O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou esta semana a taxa Selic para 14,75% ao ano, despertado dúvidas para quem planeja comprar um imóvel. Essa alta, que afeta diretamente as condições de financiamento, exige uma análise do efeito no bolso do consumidor. É fundamental entender que, embora os juros estejam em patamar elevado, investir em imóveis continua sendo uma estratégia sólida e vantajosa a longo prazo.
A rentabilidade dos imóveis no Brasil alcançou 19,1% ao ano, patamar histórico em 2024, segundo estudo do Ibre/FGV e o QuintoAndar, resultado de uma combinação entre a valorização do imóvel e o rendimento com aluguéis.
A Selic não é a única variável que determina o custo do crédito. Os bancos utilizam recursos da Poupança para financiar os imóveis. Ou seja, um fator crucial é o volume dos recursos captados através da caderneta de poupança. Quando há pouco dinheiro na poupança, os bancos captam de outras fontes alternativas, que são mais caras. Essa dinâmica, portanto, acaba contribuindo para o aumento do custo do financiamento.
Para os consumidores, os efeitos da alta da Selic podem variar. Nos contratos novos, é provável que os bancos repassem imediatamente a elevação dos juros. Contudo, para quem já possui contratos assinados com taxas prefixadas, as condições permanecem inalteradas. E sempre há a possibilidade de portabilidade de crédito (quando você migra sua dívida de um banco para outro com juros e condições mais vantajosas), é um caminho para que quem financiou agora não seja penalizado lá na frente, caso os juros baixem. Ou seja, existem alternativas para se proteger se o cenário mudar.
Outro ponto a ser observado é o impacto indireto nos aluguéis. Com o crédito mais caro e, consequentemente, a compra de imóveis tornando-se menos acessível para alguns, a demanda por locação tende a aumentar. O IGP-M, utilizado nos contratos de aluguel, tem valorizado nos últimos 12 meses. Essa alta reflete a inflação sobre os aluguéis, indicando que, mesmo em um cenário de juros elevados, o imóvel historicamente se valoriza ao longo do tempo.
Ao contrário de ativos financeiros que podem ser voláteis, os imóveis são ativos reais que preservam seu valor no longo prazo, protegendo contra inflação. Essa característica torna o mercado imobiliário uma opção particularmente interessante para investidores que buscam segurança e estabilidade patrimonial em épocas de incertezas econômicas.
Já tivemos juros altos no passado, não é a primeira e nem a última vez, nem por isso as vendas caíram. Ao contrário, segundo o Secovi-SP, no acumulado de abril/2024 a março/2025 foram vendidas 108,3 mil unidades na cidade de São Paulo, 31% a mais, que o período anterior.
É essencial analisar o cenário de forma abrangente, considerando tanto o aumento do custo de crédito quanto os benefícios da valorização dos ativos reais. Se os juros estão altos, estão altos para toda a economia e não apenas para os financiamentos imobiliários. O ideal é analisar as opções de investimento disponíveis no momento, e decidir entre a melhor delas. É claro que nem sempre se ganha, mas quando você olha no longo prazo, os ativos reais estão lá, intactos e valorizados. Investir em imóvel é uma apólice de seguro patrimonial. Não há perda. Imóvel é segurança, é solidez real.
A alta na SELIC não deve desestimular aqueles que buscam comprar um imóvel, seja para investimento ou moradia. A diversificação de investimentos, aliada à resiliência do setor imobiliário, oferece oportunidades para transformar desafios em ganhos futuros. Portanto, a alta dos juros, ainda que represente um aumento no custo do crédito, não invalida o potencial dos imóveis como investimentos estratégicos e seguros. Com planejamento e uma visão de longo prazo, os desafios de hoje podem se converter em grandes oportunidades para quem deseja garantir segurança e valorização patrimonial no futuro.
• Por: Marcos Bigucci, advogado, diretor da Construtora MBigucci, mestre em Administração de Empresas pela Devry University – USA, MBA pela FGV/Brasil; e Certificado pela Harvard University – USA em Tecnologia e Empreendedorismo.