O avanço da ciência médica tem revolucionado o combate à obesidade, uma das maiores epidemias do século XXI. A recente aprovação da tirzepatida (Mounjaro) pela Agência nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o controle crônico do peso representa um marco nesse processo. Com resultados clínicos que apontam reduções médias de até 22,5% do peso corporal, o medicamento surge como uma esperança real para milhões de pessoas que convivem com o sobrepeso e suas comorbidades.
Mas toda revolução tem seu outro lado e, nesse caso, o desafio não é apenas biológico, mas também estético. A perda acelerada de gordura corporal promovida pela tirzepatida nem sempre é acompanhada pela capacidade da pele e dos tecidos de se readaptarem ao novo contorno do corpo. O resultado? Flacidez, perda de sustentação facial e corporal e, muitas vezes, um impacto negativo na autoestima de quem finalmente venceu a balança.
Essa realidade já começa a se refletir nos consultórios médicos e estéticos. O corpo emagrece, mas a pele nem sempre acompanhada. Surge, então, a necessidade de um novo olhar sobre o emagrecimento, que vá além da balança e considere o equilíbrio entre saúde, bem-estar e aparência.
Para lidar com essa nova demanda, profissionais da área têm desenvolvido protocolos integrados que unem ciência, estética e tecnologia. Entre as principais abordagens estão três pilares essenciais: estimulação de colágeno, para devolver firmeza e elasticidade à pele; sustentação óssea, fundamental para reequilibrar estruturas faciais afetadas pela perda de volume e reordenamento de tecidos, utilizando tecnologias capazes de combater a flacidez muscular e tissular.
Mais do que um simples tratamento estético, trata-se de uma oportunidade de se sentir mais confiante e em paz com a própria imagem, buscando a saúde da pele, do corpo melhorando a autoestima. O objetivo é fazer com que o resultado do emagrecimento seja também esteticamente saudável, garantindo harmonia e naturalidade. Afinal, perder peso é apenas uma etapa da jornada, mas o verdadeiro desafio está em reconstruir a relação com o próprio corpo.
A tecnologia tem sido uma aliada poderosa nesse novo paradigma. Ferramentas de monitoramento remoto e acompanhamento digital permitem rastrear hábitos, evolução clínica e resultados estéticos em tempo real. Estudos publicados na Nature Digital Medicine mostram que a integração entre medicina e tecnologia pode reduzir hospitalizações em quase 10% e aumentar o engajamento dos pacientes. É a chamada “saúde conectada”, uma tendência global que integra dados, ciência e comportamento humano.
O caso da tirzepatida deixa claro que a medicina do futuro não se resume a curar ou emagrecer, mas a promover equilíbrio. A saúde física, emocional e estética caminham juntas e ignorar uma delas é comprometer o todo.
A tirzepatida, portanto, simboliza mais do que um avanço farmacológico: é o início de uma nova era na relação entre corpo e mente. A ciência abre as portas, mas cabe a nós — médicos, profissionais da saúde e pacientes — trilhar um caminho em que a conquista da leveza venha acompanhada de autoconsciência, autoestima e harmonia.
• Por: Karine Maia, biomédica esteta.