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12/10/2023

Metodologias colaborativas em prol do crescimento organizacional

Com as novas complexidades que os avanços tecnológicos trazem ao mundo corporativo, é impossível que um gestor ou colaborador tenha todas as respostas para os desafios que as empresas enfrentam na atualidade. Neste sentido, a criatividade se tornou o aspecto mais valioso da última década, considerando que as organizações sentiram a necessidade de apresentar soluções mais inovadoras, sejam elas focadas em seus processos internos ou voltadas às demandas – cada vez mais evidentes – de um planeta disfuncional.

Neste cenário, os métodos colaborativos – termo utilizado para aglutinar diferentes tipos de técnicas e conhecimentos que possibilitam a interação entre colaboradores de uma mesma empresa, permitindo o compartilhamento de habilidades, talentos e ideias para alcançar um objetivo em comum – são vistos como um caminho possível para soluções mais criativas. Portanto, em busca de mudanças significativas e sustentáveis, a utilização de metodologias colaborativas passam a ser empregadas em quase todos os níveis da atividade empresarial, de forma a incentivar a consciência em relação aos desafios e as possibilidades e recursos que serão utilizados para superá-los.

Esta consciência coletiva gera a necessidade de colaboração genuína entre as pessoas e seus diferentes tipos de ideias e perspectivas, o que exige competências específicas para que os gestores e seus colaboradores apoiem com sucesso novas dinâmicas para grupos eficazes. Consequentemente, a ascensão da incorporação desses métodos também reflete no aumento da procura de mais especialistas generalistas nas organizações.

Isso porque, as empresas precisam, cada vez mais, de gestores que tenham capacidade e desejo de dominar e reunir conhecimentos de ampla gama de disciplinas, indústrias, competências, temas e talentos. Esse é o tipo de profissional que está mais preparado para detectar padrões, conectar pontos e improvisar em várias circunstâncias, graças à sua base de conhecimento variada.

Quando falamos sobre metodologias colaborativas, aplicadas em nível organizacional, é comum que o design thinking – metodologia de desenvolvimento de produtos e serviços focados nas necessidades, desejos e limitações dos usuários – seja o primeiro termo a aparecer na mente. Este método se originou como uma resposta ao aumento da complexidade e da implementação tecnológica cada vez mais frequente nas organizações, propondo uma abordagem de trabalho mais isolada. No entanto, nós, seres humanos, somos sociais e é quase impossível que qualquer um de nós trabalhe em completo isolamento. Por isso, os modelos de trabalho se dão por meio da colaboração com os outros.

Um bom exemplo a ser citado quando falamos em metodologias colaborativas é a iniciativa ThisAbles, da Ikea. A marca global de móveis de decoração convidou pessoas com deficiência, de diferentes tipos – e que frequentemente são excluídas da inovação – para fazerem parte de um hackathon colaborativo junto aos designers e engenheiros da companhia. Na ocasião, os convidados apontaram soluções necessárias para que os produtos da Ikea fossem acessíveis para diferentes corpos e necessidades. Posteriormente, essas ideias foram disponibilizadas nas lojas, permitindo que os clientes da rede personalizassem os produtos. Este exemplo nos mostra como a colaboração pode (e deve) ser praticada para além dos muros da empresa e reflete também sobre o surgimento da inovação aberta.

O primeiro passo para essa mudança deve ser realizado pelas organizações. No entanto, vale ressaltar que, durante este percurso, uma série de barreiras podem aparecer – dentre elas, questões culturais, antigos processos internos, além da estrutura hierárquica – e, em um primeiro momento, poderão dificultar a colaboração.

Portanto, as organizações precisam abordar esta questão a partir de uma compreensão mais holística dos diferentes níveis da organização, introduzindo técnicas e ferramentas práticas para permitir que as equipes colaborem entre si, mas também abordando a mentalidade e os processos que também devem ser considerados neste caminho. Em última análise, as técnicas precisam fazer parte de uma jornada de transformação que é projetada e facilitada e, talvez o mais importante, que é constantemente refletida e adaptada.

. Por: Benito Berretta é Managing Director da Hyper Island Américas e Tim Lucas é Head of Hyper Island North America & Head of Content.