Enquanto a Opep mantém restrições ao petróleo, avalia Nigel Green, fundador do Grupo deVere.
Os preços da gasolina e a inflação global deverão subir novamente, uma vez que o grupo OPEP+ de países produtores de petróleo manterá a produção em nove milhões de barris por dia durante o resto do ano.
Este é o duro aviso de Nigel Green, fundador do Grupo deVere, uma das maiores organizações independentes de consultoria financeira, gestão de activos e fintech do mundo, quando a Arábia Saudita anunciou que iria manter o seu corte de produção de um milhão de barris por dia até dezembro/23.
Isto mantém a produção do país em nove milhões de barris por dia, o valor mais baixo em vários anos. A Rússia também confirmou que manteria o seu próprio corte de 300 mil barris por dia durante o mesmo período.
— A OPEP+ está a aumentar a pressão sobre o preço do petróleo, desencadeando novas e crescentes preocupações sobre o aumento da inflação global — que estava apenas a começar a diminuir — o que significa que os bancos centrais poderiam possivelmente pressionar taxas de juro mais altas durante mais tempo— comenta Nigel Green.
— A oferta restrita de petróleo leva a preços mais elevados do petróleo, o que, por sua vez, pode contribuir para preços mais elevados dos combustíveis para consumidores e empresas, exercendo pressão ascendente sobre a inflação geral— continua.
—Os custos mais elevados da energia também levam ao aumento dos custos de produção para as empresas, que normalmente são repassados aos consumidores na forma de preços mais elevados de bens e serviços, contribuindo novamente para pressões inflacionárias—.
O comportamento do consumidor também desempenha um papel. Quando os preços dos combustíveis sobem, os consumidores podem reduzir os gastos discricionários, o que pode ter impacto na atividade econômica. A redução dos gastos dos consumidores pode influenciar a dinâmica da inflação, especialmente em sectores fortemente dependentes da procura dos consumidores.
—Esta medida da OPEP+ será, obviamente, considerada pelos bancos centrais na formulação da política monetária.
—Se se espera que o aumento dos preços do petróleo tenha um impacto sustentado sobre a inflação, pode-se esperar que os bancos centrais mantenham taxas de juro mais elevadas durante mais tempo para controlar o aumento dos preços—.
— A decisão do grupo de países produtores de petróleo irá agravar ainda mais a crise do custo de vida e do custo dos negócios, à medida que a inflação recebe outro impulso global— conclui o fundador do Grupo deVere.
Perfil — O Grupo deVere é um dos maiores consultores independentes do mundo em soluções financeiras globais especializadas para clientes internacionais, locais ricos e de alto patrimônio líquido. Possui uma rede de escritórios em todo o mundo, mais de 80 mil clientes e US$ 12 bilhões em consultoria. | twitter: @PriorConsults
07/09/2023