O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, divulgou uma uma alta de 0,12% na inflação em julho, número acima da expectativa do mercado.
Por mais que o número engane, a qualidade dos itens que o compõem importa mais do que o número. Além disso, o mercado já projetava esse aumento da inflação por conta do cenário político e econômico do país, assim deve continuar ao longo do segundo semestre, mas isso já está no preço e não é preocupante.
No geral, estou otimista com a Bolsa, uma vez que historicamente ciclos de corte de taxa de juros, sempre que bem feitos, impulsionam uma alta no Ibovespa. Além disso, normalmente os impactos da queda dos juros vai muito além do que o mercado projeta. Por esse motivo, é bem comum ocorrer um mês negativo para a Bolsa no mês posterior ao primeiro corte, mas isso não muda a performance anual.
Como estamos na reta final da temporada de resultados corporativos do 2T23 e temos questões políticas importantes em curso em Brasília, é normal enfrentarmos volatilidade ainda no curto prazo. Mas, olhando para uma janela de 12 a 18 meses, dá para ficar otimista com os ativos de renda variável.
Para onde vai o dólar? Com uma Selic em queda, o mercado de câmbio aguarda os próximos passos do Fed, banco central do Estados Unidos, que podem influenciar os rumos da moeda norte-americana.
Se o Fed não começar a cortar os juros tão cedo nos EUA, isso deve pressionar o dólar a se manter em alta. Por outro lado, outros fatores podem provocar uma queda na moeda, como alta nas commodities e uma melhora no cenário fiscal no Brasil.
Para este ano, ainda é pouco provável que o dólar chegue a R$ 5. Isso considerando o cenário fiscal, a atual política monetária e a retomada de alta das commodities, como o petróleo. Além disso, o segundo semestre historicamente tem uma maior demanda por remessas para o exterior de empresas que tem filiais aqui.
Acredito que o dólar se encontra hoje em uma zona de conforto e não deve sair disso.
Já para o ano que vem, a tendência é que um cenário de corte de juros nos EUA possa pressionar o dólar para baixo. O dólar também pode desvalorizar com a melhora no cenário fiscal no Brasil e um impacto positivo nos balanços das empresas com a queda da Selic.
. Por: Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank, uma das 15 maiores corretoras de câmbio do Brasil. O executivo também já trabalhou em multinacionais como Volvo Group e BHS. Além disso, criou startups de diferentes iniciativas e mercados tendo atuado no Founder Institute, incubadora de empresas americanas com sede no Vale do Silício. O executivo morou e estudou na Noruega e México e formou-se em administração de empresas pela FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), e pós-graduado em finanças empresariais pela Universidade Positivo.