Prefeito do Rio de Janeiro anuncia um novo centro de pesquisa em direção autônoma ao lado do fundador da montadora chinesa. Investimentos na ordem de 38,6 milhões de yuans, (cerca de R$30 milhões).
A BYD Co. Ltd. (HKG: 1211) está aprofundando sua presença no Brasil. A montadora chinesa, que recentemente inaugurou uma fábrica de veículos elétricos de grande porte em Camaçari, Bahia, agora estabelecerá um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Rio de Janeiro com foco em direção autônoma e tecnologias de combustível inteligente.
O anúncio foi feito pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ao lado do fundador e presidente da BYD, Wang Chuanfu, e da vice-presidente Stella Li. A nova instalação ficará localizada perto do Aeroporto do Galeão, dando aos visitantes internacionais um primeiro vislumbre da crescente presença industrial da China no Brasil.
— Teremos toda a P&D da BYD para direção autônoma sediada aqui no Rio de Janeiro — disse Paes no dia 11 de outubro (sábado). —É um grande passo para a inovação em nossa cidade.
— Toda a parte de pesquisa e desenvolvimento de veículos autônomos será aqui no Rio de Janeiro. O investimento é totalmente privado. Esse é um namoro antigo. Aquela área fica próxima a instituições de qualidade como a Coppe e o Parque Tecnológico do Fundão. E faz parte de uma estratégia para revitalizar e desenvolver o Galeão — complementou Paes.
O laboratório, que contará inclusive com uma pista de testes que se assemelha a um miniautódromo, ficará num terreno do Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão.
O complexo terá 183,8 mil metros quadrados com acesso pela Avenida Rio de Janeiro. Ao lado do prédio de escritórios, será construída uma pista de testes, projetada com nove curvas. Será montada ainda uma espécie de showroom, com cerca de 1,5 mil metros quadrados para que visitantes conheçam os carros fabricados pela montadora.
A ideia é que esse showroom tenha de cinco a sete modelos por dia. Em parte da área será construída uma espécie de piscina para simular a circulação dos automóveis em caso de chuvas, com a água chegando ao capô da linha de luxo da montadora (séries Yangwang). Passarelas cobertas serão instaladas para que os técnicos e convidados possam observar os testes de desempenho.
Em outra parte do complexo, será possível simular o desempenho do carro por estradas não asfaltadas. O custo do projeto chega a 38,6 milhões de yuans, ou cerca de R$ 30 milhões.
Além do centro de pesquisas, a montadora estuda implantar um segundo showroom, provavelmente na Ilha do Governador. Lá seria apresentado o modelo Denza, a linha de luxo de utilitários esportivos (SUVs).
A área já tem um conglomerado com vários centros tecnológicos — A área fica próximo a instituições de qualidade como a Coppe e o Parque Tecnológico do Fundão. Também do Centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal, que fica na Cidade Universitária (Fundão), dentro do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele é voltado para o desenvolvimento de produtos cosméticos adaptados ao mercado brasileiro e sul-americano, com foco em sustentabilidade, e é um dos seis centros globais da empresa.
Contexto Global — A mudança ocorre poucos dias após a BYD inaugurar sua fábrica em Camaçari (BA). Construído no antigo terreno da Ford, o complexo representa um investimento de US$ 620 milhões e marca a principal base de produção da montadora na América Latina.
A vice-presidente Stella Li disse que o laboratório no Rio de Janeiro adaptará os sistemas híbridos flex-fuel e de “combustível inteligente”, o chamado ‘combustível flex’, mais avançados da BYD às condições locais, em colaboração com universidades brasileiras. —Traremos a tecnologia automotiva mais avançada da China e a desenvolveremos em conjunto com as equipes locais de P&D —disse ela.
A escolha do Rio também tem um peso simbólico. Paes trabalhou na BYD durante seu período fora da prefeitura — um detalhe que ressalta o alinhamento entre a política municipal e a diplomacia industrial. A parceria ilustra como o investimento chinês está remodelando o mapa automotivo do Brasil.
Para a BYD, a capacidade de pesquisa local é fundamental para sua expansão na América Latina. O novo centro poderá servir como um laboratório de testes para sistemas de direção autônoma projetados para ambientes de mercados emergentes, onde os padrões de tráfego e a infraestrutura diferem bastante da China e da Europa.