De matriz biobotânica. Linha de produtos, com ingredientes ativos baseados em mais de 300 compostos extraídos da milenar árvore do Neem, chega ao mercado; empresa 100% brasileira cultiva floresta sustentável própria no estado do Pará.
Uma nova fronteira para os biodefensivos se abre a partir deste mês de outubro com o lançamento dos primeiros produtos de matriz biobotânica visando o controle de pragas e doenças agrícolas. A responsável pela inovação é a 100% brasileira Openeem Bioscience, criada em 2016, que começa a distribuir quatro soluções de um total de sete previstas até 2026. A relação inclui ainda adjuvantes, biofertilizantes e condicionadores de solo. Os produtos resultam de um processo de pesquisa e desenvolvimento iniciado em 2006.
Diferentemente do que ocorre nos segmentos de agroquímicos e de produtos biológicos, a Openeem Bioscience formula seus produtos com ingredientes ativos formados por mais de 100 triterpenoides (uma classe química), entre outros mais de 300 compostos, como aminoácidos e carbono orgânico, cuja fonte de suprimento é a milenar árvore do Neem.
A planta, originária da Burma e de regiões áridas da Índia, é dotada de propriedades protetivas, registradas inclusive nas antigas escrituras Hindus.
—Openeem é pioneira na classe de registro de biodefensivos do grupo triterpenos, antes inédito no Ministério da Agricultura e na categoria biobotânicos —diz a CEO Gabriela Lindemann. Para atender exigências regulatórias, a empresa investiu na importação de padrões fitoquímicos, análises de toxicidade e ensaios agronômicos. —Os produtos não têm impacto negativo no meio ambiente e sobre seres humanos. Transferem eficácia frente a pragas e doenças, trazem rentabilidade e qualidade à produção—.
A Openeem Bioscience mantém uma floresta de árvores do Neem em mais de 500 hectares, na cidade de São João de Pirabas (PA). Hoje, há 100 hectares plantados, área que deverá saltar para 280 em 2026. Para 2032, a meta é a de estender o cultivo a 500 hectares e atingir a cifra de R$ 400 milhões em vendas, para produtores de soja, milho, café, citros, algodão e cana-de-açúcar.
Alvos biológicos e estratégia — Segundo Gabriela, o processo de pesquisa e desenvolvimento que orientou o surgimento do portfólio de biobotânicos exigiu investimento de R$ 40 milhões. A linha de produtos abrange o bioinseticida Valente®, o bionematicida Brutus®, o biofungicida Bravo® e o biofertilizante Ânima®. A expectativa é distribuir, até 2026, mais três soluções em fase de registro: Gênese® (condicionador de solo), Sagaz® (bioherbicida) e Galo® (adjuvante).
—Esse portfólio atende com alta eficácia a demandas fitossanitárias de todas as culturas. O bioinseticida Valente®, o bionematicida Brutus® e o biofungicida Bravo® agem sobre mais de 400 pragas e doenças —exemplifica Gabriela.
Para o bioinseticida Valente®, ela complementa, ensaios conduzidos por 40 consultorias e institutos de pesquisa agrícola, em 188 áreas cultivadas, mostraram acréscimo médio de 30% no controle de pragas, além de retorno adicional médio de 4,72 sacas por hectare de soja. —No milho, sobretudo frente à praga ‘cigarrinha’, trabalhos realizados em 54 áreas revelaram ganho médio de controle de 35% e retorno médio de 5,2 sacas a mais por hectare—.
No tocante a pragas, salienta Gabriela, o portfólio foca em percevejos, ácaros, mosca-branca, lagartas, tripes, cigarrinha, pulgão, brocas e bicho-mineiro. Outras aplicações se estendem às práticas do MIP (manejo integrado de pragas) e do manejo de resistência de inseticidas e fungicidas a pragas e patógenos. Já os fungos-alvo principais são manchas foliares e podridões em diversas culturas, além da ferrugem da soja.
A Openeem Bioscience opera por meio de parcerias comerciais estruturadas com revendas, como a mineira Valoriza, as goianas Soma e Núcleo, a paulista Agrofito e a gigante AgroGalaxy. Está presente hoje em 80 municípios dos estados Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, onde inaugurou um escritório recentemente, na cidade de Lucas do Rio Verde, para atendimento direto a agricultores.