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12/07/2025

A nova forma de investir que une proteção contra inflação e retorno global

O mercado de investimentos no Brasil avança para uma fase mais sofisticada, em que produtos inovadores buscam atender a um investidor cada vez mais exigente, informado e atento ao equilíbrio entre risco, retorno e simplicidade. É nesse contexto que surge o GOAT11, o primeiro ETF híbrido do país, um fundo negociado em bolsa que combina, em uma única aplicação, duas classes de ativos tradicionalmente distintas, renda fixa indexada à inflação e a renda variável internacional. A criação marca não apenas uma inovação técnica, mas um possível reposicionamento da forma como o investidor brasileiro diversifica seus recursos.

Historicamente, o ETF (Exchange Traded Fund) consolidou-se como uma alternativa eficiente e acessível para diversificação, permitindo exposição a uma cesta de ativos com custos reduzidos e gestão passiva. No entanto, a maioria desses fundos no Brasil ainda opera com foco exclusivo em uma classe de ativos, como ações locais, títulos de renda fixa ou mercados internacionais. O GOAT11 rompe esse padrão ao incorporar uma alocação balanceada entre títulos públicos atrelados ao IPCA (via IMA-B) e as ações que compõem o S&P 500, o principal índice de ações dos Estados Unidos.

No caso específico deste ETF híbrido, 80% da carteira é composta por títulos públicos indexados à inflação (IMA-B), e os outros 20% são alocados nas 500 ações mais negociadas do mercado americano. A lógica por trás dessa composição é tão simples quanto poderosa, a proteger parte do portfólio da inflação doméstica com renda fixa indexada, enquanto se busca retorno e exposição cambial através de grandes empresas globais.

Em teoria, esse equilíbrio proporciona uma cobertura mais robusta contra choques econômicos, já que os dois mercados tendem a responder de forma diferente aos ciclos monetários e às turbulências geopolíticas. É uma estratégia que conversa diretamente com um ambiente em que as incertezas locais e internacionais caminham juntas, e onde o investidor precisa de soluções cada vez mais completas, sem abrir mão da praticidade.

Com uma taxa de administração de 0,50% ao ano e tributação de 15% sobre os ganhos (sem come-cotas), o GOAT11 apresenta-se como uma alternativa competitiva frente a fundos multimercado tradicionais, cujos custos podem ser significativamente mais elevados. Isso coloca pressão no setor como um todo para que entregue mais valor com menos complexidade, um movimento saudável para um mercado que ainda carrega traços de ineficiência e segmentação excessiva.

O ETF híbrido responde a uma demanda mais ampla, a de um produto de alocação estratégica que poupa o investidor da tarefa de montar, manter e rebalancear diferentes posições entre renda fixa e variável. Em especial para investidores iniciantes ou com pouco tempo para acompanhamento ativo do mercado, produtos assim cumprem uma função importante de democratização do acesso à diversificação global.

Ainda é cedo para medir o impacto real desse tipo de fundo na indústria local. Mas sua chegada representa um marco simbólico relevante. Em um mercado historicamente polarizado entre renda fixa e renda variável, frequentemente tratados como universos à parte, o GOAT11 sinaliza uma transição para soluções de portfólio mais integradas, onde a diversificação é pensada não apenas entre setores ou geografias, mas também entre naturezas de risco e retorno.

É natural que surjam debates sobre a eficácia dessa estrutura no longo prazo, especialmente em contextos de juros mais voláteis ou alta dispersão entre os retornos das bolsas globais. No entanto, o mérito do ETF híbrido não está em prometer retornos extraordinários, mas em oferecer ao investidor comum uma forma de se posicionar de maneira mais inteligente, diversificada e transparente, com um clique.

Afinal, ao mesmo tempo em que amplia o cardápio de soluções disponíveis no Brasil, o GOAT11 desafia tanto o investidor quanto os gestores a refletirem sobre o verdadeiro papel da alocação estratégica em suas carteiras. Em um mundo onde a diversificação não é mais luxo, mas necessidade, a simplicidade bem estruturada pode ser uma das maiores formas de sofisticação.

Por: Emanuel Troya, CFP®, financial advisor na MZM Wealth e planejador financeiro certificado pelo CFP®, atuando há mais de 10 anos no mercado de investimentos. É graduado em Engenharia de Produção pela UNESP, com especialização em Economia Financeira pela Unicamp e MBA em Finanças pela FIA Business School.