O ‘lead time’, período entre o início de um fluxo de processos e a sua conclusão, é decisivo. Se for ineficaz, ele pode reter até 30% do faturamento. Indústrias de manufatura de produtos para consumo, com faturamentos que variam de R$ 300 milhões anuais a mais de R$ 1 bilhão, chegam a reter até R$ 300 milhões em fluxo de caixa!
Esse capital poderia ser liberado e utilizado para melhorar a saúde financeira das empresas e investimento em oportunidades de melhoria e crescimento. Por isso, a eficiência na gestão do ‘lead time’ deve ser buscada pelo industrial como um “diferencial estratégico”.
No contexto empresarial da indústria de manufatura, o conceito de ‘lead time’ é frequentemente aplicado à cadeia de suprimentos. Assim, há diversas naturezas de ‘lead time’ envolvidas, tais como: ‘lead time’ de reposição de insumos, ‘lead time’ industrial e ‘lead time’ de entrega’.
O ‘lead time’ industrial trata-se do tempo percorrido desde a separação da matéria-prima até a liberação do produto acabado para o estoque. Se a gestão aqui não for eficaz, o resultado é acúmulo excessivo de estoques de produtos em processo e de produtos acabados, por exemplo.
Em contrapartida, empresas que adotaram uma abordagem de gestão de materiais e fluxos de produção com base no conceito de ‘lean manufacturing’ (manufatura enxuta) identificaram o potencial de redução de até 50% do ‘lead time’. Isso possibilita, assim, uma diminuição significativa nos estoques em processo e de produto acabado.
Aprimorando suas metodologias de gestão industrial, muitas empresas já identificaram oportunidades ainda maiores de redução do ‘lead time industrial’, de três a quatro vezes. Essa redução tem um impacto direto na necessidade de capital de giro (NCG), sendo a quantia de recursos financeiros que a empresa precisa para manter suas operações.
Um dos casos de grande sucesso que podemos citar, é o da Apsen Farmacêutica. A gestão do chão de fábrica, antes feita no papel e na caneta, com dados digitados em uma planilha Excel, agora é realizada por um software e aplicativo, que lança mão de recursos como internet das coisas e inteligência artificial. Todo o ciclo produtivo passou a ser monitorado em tempo real, incluindo uma visualização 360.º da fábrica. O ‘lead time’ industrial da farmacêutica foi reduzido em 46%.
O que aconteceu com a Apsen e com outras tantas empresas que souberem enxergar seus ralos, não deixa dúvidas: O ‘lead time tem um impacto direto nos custos operacionais de uma empresa.
O ‘lead time’ pode afetar a reputação e a competitividade de uma empresa.
Uma empresa que consegue reduzir o seu ‘lead time’ pode ganhar uma vantagem competitiva.
Uma gestão eficiente do ‘lead time’ pode devolver ao caixa da empresa milhões de reais.
. Por: Reginaldo Ribeiro, fundador e CEO da Cogtive, e Ricardo Borgatti, sócio da Borgatti Consulting e cofundador da Cogtive.