A Geração Z, nascida entre 1998 e 2010, está chegando ao mercado de trabalho rompendo com antigos paradigmas. Trata-se de uma geração altamente preparada academicamente, conectada, informada e que valoriza propósito e autonomia. Mais do que estabilidade, busca experiências. Não almeja um emprego vitalício, mas sim um espaço onde possa aprender, criar, ter liberdade de horários, oportunidades de crescimento, boa liderança, ambiente acolhedor, bem-estar, saúde mental e, claro, salários mais atrativos.
Essa busca por um ambiente profissional ideal e quase perfeito, somada à frequência com que trocam de emprego, deu origem ao termo office frogging, ou “sapos de escritório”, em referência ao hábito de pular de trabalho em trabalho como sapos pulando de folha em folha.
No entanto, o mesmo impulso que torna essa geração inovadora também revela suas fragilidades. Muitos jovens da GenZ demonstram baixa tolerância à frustração, dificuldade em lidar com hierarquias e desafios emocionais, além de pouca resiliência diante das adversidades. Acostumados a estímulos constantes e resultados imediatos, não é raro que desistam rapidamente de seus empregos, pedindo demissão ao primeiro sinal de desconforto. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 40% dos pedidos de demissão em 2023 foram feitos por trabalhadores com até 24 anos. Essa realidade reflete uma tendência global de insatisfação da GenZ no ambiente corporativo.
O grande desafio das empresas, e da própria geração, é equilibrar liberdade com responsabilidade. É preciso transformar o potencial criativo e o desejo por propósito em maturidade emocional e comprometimento. A GenZ tem tudo para transformar o mundo do trabalho, desde que compreenda que crescer também exige constância, paciência e capacidade de superação.
• Por: Aline Mara Gumz Eberspacher, Doutora em Sociologia pela Université Paul Valéry (Montpellier III – França) e Coordenadora dos cursos de Pós-graduação do Centro Universitário Internacional Uninter.