— A América Latina e o Caribe têm uma exposição significativa a riscos ambientais e sociais, o que contribui para as grandes necessidades de desenvolvimento sustentável na região, de acordo com relatório da Moody’s. Essas condições respaldarão o crescimento de longo prazo da emissão de títulos sustentáveis dos setores público e privado, apesar do declínio dos volumes regionais nos primeiros nove meses de 2025. A forte liderança de entidades do setor público, incluindo as soberanas e bancos públicos de desenvolvimento, é uma característica única que sustenta o crescimento no longo prazo. A região também continuará a ser um centro de inovação de mercado. O Brasil, anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), emergirá como um mercado líder nos próximos anos, impulsionado pelo apoio político do país, planos de investimento do governo e características econômicas.
Um nível relativamente alto de exposição a riscos ambientais e sociais apoiará o crescimento da emissão de dívida sustentável na região. Os emissores dos setores público e privado financiarão cada vez mais projetos para mitigar esses riscos. Apesar de uma diminuição dos volumes de emissão regionais nos primeiros nove meses de 2025, esperamos que a necessidade de abordar questões como resiliência climática e acesso a serviços básicos estimule uma recuperação das emissões.
A liderança do setor público continuará a impulsionar o crescimento das emissões. Os governos da América Latina têm desempenhado um papel de liderança no desenvolvimento de financiamento sustentável. Até o momento, 14 soberanos regionais implementaram programas de títulos sustentáveis, uma tendência que deverá ser mantida. O estabelecimento de taxonomias sustentáveis, regulamentos de divulgação e diretrizes temáticas na região contribuirá ainda mais para o crescimento do mercado à medida que a transparência aumentar. Os bancos públicos de desenvolvimento (PDBs, em inglês) também desempenharão um papel fundamental como emissores e fornecedores de assistência técnica para outros emissores.
A América Latina permanecerá na vanguarda da inovação do financiamento sustentável. Os instrumentos inovadores na região incluem os primeiros títulos vinculados à sustentabilidade (SLBs, em inglês) soberanos do Chile e do Uruguai, bem como outras estruturas exclusivas no âmbito soberano e subsoberano. O financiamento azul (blue finance, em inglês) também apoiará o crescimento futuro, após vários exemplos de emissão na região e a publicação de diretrizes de mercado atualizadas.
Os atributos econômicos e políticos posicionam o Brasil, o anfitrião da COP30, na liderança regional de longo prazo. As iniciativas governamentais, incluindo a recente publicação da taxonomia sustentável e planos ambiciosos de desenvolvimento sustentável, impulsionarão o investimento, enquanto incentivos financeiros, como o programa EcoInvest, apoiarão o crescimento do mercado financeiro sustentável do país. Os grandes setores econômicos brasileiros, como a agricultura, criam oportunidades para projetos inovadores, incluindo biocombustíveis e uso sustentável da terra. A presença forte de energia renovável no país também favorece o crescimento de tecnologias emergentes de baixo carbono, como o hidrogênio verde. Em todas essas áreas, é provável que o financiamento sustentável desempenhe um papel fundamental— conclui o relatório da Moody’s.