O mercado de apostas online chama atenção pelo faturamento bilionário e pela forma peculiar de operar. Mas, apesar da imagem de lucros fáceis, o negócio é mais complexo do que parece: envolve margens específicas, regulação pesada e comparação com setores que têm modelos bem diferentes de receita. Vamos entender melhor?
Em seguida, você verá como e quanto elas lucram, porém, antes de revelar números e detalhes, vale entender primeiro como esses sites estruturam sua atividade e de onde vem, de fato, o ganho das casas.
Apresentando a atividade das casas de apostas
As casas de apostas se dividem entre dois pilares principais: apostas esportivas, em que o retorno depende do resultado de eventos reais, e o cassino online, onde cada jogo é programado com uma margem de retenção fixa (RTP).
É nesse espaço que surgem opções populares e até mesmo super acessíveis para todas as faixas de renda, como opções de cassino com depósito de 50 centavos, que atraem iniciantes pela facilidade de entrada. Diferente de setores tradicionais, os sites de apostas faturam não vendendo produtos tangíveis, mas controlando estatisticamente o quanto das apostas permanece em caixa após pagar os prêmios.
Como elas realmente lucram?
Muita gente acha que as casas ganham só quando o jogador perde, mas o modelo é mais amplo. O lucro vem de margens estatísticas e de escala:
• GGR (Gross Gaming Revenue): é a diferença entre tudo o que foi apostado e os prêmios pagos. Nas apostas esportivas, o hold costuma ficar entre 8% e 10%.
• Cassino online: jogos têm RTP fixo, o que garante retenção constante e margens maiores.
• Promoções e escala: bônus atraem clientes, e o grande volume de usuários dilui custos de tecnologia e pagamentos.
• Precificação e risco: odds ajustadas equilibram apostas, preservando a margem.
No fim, as bets lucram pela soma de estatística, escala e gestão de risco, não em vitórias pontuais contra apostadores.
Quanto elas realmente lucram?
Alguns estudos indicam que os brasileiros movimentam cerca de R$ 68 bilhões por ano em apostas, e desse total aproximadamente R$ 23,9 bilhões permanecem nas mãos das operadoras após o pagamento de prêmios — esse é o chamado GGR (Gross Gaming Revenue). É desse montante que saem todos os custos, desde impostos até marketing e tecnologia.
A tributação incide diretamente sobre o GGR, em torno de 12%, reduzindo a receita líquida das casas. Além disso, o setor é conhecido pelo altíssimo investimento em marketing: patrocínios, bônus e campanhas digitais podem consumir de 45% a 60% da receita. Some-se a isso custos operacionais — licenças, tecnologia, métodos de pagamento e suporte — que giram em torno de 20% a 25%.
Com base nesses números, é possível estimar (embora seja bem difícil fazer isso de forma tão simples assim) o lucro líquido do setor entre R$ 3 bilhões e R$ 7,5 bilhões por ano, o que representa uma margem de aproximadamente 13% a 30% sobre o GGR. Se comparado ao volume total apostado (o “faturamento” bruto), essa margem líquida equivale a algo entre 4% e 12%.
Em outras palavras: as bets realmente lucram muito, mas não é um “ganho fácil” como muitos imaginam. Elas precisam equilibrar impostos pesados, marketing agressivo e custos de operação para transformar o enorme volume de apostas em lucro líquido. Ainda assim, dentro do cenário digital brasileiro, o setor já figura entre os mais rentáveis e com potencial de crescimento sólido nos próximos anos.
Comparação do faturamento com outros setores
Comparado a setores tradicionais, as apostas online mostram números impressionantes. No Brasil, só no primeiro semestre de 2025, o governo arrecadou (segundo a iGaming Today) cerca de R$ 3,8 bilhões em tributos ligados a apostas, um crescimento forte após a regulamentação.
Em resumo, as bets lucram bastante pelo volume massivo de transações e margens estáveis, mas precisam lidar com altos custos de marketing, promoções e impostos, o que as coloca em patamar intermediário quando comparadas a outros setores da economia. Na prática, os valores ficam próximos da tabela abaixo.
Os números mostram que, diante de gigantes tradicionais no mercado, as casas de apostas ainda ficam para trás, mas já têm números extremamente relevantes para a economia do país.
Efeitos da regulamentação
A regulamentação das apostas no Brasil, consolidada a partir da Lei 14.790/2023, mudou profundamente o mercado. Agora, as casas precisam ter sede no país, pagar uma outorga milionária e cumprir exigências rígidas de compliance, certificação de jogos e identificação de usuários. Isso elevou os custos de operação e reduziu a margem de lucro, especialmente para empresas menores.
Na prática, o efeito mais visível foi a diminuição do número de operadores. Estima-se que, nos próximos anos, o total de casas ativas caia quase pela metade, seja por fusões, encerramentos ou saída de empresas incapazes de suportar as novas exigências. Esse enxugamento tende a favorecer marcas mais sólidas, que conseguem absorver os custos regulatórios e ainda ganhar credibilidade perante o público.
Quanto ao faturamento, os números não parecem ter sido afetados. Pelo contrário, cresceram. No entanto, o aumento da carga tributária e as despesas adicionais com licenças e tecnologia fazem com que boa parte dessa receita não se converta em lucro direto. Ainda assim, a regulamentação trouxe mais segurança ao apostador e um ambiente de negócios mais confiável, com potencial de crescimento sustentável no longo prazo.
O que tudo isso revela?
No fim das contas, entender como as casas de apostas lucram vai além da ideia simplista de “ganhar quando o jogador perde”. Trata-se de um modelo baseado em margens estatísticas, escala digital e forte gestão de risco.
Comparando com outros setores, vemos que elas não chegam perto do varejo alimentar ou do comércio geral em faturamento, mas superam facilmente nichos menores e já se consolidam como um dos mercados digitais mais rentáveis do país.