luis-aris

18/10/2023

Cinco fatores explicam por que a Indústria Brasileira ainda hesita em aderir à pauta ESG

O Brasil tem vivido uma crescente conscientização sobre o impacto prejudicial das atividades industriais sobre o meio ambiente. Setores como indústria da moda, produção de alimentos e embalagem, por exemplo, são conhecidos por sua pesada pegada ambiental. Desastres como o da Ultracargo, em 2015, no entanto, levam essa lógica ao extremo. Esse incêndio de uma planta química em Santos durou 8 dias e causou a morte de 142 toneladas de peixes, incluindo animais de 15 espécies que já estavam em risco de extinção. Outro acidente de grandes dimensões aconteceu em 2011 com o vazamento de petróleo no Campo do Frade, no Rio de Janeiro. A gigante norte-americana Chevron foi responsabilizada pelo surgimento de rachaduras nas rochas do leito rochoso da Bacia de Campos, por onde vazaram 3.700 barris de petróleo. A Chevron foi obrigada a pagar indenizações no valor de US$ 17,5 bilhões – 95 bilhões dedicados somente a projetos sociais e ambientais.

Evitar situações como estas é uma das razões da busca do alinhamento das indústrias à agenda ESG (Environment, Social e Governance). De acordo com a pesquisa Sustentabilidade e Liderança Industrial 2022, realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em novembro do ano passado a partir de entrevistas com 1004 indústrias, na hora de comprar insumos 45% das empresas estão exigindo certificados ambientais de seus fornecedores. Um ano antes essa marca estava em 26%. No entanto, apenas uma em cada 10 organizações entrevistadas deixou de vender seus produtos por não seguir requisitos ambientes.

Estudo realizado pela publicação canadense Endeavor Business Media em janeiro de 2023 a partir de entrevistas com líderes de 150 indústrias corrobora esse quadro. Desse total, 76% disseram estar ou no estágio de planejamento ou realizando os primeiros passos na construção de uma estrutura de supply chain e produção alinhada com a norma ESG.

Há cinco fatores por trás deste contexto.

Preocupação com os custos —Frequentemente, as indústrias, especialmente de pequeno e médio portes, operam com orçamentos restritos e priorizam medidas que reduzem custos. O investimento inicial necessário para evoluir para práticas sustentáveis, como atualização de maquinário ou aquisição de materiais ecológicos, pode ser percebido como financeiramente pesado.

Ausência de apoio e incentivos governamentais —Governos de todo o mundo falham em proporcionar auxílio suficiente para os fabricantes adotarem práticas sustentáveis. Os fabricantes podem ter dificuldade em justificar o investimento em sustentabilidade sem incentivos financeiros substanciais ou estruturas regulatórias claras para orientá-los, e levar o C-Level a apoiar essa jornada.

Falta de consciência e conhecimento —Uma das principais razões para a ausência de práticas sustentáveis entre os fabricantes é a consciência e a educação limitadas quanto a questões ambientais. Muitos fabricantes não têm total clareza sobre as consequências negativas de suas atuais práticas ou dos potenciais benefícios da adoção de alternativas sustentáveis.

Cadeias de suprimentos complexas — Em segmentos como a indústria da moda e a produção de alimentos, as cadeias de suprimentos podem ser altamente complexas. A implementação de práticas sustentáveis nessas cadeias de suprimentos intricadas apresenta desafios, como rastrear as origens de matérias-primas ou assegurar práticas laborais éticas.

Isolamento e ausência de compartilhamento de conhecimentos — A colaboração e o compartilhamento limitados de conhecimentos no setor manufatureiro contribuem para o lento progresso em práticas sustentáveis. Frequentemente, os fabricantes operam isoladamente, sem engajamento ativo com seus pares ou associações industriais para intercâmbio de melhores práticas e lições aprendidas.

O outro lado deste quadro é que, nos casos em que os líderes das indústrias tomam a decisão estratégica de seguir avançando na jornada ESG, resultados palpáveis são contabilizados.

1. Melhor reputação e valor de marca: Os consumidores estão cada vez mais conscientes das questões ambientais e têm maior probabilidade de apoiar empresas que priorizem a sustentabilidade. As redes sociais podem transformar, em minutos, a vulnerabilidade ESG de uma empresa em notícias.

