Com foco em projetos de reúso, companhia pretende reduzir captação de água doce em 40% até 2030. Compromisso reafirmado no Plano Estratégico 2023-2027, de reduzir a captação de água doce nas operações em 40% até 2030, tendo como referência o ano base de 2021.
Quase um terço (29,3%) da demanda total por água doce da Petrobras foi atendida, no ano passado, por água reutilizada. É o que mostram dados do mais recente Relatório de Sustentabilidade da companhia, divulgado no dia 23 de junho(sexta-feira). O volume de reúso da água pela empresa em 2022 chegou a 50,7 bilhões de litros — o suficiente para abastecer, por exemplo, a cidade de Maceió (AL), com cerca de um milhão de habitantes, durante um ano. A partir dessas ações de reúso, a Petrobras estima uma economia anual de aproximadamente R$ 16 milhões nos custos de captação de água.
A iniciativa faz parte de um dos compromissos ambientais da Petrobras, reafirmado no Plano Estratégico 2023-2027, de reduzir a captação de água doce nas operações em 40% até 2030, tendo como referência o ano base de 2021. —Parte desse objetivo será alcançado por meio da implementação de uma carteira de ações que inclui reúso, redução de perdas e adoção de fontes alternativas de abastecimento. Atualmente, as ações de reúso são responsáveis por cerca de 80% da redução de captação de água doce prevista nessa carteira —afirma a gerente executiva de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobras, Daniele Lomba.
Os primeiros projetos de pesquisa em planta-piloto para o reúso surgiram em 2002, na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, Minas Gerais, quando diversas tecnologias foram avaliadas e adaptadas para a realidade da Petrobras através de pesquisas do Centro de Pesquisas e Inovação da Petrobras (Cenpes) e de termos de cooperação com universidades. Os resultados são possíveis graças ao trabalho integrado entre as equipes do Cenpes, Tecnologia de Refino, Sistemas de Superfície, Refino, Gás e Energia (SRGE) e SMS.
Reúso nas refinarias — Nas unidades industriais, o reúso do efluente final tem sido direcionado, frequentemente, para as torres de resfriamento. A água é essencial para o funcionamento de um sistema de resfriamento industrial e, aproximadamente 50% da água utilizada por uma refinaria vai para esses sistemas. Nas refinarias, as ações de reúso envolvem tanto projetos de investimento quanto ações de mudança em procedimentos operacionais visando maior recuperação de água. Foram adotadas iniciativas que proporcionaram maior eficiência no uso de água e vapor nas operações. Essas medidas fizeram com que nos últimos cinco anos a relação entre a quantidade de água consumida e o volume de petróleo processado reduzisse em 12,5%. Em 2017, o volume de refino era de 0,98 metro cúbico de petróleo por metro cúbico de água. Em 2022, essa marca passou para 1,12 metro cúbico de petróleo refinado para cada metro cúbico de água consumido.
— O nosso desafio é reduzir o volume de água doce captada dos mananciais, em regiões de grande utilização dos recursos, contribuindo para a continuidade do abastecimento da população e partes interessadas e para a manutenção dos ecossistemas. É nesse caminho que estamos — completou Daniele Lomba.
No ano passado, foram investidos cerca de R$ 95 milhões em projetos de pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas visando promover a melhoria da gestão da biodiversidade e dos recursos hídricos e efluentes, bem como a minimização, valorização e o reaproveitamento de resíduos sólidos. Nos últimos três anos, foram reduzidos mais de 20% da captação de água doce das operações da companhia.
Reduc e Polo Gaslub — As refinarias da Petrobras têm potencial para chegar ainda mais longe no que diz respeito aos projetos de reúso. Um exemplo é o da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), que se prepara para ampliar sua capacidade de reúso. O projeto consiste em tratar os efluentes finais, utilizando essa água de reúso majoritariamente para reposição em sistemas de resfriamento, entre outros usos industriais de menor consumo. O potencial de reúso da Reduc pode variar entre 900 mil e 1,7 milhões de litros por hora, a depender do cenário operacional da refinaria. Outras iniciativas em curso envolvem as negociações para suprimento da Reduc e do Polo Gaslub, em Itaboraí (RJ), com água de reúso de estações de tratamento de esgoto municipal como fonte alternativa.