—A América Latina enfrenta distúrbios econômicos crescentes e perdas financeiras decorrentes dos riscos climáticos físicos, de acordo com o último relatório da Moody’s. Os eventos climáticos recentes no Brasil, Colômbia, México e Chile têm ampliado o foco do mercado e das políticas desses países nas estratégias de adaptação e resiliência destinadas a mitigar os riscos de crédito para emissores dos setores público e privado. Pelo menos metade dos emissores desses quatro países estão moderadamente ou altamente expostos ao risco climático físico de acordo com nossa metodologia de fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) — particularmente em razão das secas, inundações, incêndios florestais, furacões, estresse térmico e aumento do nível do mar.
A dimensão territorial do Brasil o deixa vulnerável a inundações, secas e estresse térmico.As inundações severas no Rio Grande do Sul em maio de 2024 interromperam as operações de logística e transporte. Embora as implicações de crédito tenham durado pouco para o estado, com apenas impactos marginais nos serviços públicos, empresas petroquímicas e bancos, as inundações causaram danos significativos à infraestrutura residencial e de transporte. O plano climático do governo para 2024-2035 visa manter o crescimento anual do produto interno bruto (PIB) de 2.6% e, ao mesmo tempo, descarbonizar a economia. » Os riscos ambientais da Colômbia são decorrentes principalmente de inundações, precipitações extremas e secas. A Colômbia gera de 60% a 70% de sua eletricidade a partir de fontes hidrelétricas, deixando sua matriz energética altamente sensível às secas e eventos cíclicos do El Niño. Os objetivos do plano nacional de adaptação (PNA) do país incluem a redução da dependência de energia hidrelétrica, mas as restrições fiscais, altas taxas de juros e volatilidade cambial o impedem de financiar investimentos em fontes renováveis em grande escala, enquanto o investimento privado enfrenta custos elevados de financiamento e riscos de execução de novos projetos.
A população e o PIB do México estão fortemente expostos ao risco climático físico. O furacão Otis em outubro de 2023 causou cerca de USD15 bilhões em danos à infraestrutura e imóveis em Acapulco, que representa 70% do PIB do estado de Guerrero. O evento foi o terceiro maior em termos de seguros da história do país e provocou danos significativos à infraestrutura turística. O PNA do México está sendo desenvolvido como uma política abrangente para coordenar a adaptação entre os setores.
O Chile é vulnerável a vários riscos climáticos físicos, com vulnerabilidades em todos os setores e classes de ativos. Os incêndios interromperam a atividade florestal no sul do país no início de 2023 e deixaram um rastro de destruição nas cidades costeiras centrais de Viña del Mar e Valparaíso no início de 2024. Os esforços de adaptação e mitigação climática chilenos se concentram em transporte limpo, eficiência energética, energia renovável, uso da terra e gestão dos recursos hídricos resiliente ao clima. O PNA do Chile apoia sistemas de alerta precoce e restauração de ecossistemas, garantindo mais financiamento do que seus pares regionais— diz Moody’s.