Ante R$ 6,7 bilhões no mesmo período de 2022, queda de 45% neste primeiro semestre. O desembolso do BNDES aumenta 22% e chega a R$ 40,6 bilhões no semestre. Consultas para novas operações cresceram 151%, indicando perspectivas favoráveis para os próximos períodos. Em trajetória inversa à do Sistema Financeiro Nacional, inadimplência (90 dias) seguiu em queda (0,01%), sinal de qualidade da carteira de crédito.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 40,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, aumento de 21,6% em relação ao mesmo período de 2022. O acréscimo ocorreu em todos os setores econômicos, com crescimento nominal de 11% (indústria), 17% (infraestrutura), 21% (comércio e serviços) e 54% (agropecuária). No mesmo período, o Banco registrou lucro líquido de R$ 9,5 bilhões e lucro líquido recorrente, que exclui eventos de caráter esporádico e não permanente, de R$ 3,7 bilhões.
As aprovações de novas operações para empresas de menor porte cresceram 53% em relação ao primeiro semestre de 2022, atingindo R$ 18,9 bilhões. Somando-se a isso os R$ 24 bilhões em novos financiamentos a MPMEs de outros agentes financeiros garantidos pelo BNDES FGI, o volume de apoio às empresas menores chega a aproximadamente R$ 43 bilhões, contribuindo para a pulverização do acesso ao crédito no País.
Outro destaque no semestre foram as consultas, fase inicial dos processos operacionais do BNDES, que cresceram 151% e chegaram a R$ 126,8 bilhões, disseminadas por todos os setores econômicos. Embora nem todas as consultas se traduzam obrigatoriamente em aprovações e desembolsos, tais volumes indicam boas perspectivas para futuros apoios do BNDES. As consultas para novos projetos de infraestrutura foram as que mais cresceram, tanto em termos de valores absolutos quanto de taxa de crescimento: R$ 74,2 bilhões e 175%, respectivamente.
Lucro — O lucro líquido foi de R$ 9,5 bilhões no primeiro semestre de 2023. Já o lucro líquido recorrente foi de R$ 3,7 bilhões, ante R$ 6,7 bilhões no mesmo período de 2022. — A queda no lucro líquido recorrente é explicada basicamente pelas liquidações antecipadas de dívidas junto ao Tesouro Nacional ao longo de 2022, no valor total de R$ 72 bilhões— explica o banco.
Ativos — Os ativos totais do Sistema BNDES somaram R$ 706,8 bilhões em 30 de junho de 2023, aumento de R$ 23 bilhões (3,4%) em relação a 31 de dezembro de 2022. O resultado decorre, principalmente, do aumento das disponibilidades e do acréscimo de R$ 4,2 bilhões, no semestre, no valor justo da carteira de participações societárias em não coligadas.
A carteira de crédito expandida, que inclui financiamentos, debêntures e outros ativos de crédito, ficou estável: R$ 479,1 bilhões em 30 de junho de 2023 ante R$ 479,5 bi em 31 de dezembro de 2022, representando 67% dos ativos totais. Os efeitos do retorno das operações (liquidações e pagamentos de parcelas pelos clientes) e da variação cambial negativa (apreciação do Real) foram similares aos efeitos somados da apropriação de juros, atualização monetária e novos desembolsos.
A inadimplência (+90 dias) atingiu o menor valor da história, em um patamar praticamente nulo: oscilou de 0,13% em 31 de dezembro de 2022 para 0,01% em 30 de junho de 2023, expressivamente inferior à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (3,55% geral e 1,06% para grandes empresas na mesma data), comprovando que o BNDES não sentiu, em sua carteira própria e indireta, os efeitos da piora do mercado de crédito.
A boa qualidade da carteira de crédito e repasses foi mantida, com 94,4% das operações classificadas nos mais baixos níveis de risco (entre AA e C) em 30 de junho de 2023. Esse percentual permanece superior ao registrado pelo Sistema Financeiro Nacional, que foi de 90,8% em 31 de março de 2023 (última informação disponível).
A carteira de participações societárias totalizou R$ 66,4 bilhões em 30 de junho de 2023. O acréscimo de 5,9% no semestre ocorreu, basicamente, pelo aumento do valor justo dos investimentos em não coligadas. As principais empresas investidas em termos de carteira total seguem sendo Petrobras, JBS, Eletrobras e COPEL.
Fontes de recursos — Em 30 de junho de 2023, FAT e Tesouro Nacional representavam 57,5% e 6,7%, respectivamente, das fontes de recursos do BNDES. O FAT manteve-se como principal credor do Banco. No semestre, ingressaram R$ 11 bilhões de recursos do FAT Constitucional, e foi apropriado o montante de R$ 8,1 bilhões referentes aos juros, líquidos dos pagamentos ordinários, sendo o saldo do Fundo com o Banco de R$ 389,5 bilhões em 30 de junho de 2023.
O valor remanescente devido pelo BNDES ao Tesouro Nacional atingiu R$ 45,5 bilhões em 30 de junho de 2023, redução de 4,5%. Os pagamentos ordinários de R$ 2,7 bilhões foram atenuados por apropriação de juros e correção monetária de R$ 1,4 bilhão, não tendo havido antecipações de recursos no semestre.
O passivo com captações externas totalizou R$ 27,1 bilhões em 30 de junho de 2023, decréscimo de 1,1% no semestre. A entrada de R$ 3,6 bilhões (US$ 750 milhões) em recursos captados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) foi compensada pelo efeito da desvalorização do dólar americano no saldo devedor dos contratos e por amortizações de saldos em aberto, destacando-se pagamento de aproximadamente R$ 900 milhões junto ao Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC).
Patrimônio líquido — O patrimônio líquido do BNDES atingiu R$ 140,6 bilhões em 30 de junho de 2023, acréscimo de 7,1% em relação ao saldo em 31 de dezembro de 2022. O resultado decorre, principalmente, do lucro líquido do semestre, de R$ 9,5 bilhões, além de impacto positivo do ajuste a valor de mercado (ações e títulos públicos) de ativos.
Basileia — O Índice de Basileia melhorou 1,3% em relação ao valor divulgado no balanço trimestral, em função, principalmente, da diminuição do pagamento de dividendos (de 60% para 25%) e do lucro líquido apurado de R$ 9,5 bilhões, atingindo 34,4% em junho de 2023, muito acima dos 10,5% exigidos pelo Banco Central.