Maiores produtores de etanol do Brasil, em apoio ao projeto piloto da Maersk, reafirmam o protagonismo nacional na transição energética e posicionam o etanol como alternativa viável para o setor naval.
A.P. Moller – Maersk e Everllance, gigantes globais de transporte marítimo, após o recente ciclo de discussões da Organização Marítima Internacional (IMO) sobre o futuro marco regulatório de emissões, apresentaram em uma iniciativa de apoio ao plano mundial de descarbonização do setor naval o seu posicionamento conjunto, que visa sublinhar a importância de soluções de baixo carbono com escala e disponibilidade imediata. A despeito do resultado das discussões sobre o Net-Zero Framework (NZF), Maersk, Everllance e os produtores brasileiros de etanol mantêm seu foco em soluções tangíveis para um futuro mais limpo. Na ocasião, também estiveram presentes as principais produtoras e comercializadoras de etanol do Brasil, como Atvos, Copersucar, FS, Inpasa e Raízen.
Etanol: solução comprovada, acessível e pronta para uso — O posicionamento conjunto fortalece a posição técnica e regulatória do Brasil no debate internacional, evidenciando que a transição energética não depende de um único marco regulatório. Em diversos países, o etanol já é amplamente utilizado como aditivo ou combustível direto no transporte rodoviário.
No setor marítimo, a escala produtiva consolidada e sustentável do etanol brasileiro é uma vantagem competitiva inegável. Testes realizados com sucesso utilizaram o etanol e um blend E10 em navios dual-fuel (bunker e metanol). Esta iniciativa de sucesso abre caminho para novas alternativas sustentáveis de propulsão naval, demonstrando a prontidão da solução.
A Maersk seguirá com o teste-piloto na embarcação Laura Maersk até o final de novembro. A empresa avalia se há alguma diferença entre o metanol padrão e o E10 em termos de qualidade de ignição, ou seja, na forma como os combustíveis queimam, se há diferença ou semelhança na corrosão e na lubrificação e, não menos importante, se as emissões são diferentes entre os dois. O motivo da mistura é ampliar a disponibilidade e o pool de fornecimento para navios de combustível duplo.
A Laura Maersk é uma embarcação que tem capacidade de transportar 2.100 TEUs (Contêineres de 20 pés) que atende clientes no Mar Báltico. Foi o primeiro navio porta-contêineres movido a metanol do mundo.
Brasil como protagonista da transição energética —Ao apoiar a iniciativa da Maersk, as produtoras e comercializadoras reforçam o compromisso do Brasil em buscar um futuro energético mais limpo, competitivo e baseado em fontes renováveis alinhados a agenda ambiental e os esforços globais pela neutralidade de carbono, independentemente dos ritmos regulatórios internacionais.
— Este é um momento memorável, possível graças à soma de muitos esforços. Para o transporte marítimo, a escala de produção existente do etanol é uma vantagem e poderia fornecer uma terceira opção de combustível para motores a metanol de combustível duplo. A colaboração entre produtores, usuários e reguladores de etanol será essencial para compreendermos melhor o seu papel no panorama energético futuro do setor— afirma Morten Bo Christiansen, senior vice-presidente, head de Transição Energética da A.P. Moller – Maersk.
—O etanol, já utilizado em grande escala em outros setores de transporte, é um dos vários combustíveis alternativos que merecem uma avaliação técnica e regulatória mais aprofundada. O Brasil demonstra capacidade de produzir etanol de forma sustentável, com potencial de crescimento e atendendo às mais rigorosas regras de certificação, o que é fundamental para a descarbonização global do setor— diz Danilo Veras, vice-presidente de Políticas Públicas e Regulatórias para a América Latina da A.P. Moller – Maersk.
Oportunidade econômica e industrial — A validação do etanol no transporte marítimo representa enorme oportunidade para o Brasil, maior produtor global de combustíveis renováveis. Em uma projeção conservadora, se apenas 10% da demanda projetada de bunker (combustível marítimo) em 2030 for substituída por etanol, a demanda resultante seria equivalente a toda a produção atual do país — um impulso expressivo para a economia nacional, geração de empregos e novos investimentos em infraestrutura, inovação e certificação — a safra recorde de 2024/2025 foi de 34,96 bilhões de litros.
O apoio das produtoras evidencia a maturidade e prontidão da cadeia nacional para integrar soluções energéticas renováveis no mercado internacional.
Rumo a um padrão global robusto e baseado em dados —As produtoras defendem a urgência de um padrão global sólido para combustíveis, baseado em emissões de ciclo de vida e transparência, garantindo que a transição utilize as soluções mais eficientes e disponíveis.
—Apoiamos plenamente o trabalho futuro da IMO para analisar a compatibilidade do etanol com tecnologias marítimas, a competição por matérias-primas, o ciclo de vida e os processos de certificação. A colaboração contínua entre produtores, usuários e reguladores será essencial para consolidar o papel do etanol na matriz energética do setor, e continuaremos a investir e demonstrar a viabilidade do etanol, independentemente dos desafios regulatórios que se apresentem— concluem as produtoras brasileiras de etanol.