Especialista comenta que decisão amplia os custos cambiais e impõe desafios à competitividade. Para a economista Raissa Florence, decisão do BC mantém real valorizado, mas impõe desafios às empresas expostas ao dólar.
A expectativa da manutenção da Selic em 15% a partir da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) têm provocado atenção redobrada entre empresas com exposição ao mercado internacional. Segundo Raissa Florence, economista e sócia-diretora da Oz Câmbio, a postura ainda restritiva do Banco Central reforça a valorização do real no curto prazo, mas amplia o custo do crédito externo para companhias brasileiras.
—Mesmo com sinais de desaceleração da atividade e recuo das expectativas de inflação, o Copom pode optar por cautela diante da resiliência do mercado de trabalho e da inflação de serviços. Essa postura mantém o real valorizado, mas encarece o financiamento em moeda estrangeira, especialmente para quem depende de capital externo ou tem passivos em dólar—afirma Raissa.
A especialista aponta que a comunicação do Copom pode influenciar diretamente o comportamento das curvas de juros e o mercado de câmbio. —Se o Banco Central sinalizar cortes em 2026, mesmo que de forma gradual, há chance de alívio no dólar futuro. Caso contrário, o discurso mais duro exige estratégias de proteção mais robustas por parte das empresas —explica.
Enquanto isso, o Federal Reserve já deu início a um ciclo de cortes nos Estados Unidos, o que gera um descompasso relevante com a política monetária brasileira. —Esse diferencial de juros estimula a arbitragem, mas também torna o Brasil mais suscetível a choques externos, principalmente diante de incertezas fiscais. Isso aumenta a volatilidade e exige que o câmbio seja gerido com inteligência e previsibilidade— acrescenta.
Raissa Florence — Raissa Florence é economista e sócia-diretora da Oz Câmbio, corretora de câmbio sediada no Brasil com forte atuação em operações internacionais e análise macroeconômica. Com ampla experiência no mercado de câmbio, fluxos internacionais, política monetária e seus efeitos sobre países emergentes, Raissa é reconhecida por sua abordagem pragmática e analítica das grandes teses macroglobais.
Oz Câmbio — Corretora licenciada pelo Banco Central, a Oz Câmbio atua há 25 anos no mercado e transaciona mais de US$ 2,4 bilhões por ano em operações para pessoas físicas e jurídicas. Em 2023, lançou o principal FXaaS (Foreign Exchange as a Service) do Brasil, uma solução integrada via API e white label para operações internacionais. Em 2025, apresenta ao mercado a PartnerHub, plataforma que une gestão de clientes e câmbio em um só ambiente. | www.ozcambio.com.br.