moodys

16/10/2025

Crédito privado ganha força como fonte alternativa de financiamento na América Latina, diz Moody’s

Segmento atingiu USD 14,9 bilhões em dezembro de 2024, ante USD 4,2 bilhões em dezembro de 2015; Brasil responde por 70% dos ativos sob gestão da região.

À medida que a demanda por capital cresce globalmente, os reguladores reduzem as restrições aos mercados de dívida privada. Segundo relatório da Moody’s, a capacidade desses mercados de fornecer capital flexível é cada vez mais valiosa à medida que as empresas se concentram no crescimento doméstico e na infraestrutura, particularmente em um contexto de desglobalização e relocalização dos negócios. Nesse cenário, a crescente demanda da América Latina por financiamento de infraestrutura e de reestruturação de dívida está impulsionando um mercado de crédito privado incipiente. Depois de anos de cautela após a crise financeira global de 2008, as gestoras de ativos alternativos estão agora intervindo para preencher as lacunas de financiamento.

O ímpeto de crescimento do crédito privado na América Latina ainda está em estágios iniciais. Embora o crédito privado da região seja relativamente pequeno, ele vem aumentando rapidamente, atingindo USD14.9 bilhões em dezembro de 2024, ante USD4.2 bilhões em dezembro de 2015. O Brasil responde por 70% dos ativos sob gestão da região (AUM, em inglês). Os empréstimos diretos para empresas de médio porte, financiamento de infraestrutura e de dívidas inadimplente são tipos comuns de negócios. Embora o crescimento tenha sido forte, a região representa apenas 0.6% do mercado de crédito privado global. Esperamos uma continuidade do forte crescimento em consequência da base baixa de comparação, mas em uma escala menor que a observada na Europa, Oriente Médio e África (EMEA, em inglês) e EUA.

O crédito privado está emergindo no financiamento de infraestrutura em razão da limitação de financiamento público e da contenção bancária. À medida que os fundos públicos e os bancos reduzem o financiamento disponível para projetos de longo prazo, o crédito privado está fornecendo estruturas flexíveis e personalizadas, permitindo que os investidores assumam posições seniores e com garantias e apoiem projetos, especialmente de transição energética e infraestrutura digital. Esse financiamento alternativo ajuda empresas que não conseguem acessar os empréstimos bancários tradicionais, mas a gestão de riscos rigorosa e devida diligência continuam a representar desafios essenciais para uma expansão maior na região.

Os mercados de capitais locais do Brasil amadureceram, ampliando as perspectivas de crédito privado. Os mercados de capitais locais brasileiros se aprofundaram nos últimos 15 anos, com o surgimento de grandes plataformas de investimento, que aumentaram a liquidez e o apetite por prazos mais longos e empresas menores. O AUM do setor de investimentos brasileiro teve uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, em inglês) de 16% em cinco anos, à medida que os investidores de varejo migraram dos depósitos tradicionais para os mercados de capitais. Essa liquidez adicional também pode fluir cada vez mais para o crédito privado, apoiando a expansão de novos meios de financiamento para empresas, enquanto os fundos buscam rendimentos e alocações alternativas.

Os bancos ainda são os principais provedores de crédito da região. Os grandes bancos dominam esses mercados, graças às taxas de juros de dois dígitos e aos problemas associados aos mercados de capitais subdesenvolvidos na maior parte da região. Os obstáculos persistentes na execução de garantias e na recuperação de crédito deram aos bancos tradicionais uma grande vantagem na concorrência nos mercados financeiros regionais.