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03/07/2025

Ataque hacker atinge prestadora do Banco Central

E escancara falhas na cibersegurança bancária. Especialista em direito digital alerta para riscos estruturais nos bancos e questiona até quando os consumidores seguirão expostos a vazamentos.

No dia 02 de julho (quarta-feira) aconteceu mais um alerta crítico envolvendo segurança digital no setor financeiro. O Banco Central informou que a C&M Software, empresa responsável por conectar instituições financeiras ao BC, foi alvo de um ataque hacker à sua infraestrutura. O episódio reacende o debate sobre a fragilidade da cibersegurança bancária no país e levanta dúvidas sobre o preparo das instituições, sobretudo as digitais, para lidar com ameaças cada vez mais sofisticadas.

—Trata-se de mais um exemplo da vulnerabilidade estrutural do sistema financeiro nacional. Infelizmente, a segurança da informação ainda não é tratada com a seriedade necessária por muitas instituições —avalia o advogado Francisco Gomes Junior, sócio da OGF Advogados, especialista em direito digital e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP).

Segundo Francisco, o ataque à C&M Software preocupa porque envolve diretamente a conexão de bancos ao Banco Central, um elo crítico na cadeia financeira nacional. —Quando um fornecedor que atua diretamente com o BC é comprometido, estamos falando de riscos sistêmicos. Isso vai além de falhas pontuais e mostra que o ecossistema inteiro pode estar exposto—.

O especialista explica também sobre os bancos digitais e alerta que nos últimos anos, esses bancos se multiplicaram com rapidez, oferecendo praticidade e inovação, mas muitas vezes com investimentos insuficientes em cibersegurança. —Essas fintechs têm uma base tecnológica como premissa, mas nem sempre contam com infraestrutura robusta de proteção digital. O resultado são sucessivos vazamentos, ataques e prejuízos aos usuários—.

Além do risco à privacidade dos dados, esses incidentes afetam a confiança do consumidor e colocam em xeque a responsabilidade das instituições, que devem seguir as diretrizes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e responder por falhas em suas estruturas ou de seus parceiros.

— É inadmissível que, em 2025, ainda lidemos com esse tipo de vulnerabilidade. Até quando vamos aceitar que nossos dados financeiros estejam à mercê de hackers? É preciso ação regulatória firme, fiscalização eficaz e, acima de tudo, investimento real em segurança digital —conclui o especialista. | Instagram: @franciscogomesadv