe de guerras e conflitos industriais, é uma potência energética. Por exemplo, nos últimos dez anos, especialmente no Brasil e no México, tem havido um otimismo cauteloso vindo principalmente das energias renováveis, da economia digital e do nearshoring— explicou.

Por sua vez, Máximo Vedoya, CEO da Ternium, destacou que os países latino-americanos devem dar prioridade à reindustrialização das suas economias, uma vez que a indústria gera empregos de qualidade e maior crescimento econômico para as pessoas. Em 2022, a indústria do aço latino-americana gerou 1,4 milhão de empregos: 230 mil diretos e 1,15 milhão indiretos. Ou seja, para cada emprego na indústria, são criados outros cinco na cadeia de valor. —É impossível uma economia se desenvolver sem passar por um intenso processo de industrialização— declarou.

Inovação e Indústria 4.0 —Abrindo o bloco seguinte, Santiago Bilinkis, empresário e tecnólogo, incentivou o público a começar a interagir com a inteligência artificial porque estamos vivendo a maior transformação tecnológica do mundo, em uma velocidade inédita. —A tecnologia é a força de mudança mais profunda para os nossos mercados e para as nossas organizações. Muitos acreditam que mudar é arriscado, mas não mudar também é. Cometer erros é importante. O novo conceito de sucesso é pensá-lo como um processo de transformação e não como uma forma estática —argumentou.

Seguiram-se dois painéis nos quais as empresas compartilharam as soluções tecnológicas e de digitalização que estão contribuindo para a transformação, automação, descarbonização, eficiência e segurança da indústria. O primeiro formado por grandes empresas de tecnologia representadas por: Kurt Herzog, Head de Indústria 4.0 da Primetals; Rolando Paolone, CEO e CTO da Danieli e Alexandre Rizek Schultz, diretor-geral da Russula South America. No segundo, André Quindere, CEO da Agilean; Martin Schichtel, CEO da Kraftblock; e Mateus Jarros, CEO da Ubiratã, compartilharam os cases de suas startups.

Sustentabilidade e descarbonização— As empresas geram riqueza, valor e emprego, com um impacto muito positivo na sociedade e foi nisso que se focou o primeiro bloco do segundo dia. —Cada vez mais o setor do aço tem a responsabilidade de mudar a realidade social das comunidades— introduziu Gustavo Werneck.

Em seguida, um painel reuniu Pamella Braga De-Cnopp, diretora- executiva da Fundação Vale, Luis Barrio, vice-presidente de Gestão Global de Produtos da Whirlpool, Erika Bienek, diretora de Relações Comunitárias do Grupo Techint, Paulo Boneff, Líder Global de Desenvolvimento Organizacional e Responsabilidade Social da Gerdau e Tatiana Nolasco, presidente da Fundação e diretora de Futuro da ArcelorMittal, que se aprofundaram em diversas iniciativas da indústria do aço e de sua cadeia de valor, visando promover melhor qualidade de vida às comunidades em áreas como educação, saúde, habitação, empreendedorismo e cultura.

O segundo bloco do dia focou na transição energética, partindo de um panorama global da energia por Marcelo Martínez Mosquera, presidente do Departamento de Energia da União Industrial Argentina, que destacou que “no mundo, a energia eólica tem crescido 15% ao ano há 15 anos, e a solar, 20% há mais de 10 anos, mas hoje o debate é sobre quem pagará os custos da transição energética.”

Em seguida, Jefferson de Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil, CEO da Aços Longos e Mineração Latam, destacou que o aço, além de ser 100% e infinitamente reciclável, está presente em quase toda a infraestrutura necessária para se construir uma sociedade mais sustentável, como veículos elétricos, painéis solares, turbinas eólicas e hidrelétricas. Além disso, apresentou as oportunidades e desafios da indústria do aço da região na descarbonização. —As empresas estão tomando medidas para reduzir sua pegada de carbono. As emissões do nosso setor são 19% inferiores à média mundial e apresentaram uma redução de 7% face a 2020 —enfatizou.

O último painel do dia trouxe Wieland Gurlit, Sócio Sênior da McKinsey, Lucas Araripe, diretor- executivo da Casa dos Ventos e Gabriel Mann dos Santos, diretor de Comercialização de Energia da Engie Brasil Energia para oferecer um panorama das oportunidades na América Latina em energias renováveis e recursos naturais, com base em casos de empresas que hoje investem e desenvolvem um setor-chave para a transição.

Conclusão e novidades para 2024 — O desafio é grande, mas a oportunidade também— refletiu Alejandro Wagner, diretor -executivo da Alacero. —Somos uma região ainda jovem, com recursos naturais abundantes, uma matriz energética limpa e uma indústria sólida. Em uma sociedade onde a democracia e a paz prevalecem. Uma indústria em geral, e a do aço em particular, será protagonista e estratégica para qualquer país que busque o desenvolvimento sustentável — defendeu.

O encerramento do evento contou com o anúncio do próximo presidente da Associação. Durante o período 2024-2025, Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da ArcelorMittal, CEO Aços Planos Latam, assumirá o cargo. Quanto ao Alacero Summit, a edição de 2024 acontecerá em Buenos Aires, Argentina.

O Alacero Summit 2023 ofereceu uma exposição comercial com a presença das principais empresas do setor. Os patrocinadores Platinum foram: ArcelorMittal, Deacero, Gerdau e Ternium; Ouro: Danieli, Primetals, Russula e Vale; Prata: Casa dos Ventos, Engie, JGB e Tyasa e Bronze: Acerbrag, Acesco, Kraftblock, Porto do Açu, Sherwin-Williams, Usiminas e Vesúvio.

Além disso, pela primeira vez, foram montados três espaços imersivos: a ArcelorMittal convidou a conhecer de perto a solução inovadora desenvolvida especialmente para a safety cage da nova geração de Stock Car, feita com aço inteligente da ArcelorMittal. A Gerdau aproximou a emoção do Grande Prêmio de São Paulo com um simulador de carros de Fórmula 1 e a Ternium, onde a segurança é prioridade, apresentou seus treinamentos com realidade virtual que simulam atividades a serem realizadas em suas plantas. Além disso, houve excelentes oportunidades de networking no principal evento da indústria do aço da América Latina.

Prêmios do concurso Desafío Alacero — No decurso do congresso, também foram premiados os vencedores do Desafio Alacero, concurso para estudantes de arquitetura organizado desde 2008 pela Alacero, que visa incentivar a utilização do aço na construção na América Latina, fomentando projetos relacionados com os temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Desde a sua criação já participaram mais de 15 mil estudantes. Em 2023, o tema foi o ODS 4, Educação de Qualidade, e participaram 91 faculdades, 232 equipes e 747 alunos, que foram avaliados por etapas em instâncias nacionais, até a final do concurso, ao qual chegaramsete equipes finalistas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e República Dominicana. O primeiro prêmio foi para a equipe do Chile, o segundo para o Brasil, o terceiro para a Argentina e menção honrosa para os estudantes colombianos.