O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, decisão amplamente esperada pelo mercado financeiro. O patamar, o mais alto em 19 anos, reflete o compromisso do BC com uma política restritiva diante de um cenário fiscal delicado, inflação persistente e aumento das incertezas políticas e econômicas. A expectativa é que a taxa permaneça nesse nível não apenas nesta reunião, mas também nas próximas, prolongando o período de estabilidade até que o cenário permita cortes mais consistentes.
Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, avalia que dessa vez o foco do mercado não está mais na taxa em si, mas na comunicação do Copom. —O comunicado será determinante para entender quando o Banco Central pode começar a reduzir os juros. Hoje, existe um consenso de que esse movimento só aconteça entre fevereiro e abril de 2026, com a Selic encerrando o próximo ano entre 12% e 13%. Não será um corte abrupto, mas um processo gradual de normalização—avalia o especialista.
Cunha ainda explica que os 15% atuais representam um patamar extremamente restritivo, necessário para conter pressões inflacionárias e compensar o aumento dos riscos fiscais. —Temos um governo que eleva gastos e benefícios sem o avanço de reformas estruturantes. Isso preocupa o mercado e mantém o chamado ‘prêmio de risco’ elevado. Além disso, 2026 é um ano eleitoral, e esse componente político impede uma flexibilização antecipada da política monetária—complementa.
No curto prazo, Paulo destaca que a manutenção da Selic não deve ter grandes impactos na economia nacional. —A economia brasileira dá sinais de cansaço, mas ainda não entrou em colapso. A desaceleração é parte do objetivo de uma taxa de juros mais alta, segurar a inflação por meio do desaquecimento da atividade. Por isso, existe a possibilidade do varejo registrar um Natal mais moderado, dentro do que já está precificado pelo mercado— comenta.
Como ficam os investimentos? De acordo com Cunha, o cenário de juros elevados reforça a atratividade da renda fixa, especialmente nos títulos prefixados e indexados à inflação (IPCA+). —Com a Selic em um nível tão alto, o investidor conservador encontra boas oportunidades para travar taxas de retorno acima da média histórica. Já para quem busca diversificação, o momento exige cautela com renda variável, mas abre espaço para a compra seletiva de ações descontadas, com foco em empresas sólidas—afirma.
iHUB Investimentos — A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 5,5 mil clientes, somando mais de R$2 bilhões em valores investidos sob custódia.