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24/10/2023

Alagamentos no sul e seca no Amazonas podem impactar abastecimento e logística

Segundo CEO da Logcomex, fenômenos naturais podem provocar danos, bloqueios e atrasos.

Diversas regiões do Brasil vêm sofrendo com questões climáticas, o que tende afetar a cadeia logística. A região sul, por exemplo, tem registrado alto volume de chuvas. Segundo dados oficiais, apenas em Santa Catarina, na primeira quinzena de outubro, o total de chuvas superou os 300 mm; e em Florianópolis o registro foi de 329,6mm, superando muito a média histórica do mês de outubro, que é de 153mm. Já o Amazonas sofre com a estiagem sazonal, que vem afetando a navegação. De acordo com a Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (ABAC), houve queda diária de 35 centímetros no volume de água, enquanto a média para o período é de 25.

De acordo com Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, empresa que oferece tecnologia para o comércio exterior por meio de uma plataforma completa end-to-end, ajudando gestores a planejar, monitorar e automatizar o seu supply chain, é preciso ressaltar que os fenômenos naturais podem causar uma série de prejuízos nos abastecimentos. —Na região sul, por exemplo, o fechamento de acesso aos portos de Itajaí e Navegantes (SC) já causou perdas de mais de R$ 500 milhões”, afirma.

O canal de acesso aos dois portos localizados em Santa Catarina está fechado desde o dia 04 de outubro por conta das chuvas que atingiram a região. Segundo o especialista, o fechamento já trouxe prejuízos não apenas às empresas de navegação, mas também às cidades. —E como a região sul ainda se encontra em meio a alertas sobre chuvas intensas é natural que possa haver danos nas rodovias, bloqueios e eventuais atrasos do ponto de vista logística —explica.

As movimentações relacionadas ao transporte de bens por meio das rodovias do sul do País, em valor FOB, em 2023: RS para Argentina – US$ 1.280.622.83; SC para Argentina – US$ 754.483.431; SC para Chile – US$ 342.300.103; RS para Uruguai – US$ 276.023.386; SC para Uruguai – US$ 226.111.612; SC para Paraguai – US$ 217.400.352; RS para Chile – US$ 56.356.674; RS para Paraguai – US$ 42.593.155; SC para Peru – US$ 13.990.604; SC para Bolívia – US$ 12.149.121; RS para Bolívia – US$ 390.712; SC para Colômbia – US$ 192.798; RS para Peru – US$ 216.651.

Já na Amazônia, o grande problema, segundo Hofstatter, é que o rio Amazonas é a principal hidrovia da região, além de rota de navios que permitem o escoamento da produção e mantêm o abastecimento da população e indústria local. “Os produtos que mais sofrem impacto são alimentos como arroz, congelados e resfriados, além de cimento, metais, cerâmica, porcelanato e fertilizantes. A seca também pode causar aumento direto do preço dos produtos devido à escassez e elevação do frete”, afirma.

A estiagem, segundo o CEO da Logcomex, também pode impactar a Zona Franca de Manaus, devido à impossibilidade de escoamento de produtos, o que poderia gerar até desabastecimento nos mercados do sul e sudeste do país.

A movimentação no Porto de Manaus, em valor FOB, totalizou US$ 933.268.635 em agosto deste ano, um aumento em relação aos meses anteriores, desde maio, quando não chegou a US$ 800.000.000. “O cenário pode continuar causando aumento do custo do transporte, já que empresas de navegação começaram, inclusive, a cobrar taxas extras por contêiner”, alerta Hofstatter.