Ele será necessário para descarbonizar setores mais difíceis de reduzir emissões, indica estudo. Material da EY-Parthenon aponta também quatro desafios para o uso do H2V: planejamento energético, marcos regulatórios, inadequação da infraestrutura e o fornecimento de energia renovável.
A EY-Parthenon, braço de estratégia e transações da EY, lançou estudo sobre hidrogênio verde que indica que, embora a eficiência energética, a eletrificação e as energias renováveis possam diminuir em 70% as emissões dos gases de efeito estufa, o H2V pode ser uma alternativa importante na agenda de transição energética. —O hidrogênio verde (H2V) é considerado ainda mais relevante na busca pelo carbono zero, especialmente em setores que têm mais dificuldades de reduzir suas emissões, como a indústria pesada e o transporte de longa distância (aéreo, por exemplo)— aponta Diogo Yamamoto, sócio da EY-Parthenon.
Além disso, o H2V pode ser uma alternativa para o aquecimento industrial e doméstico, substituindo, por exemplo, o gás natural. —Há, no entanto, algumas barreiras importantes para a adoção do hidrogênio verde, como seu elevado custo de produção, especialmente em comparação com outras fontes de energia, o que pode inviabilizar a utilização em larga escala—completa.
No que diz respeito à produção, o Brasil tem uma das características ideais para se tornar um dos principais produtores mundiais: predomínio de matriz energética limpa ou sustentável, com previsão de crescimento nos próximos anos, o que o torna competitivo na precificação do H2V. O Brasil, de acordo com estudo da BloombergNEF, pode ser um dos únicos países capazes de obter hidrogênio verde a um custo bastante competitivo de US$ 1,47 por quilo até 2030.
Desafios do Brasil— Contudo, o estudo indica quatro desafios a serem superados: planejamento energético nacional, marcos regulatórios e políticas estratégicas, adequação da infraestrutura e, por fim, o fornecimento de energia renovável.
O executivo lembra que é necessário endereçar essas quatro grandes questões —para que o país não fique para trás nessa corrida que conta com concorrentes como Austrália, Holanda e Reino Unido — ainda que nenhum deles tenha condições energéticas tão favoráveis como a do Brasil—.
Ainda não há uma estratégia clara para o H2V no que tange um planejamento energético nacional, o que, segundo o estudo, atrasa o desenvolvimento de uma cadeia de valor mais competitiva que atenda às demandas domésticas e globais. Para o executivo, —a estrutura atual da cadeia de valor do hidrogênio verde favorece a produção em larga escala para exportação em regiões específicas, mas ainda não está claro como distribuir competitivamente o H2V para zonas industriais e mercados no país, que, como sabemos, tem uma extensão continental—.
O segundo desafio está relacionado aos marcos regulatórios. —Esse é um gargalo significativo porque enquanto os países desenvolvidos já estabeleceram marcos regulatórios para promover essa indústria, aqui estamos com certo atraso nas políticas estratégicas com foco em fortalecer a capacidade local. Não temos, por exemplo, nenhuma meta nacional de fabricação de eletrolisadores, que são as máquinas que quebram a molécula de água e consequentemente permitem a produção do H2V— sinaliza Yamamoto.
Adaptar a infraestrutura de portos e dutos para armazenamento e transporte do hidrogênio verde também é uma necessidade do Brasil. —Os gasodutos representam a escolha mais econômica a longo prazo para distribuição local de hidrogênio, mas essa rede no país está concentrada nas áreas costeiras, dificultando a distribuição de hidrogênio para outros polos industriais —explica Diogo. —No entanto, a distribuição de H2V exige gasodutos que atendam a especificações técnicas e nossa malha não atende, por hora, esses requisitos— completa.
O quarto e último desafio apontado está relacionado ao fornecimento de energia renovável para atender à demanda projetada de H2V em 2030. A eletrólise exige uma alta capacidade energética e que precisa ser produzida com energias renováveis, o que também gera uma demanda na expansão da produção de energia eólica e/ou solar, por exemplo. —Essa é uma questão também global. O ritmo lento do avanço tecnológico para maximizar o uso de recursos naturais, como água e minerais críticos, e de capital humano para a produção de H2V cria incertezas sobre a capacidade e os custos de produção para atender à demanda esperada. A produção de eletrolisadores, por exemplo, aumentará a demanda por minerais críticos, e a transição para a eletrólise da água vai exigir o desenvolvimento de tecnologias adicionais, como a água de reuso e a eletrólise da água salgada —explica Yamamoto.
Estruturas da cadeia: descentralizada x centralizada — Há dois potenciais modelos de estrutura dessa cadeia de valor: o descentralizado e o centralizado. No primeiro, as instalações de produção de H2V estão distribuídas em hubs espalhados pelo país. A vantagem é que há mais flexibilidade no dimensionamento da produção de H2V de acordo com a demanda local e disponibilidade de recursos, além da redução das perdas de transmissão associadas ao transporte de hidrogênio verde por longas distâncias.
Já no centralizado, as instalações são para produção em larga escala e estão localizadas perto de abundantes centros industriais e/ou de fontes de energia renovável para otimizar a eficiência da produção e distribuição.
O estudo aponta que a proximidade de fontes de energia como eólica e solar é relevante para reduzir os custos de obtenção do hidrogênio verde, uma vez que o H2V é raramente encontrado na natureza em sua forma elementar (H2), integrando geralmente moléculas como a água (H2O).
—Esses dois modelos de estrutura da cadeia de valor podem ser utilizados, desde que de forma orquestrada. A maximização potencial das demandas nacionais e internacionais exige planejamento estratégico da economia H2V e um modelo de cadeia de valor adaptado às necessidades únicas do Brasil—diz Yamamoto.
Cenário internacional e corrida pelo H2V — O Brasil tem a vantagem competitiva de apresentar uma matriz energética limpa, além de seguir investindo nessa frente. Dados de mercado da International Energy Agency (IEA) indicam que o Brasil é o terceiro país do mundo que mais investe em renováveis — o equivalente a 8% da produção de geração renovável global. O estudo da EY-Parthenon reforça que a capacidade energética instalada em GW do país deve crescer 19% até 2030, com evolução maior nas fontes solar e eólica, com 171% e 103% respectivamente.
—Há uma corrida global por fornecedores de hidrogênio verde. A União Europeia, conforme definido no plano REPowerEU, planeja consumir 20 megatoneladas por ano de H2V até 2030, sendo metade disso por meio de importações. Já o Japão tem se dedicado a criar cadeias internacionais de abastecimento de hidrogênio com países do Indo-Pacífico, Europa e Oriente Médio —comenta Yamamoto.
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