No Parque Estadual do Utinga “Camilo Vianna”, em Belém. A empresa destina R$ 856 mil no projeto que é realizado no Parque desde 2017 e já reintroduziu no habitat cerca de 38 pássaros. A destinação dos recursos foi definida pela Câmara de Compensação Ambiental (CCA/PA), o colegiado responsável pela distribuição dessas ações no Estado.
Recursos de compensação ambiental do setor mineral vão dar uma valiosa ajuda para salvar ararajubas, espécie que por longos anos sumiu dos céus da região metropolitana da capital paraense e, atualmente, encontra-se ameaçada de extinção. Serão cerca de R$ 865 mil repassados pela Horizonte Minerals, empresa de níquel com projetos nos municípios paraenses de Conceição do Araguaia e Canaã dos Carajás, para ampliar o trabalho de reintrodução desses pássaros no Parque Estadual do Utinga Camilo Vianna, em Belém.
O trabalho de preservação é feito pela Fundação Lymington e coordenado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), que cuida das unidades de conservação estaduais, dentre elas, a do Utinga. Os recursos vão garantir o suporte para que o trabalho continue. O projeto consiste em devolver as aves ao habitat e manter um viveiro de ambientação aberto, vigiado e com alimento disponível no parque.
Outro resultado esperado é a promoção da educação ambiental e sensibilização no entorno. A ideia é alertar sobre a ameaça de extinção a esses animais e também sobre a captura de animais silvestres, utilizando as ararajubas como bandeira. O manejo deve contribuir para a formulação de um protocolo que vai ajudar na conservação dessa e de outras espécies no Pará e demais Estados brasileiros.
A ararajuba (Guaruba guarouba) é uma espécie ameaçada de extinção em categoria “vulnerável”, presentes nas listas internacionais, nacionais e estaduais que atestam essa vulnerabilidade. Cerca de 80% da população de ararajubas de vida livre se encontram no Pará e os demais 20% nos municípios que fazem fronteira com o estado.
Compensação ambiental — A diretora de ESG (Meio Ambiente, Sustentabilidade e Governança) da Horizonte Minerals, Flávia Veronese, observa a importância da iniciativa. —É gratificante saber que estamos contribuindo para que o Estado mantenha um projeto tão importante para a conservação da fauna local— afirma.
A Horizonte Minerals repassa os recursos a título de compensação ambiental, que são investidos de acordo com as necessidades estabelecidas pela Câmara de Compensação Ambiental (CCA/PA), o colegiado responsável pela distribuição dessas ações. O incentivo para o trabalho de preservação de fauna no Parque Estadual do Utinga foi definido na 16ª Reunião Ordinária da Câmara, realizada em 17 de março de 2020.
Os recursos da Horizonte Minerals vão consolidar o Parque Estadual Utinga como um laboratório de referência para projetos de reintrodução de animais ameaçados de extinção no Brasil. Um dos mais bonitos cartões-postais de Belém, o Parque ganha mais valor como Unidade de Conservação e cenário de produção e divulgação de conhecimento científico e para a população.
Reprodução de ararajubas é realidade no Utinga — De acordo com o professor doutor em Zoologia pela Universidade de São Paulo (USP), Luís Fábio Silveira, presidente da Fundação Lemyngton, a expectativa é de iniciar o terceiro ciclo do projeto em março de 2024, com mais 30 aves em preparação para serem reintroduzidas no parque. As aves vêm do viveiro da Fundação, sediada em Juquitiba, no Estado de São Paulo.
O projeto de reintrodução e monitoramento de ararajubas na Unidade de Conservação Parque Estadual do Utinga foi iniciado em 2017 e já reintroduziu 38 espécimes. Na segunda fase, a iniciativa passou por um período de interrupção devido à pandemia da Covid-19, quando o monitoramento foi reduzido ao mínimo possível face às dificuldades impostas.
—O projeto é um enorme sucesso, pois hoje temos aves que vivem completamente independentes dos cuidados humanos, se alimentando e com um comportamento completamente natural —comenta. O projeto também já registra a reprodução de ararajubas, fundamental para que a população comece a ser auto sustentável.
Silveira explica que os recursos são absolutamente fundamentais para que, junto e sob a coordenação do Ideflor-Bio, o trabalho seja realizado. —Como se trata de um projeto em uma área urbana, é essencial que estas ações alcancem o maior número de pessoas, sejam elas usuárias do Parque do Utinga ou dos municípios da Grande Belém— detalha.