2. Redução de custos e eficiência: Tecnologias com eficiência energética, medidas para redução do lixo e utilização de recursos otimizada podem levar a menores custos operacionais e maior eficiência geral. Redução de contas de energia elétrica, menores custos de eliminação de lixo e melhor gerenciamento de recursos são possibilidades reais.

3. Conformidade com exigências regulatórias: À medida que as regulamentações ambientais continuam a evoluir e enrijecer, os fabricantes enfrentarão uma pressão cada vez maior para estar em conformidade com padrões de sustentabilidade. Com a adoção proativa de práticas sustentáveis, os fabricantes podem estar à frente das mudanças regulatórias e evitar penalidades ou complicações legais.

4. Acesso a novos mercados e oportunidades: A demanda global por produtos sustentáveis está crescendo. Os fabricantes que priorizarem a sustentabilidade poderão ter acesso a novos mercados e capitalizar em oportunidades emergentes.

Ganhos como estes dependem de que as indústrias brasileiras passem por uma profunda transformação cultural. É essencial, também, que o gestor conquiste visibilidade tanto sobre os ambientes OT – chão de fábrica – como sobre os sistemas de TI. A meta é ganhar uma postura preditiva sobre todo esse universo, de modo a antecipar e evitar falhas como vazamentos de materiais tóxicos ou superaquecimento de motores ou fornos industriais.

Algumas organizações já estão trilhando esse caminho.

WindCORES – Em cada turbina eólica fabricada pela empresa alemã WindCORES há um data center modular configurado e instalado sob medida para a geração de energia elétrica limpa. Há campos eólicos que contam com dezenas de turbinas/data centers WindCORES. Para garantir a máxima disponibilidade – um requisito de toda a indústria de data centers, “verdes” ou não –, os gestores dessa empresa utilizam uma plataforma de monitoramento que oferece uma visão preditiva de todos os elementos de cada turbina/data center. Dessa forma, a continuidade de operação do data center inserido na turbina eólica está garantida. Tudo é feito em alinhamento ao modelo ESG, de modo a promover a gradativa adoção, em toda Alemanha, de energia limpa.

Potable Water and Sewerage Board of Yucatán/SE3 – Os gestores da Potable Water and Sewerage Board de Yucatán (departamento de água potável e esgotos da província de Yucatan, no México) implementaram uma solução de monitoramento que gera uma visão preditiva e integrada sobre o heterogêneo ambiente da empresa. Graças a essa solução, foi possível identificar que uma das origens das falhas que aconteciam era o uso de equipamentos eletrônicos, elétricos e mecânicos vulneráveis à água. Isso causava inúmeros incidentes, demandando muita manutenção. Outra conquista foi o acesso a indicadores precisos sobre tudo o que se passa nas plantas de tratamento de água e de esgoto dessa empresa de saneamento.

A bandeira ESG é uma proposta a favor da vida humana e da saúde do planeta. Para ser plenamente realizada, exige um olhar de 360º sobre áreas complexas e de alto risco. Soluções de monitoramento multiprotocolo que permitem uma visão ao mesmo tempo holística e pontual da industria podem suavizar essa jornada.

. Por: Luis Arís, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler Latam. | Paessler AG —A Paessler acredita que o monitoramento desempenha um papel vital na redução do consumo de recursos da humanidade. O monitoramento de dados ajuda seus clientes a economizar recursos, desde a otimização de suas infraestruturas de TI, OT e IoT até a redução do consumo de energia ou das emissões. Isso é feito em prol de nosso futuro e nosso meio ambiente. É por isso que a Paessler oferece soluções de monitoramento para empresas em todos os setores e tamanhos, de pequenas e médias empresas a grandes multinacionais. A Paessler trabalha com parceiros renomados. Juntos, enfrentam os desafios de monitoramento de um mundo em constante mudança.

Desde 1997, quando a Paessler lançou o PRTG Network Monitor, a empresa combinou seu profundo conhecimento em monitoramento com um espírito inovador. Hoje, mais de 500.000 usuários em mais de 170 países confiam no PRTG e em outras soluções Paessler para monitorar suas complexas infraestruturas de TI, OT e IoT. Os produtos da Paessler permitem que seus clientes monitorem tudo e, assim, os ajudem a otimizar seus recursos.