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31/07/2025

Amamentação pode reduzir em até 86% mortes por doenças em bebês

O leite materno protege o bebê contra doenças infecciosas, importantes causas de morte infantil.

Estudos brasileiros e internacionais reforçam o poder da amamentação como fator decisivo para a sobrevivência infantil. Pesquisa realizada em 14 municípios da Grande São Paulo revelou que a amamentação é capaz de evitar de 33% a 72% das mortes por infecções respiratórias em crianças e de 35% a 86% dos óbitos por diarreia. Esses números representam um impacto médio de 9,3% na redução do Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) nesses municípios.

Os dados nacionais vão ao encontro de estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, que apontam que a amamentação exclusiva até os seis meses de vida pode reduzir em até 13% a mortalidade de crianças menores de cinco anos por causas preveníveis. Esses números foram reiterados em agosto de 2024, durante a Semana Mundial da Amamentação, como forma de incentivo à prática em todo o mundo.

A consultora em amamentação da MamaZen, Joyce Reis, com formação em ciências biológicas, explica que o leite materno protege o bebê contra doenças infecciosas, que ainda são importantes causas de morte infantil, como diarreias e infecções respiratórias. —Toda puérpera saudável terá condições de amamentar, e essa amamentação deve ser em livre demanda, sobretudo nos primeiros três meses de vida do bebê—afirma.

Amamentação em livre demanda — Segundo Joyce, nas primeiras semanas o bebê deve mamar em intervalos que não ultrapassem 3 a 4 horas para evitar episódios de hipoglicemia. —A amamentação em livre demanda permite que o corpo se ajuste à produção de leite conforme necessário —explica. Ela também orienta sobre o período da apojadura, conhecido como descida do leite, que pode trazer desconfortos. —É quando os seios ficam mais duros, quentes, doloridos, podendo aparecer nódulos ou fissuras. Nessa fase, oriento usar o próprio leite antes e depois das mamadas para hidratar e higienizar o mamilo, prevenindo rachaduras—.

Outro ponto importante apontado pela doula da MamaZen é que a composição do leite varia durante a mamada. —Primeiro vem um leite mais aguado, para hidratar, e depois um leite mais rico em gordura, que sustenta o bebê. Por isso, deve-se permitir que ele mame no peito que estiver mais cheio até demonstrar necessidade de trocar. Caso fique saciado em um peito só, na próxima mamada oferece-se o outro—.

Três meses de vida do bebê como uma extensão da gestação — Na MamaZen, o atendimento no puerpério é baseado no conceito de exterogestação, que considera os primeiros três meses de vida do bebê como uma extensão da gestação. —É como se fosse o quarto trimestre, no qual recriamos, ao máximo, um ambiente que simule o conforto, segurança e sensações do útero, auxiliando o bebê a fazer a transição e adaptação ao mundo externo —explica.

Mitos e verdades sobre a amamentação — Algumas mulheres não produzem leite. Mito. Mesmo mulheres desnutridas produzem leite; casos de baixa produção geralmente estão relacionados à redução de glândulas mamárias por cirurgia.

A amamentação tem sete fases. Mito. São três fases: colostro, leite de transição e leite maduro. O colostro é produzido nos primeiros dias e é rico em anticorpos; o leite de transição aparece entre o 3º e 5º dia; o leite maduro se estabelece a partir do 15º dia.

O leite materno sustenta um bebê por até três horas. Verdade. No entanto, a amamentação deve ser feita sob livre demanda, pois o bebê não solicita o peito apenas por fome, mas também por conforto e segurança.

Para a doula Joyce, a informação é fundamental. —A educação perinatal prepara a mulher não só para o parto, mas também para a amamentação, garantindo saúde, segurança e vínculo com o bebê desde os primeiros dias de vida —conclui. | Monica Coronel.