Projeto da Universidade Veiga de Almeida monitora produção pesqueira na região desde 2022 e reforça importância da atividade para a economia local.
A produção pesqueira na Lagoa de Araruama, considerada a maior laguna hipersalina do mundo, localizada na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, movimentou cerca de R$ 3,9 milhões de janeiro a junho deste ano, considerando somente a primeira venda, feita diretamente pelos pescadores. As informações são do Programa da Estatística Pesqueira da Lagoa de Araruama, iniciativa da Universidade Veiga de Almeida (UVA) que monitora a produção e a economia da pesca na região desde 2022, em parceria com a concessionária Prolagos.
No primeiro semestre de 2025, o volume de massa pescada (peixes e camarão) na Lagoa de Araruama foi de 258.559 quilo, com preço médio de R$ 15 por quilo na primeira venda. O município com maior volume registrado no período foi São Pedro da Aldeia, com 145.963 quilo, o equivalente a 56% do total, seguido por Cabo Frio (56.150 quilo), Arraial do Cabo (32.660 quilo) e Iguaba Grande (23.786 quilo).
Entre 2022 e 2024, os pesquisadores da UVA também avaliaram o perfil socioeconômico dos pescadores da região. Das 197 entrevistas com pescadores locais, a faixa etária de 36 a 50 anos concentrou o maior número de pessoas (82).
— A geração de dados censitários dos pescadores possibilita uma visão abrangente sobre essa realidade para a Lagoa de Araruama, revelando tendências no perfil etário, na renda e no envolvimento familiar. A ausência de jovens em algumas comunidades e a diminuição da participação de pescadores mais velhos indicam um possível alerta sucessório na atividade, com fatores econômicos e sociais impulsionando a migração de jovens para alternativas outras— explica Eduardo Pimenta, coordenador do projeto, professor e pesquisador da UVA.
Para a coleta de dados de produção, o grupo utiliza o método censitário pelos Mapas de Bordo (documento oficial em que são declaradas informações da pescaria), preenchidos pelos agentes de campo.
Os pesquisadores avaliaram a geração de empregos pela cadeira pesqueira lagunar da Lagoa de Araruama. Ao todo, foram estimados 513 empregos diretos e 2052 indiretos. Para cada emprego direto, outros quatro postos de trabalho indiretos são gerados através dos setores de culinária, vestimentas, combustível, apetrechos, reparos, mecânicos, construção naval, elétrica/eletrônica, transporte e gelo.
O levantamento também estimou a renda dos pescadores que atuam na região (dez dos 197 entrevistados optaram por não fornecer a informação). Ao todo, 124 declararam ter renda inferior a três salários mínimos (66% do total), 43 disseram que tem renda entre três e cinco salários (23%), 16 com renda entre cinco e sete salários (9%) e quatro afirmaram ter renda entre sete e dez salários mínimos (2%).
— Os resultados apontam que a renda dos pescadores varia significativamente, incluindo de município para município. Isso pode estar relacionado a fatores socioeconômicos locais por organização e estruturação de comunidades representadas por suas colônias e associações de pescadores, oferta de empregos sazonais, acesso a outros mercados e políticas de subsídios e apoio à pesca — finaliza o pesquisador da UVA.