De instalação e manutenção.
A geração de energia solar cresce a cada ano e o Brasil já tem mais de 57 gigawatts (GW) de potência instalada, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A energia solar já é a segunda maior fonte na matriz brasileira, e corresponde a 22% de toda a capacidade instalada da matriz elétrica, perdendo apenas para hídrica, capaz de gerar 110 GW.
Ainda de acordo com a Absolar, a maior parte da geração de energia solar, 37,6 GW é originária de sistemas de geração própria, instalados em telhados ou quintais de mais de cinco milhões de imóveis residenciais, comerciais ou propriedades rurais, distribuídos em mais de 5,5 mil municípios em todos os estados brasileiros. O restante é originário das usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Apenas no período de janeiro a março de 2025 os consumidores instalaram mais de 147 mil sistemas solares, que passaram a abastecer cerca de 228,7 mil imóveis. Entre os imóveis abastecidos pela geração de energia própria, as residências lideram, com 69,2%, os comércios corresponda 18,4% e as propriedades rurais com 9,9%, vêm em seguida.
Benefícios ambientais e econômicos — O avanço da energia solar gera benefícios ambientais e econômicos. Segundo a Absolar, a energia fotovoltaica já evitou a emissão de cerca de 66,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade no Brasil e desde 2012 o setor trouxe para o país mais de R$ 251,1 bilhões em novos investimentos, criou mais de 1,6 milhão de empregos e contribuiu com mais de R$ 78 bilhões em impostos.
Segundo levantamento do Portal Solar, marketplace especializado no segmento, em 2019 o Brasil já tinha mais de 10 mil empresas no setor de energia solar e a maior parte atuando no setor de energia distribuída, por meio da venda de equipamentos e serviços de instalação. Com tantas opções de prestadores de serviço, o consumidor precisa ter atenção no processo de escolha e avaliar não apenas com base no desempenho e no custo, mas também na segurança no processo de instalação e durante a operação do sistema.
Enquanto as usinas de energia fotovoltaica conectadas ao SIN são desenvolvidas, em sua maioria, por empresas com décadas de experiência em projetos e na construção de usinas de geração de energia, crescem em menor quantidade, o que facilita a fiscalização por parte dos órgãos públicos e são construídas longe de centros urbanos povoados, que em caso de acidentes gera menos riscos às pessoas. As instalações de geração própria crescem em uma velocidade maior, são feitas, muitas vezes, em residências e empresas dentro de centros urbanos, o que demanda cuidados para garantir a segurança das pessoas que usam o imóvel.
Em agosto deste ano, um incêndio em um supermercado no município de Nova Monte Verde (MT), que segundo o Corpo de Bombeiros teve origem no sistema fotovoltaico, reacendeu a importância do debate sobre as boas práticas para garantir a segurança no processo de instalação e na manutenção dos sistemas fotovoltaicos.
Importância das normas para a segurança — Assim como as usinas geradoras, os sistemas de geração de energia solar própria também precisam seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A instalação precisa estar de acordo com a ABNT NBR 16690:2019 – Instalações elétricas de arranjos fotovoltaicos, que estabelece os requisitos de projeto das instalações de arranjos fotovoltaicos; e a NBR 5410, sobre instalações elétricas de baixa tensão, também aplicada aos sistemas fotovoltaicos para garantir a segurança e o funcionamento adequado.
Além disso, o processo de homologação de um sistema fotovoltaico on grid, conectado à rede pública de energia, junto à distribuidora exige que os equipamentos usados sejam certificados pelo Inmetro e os projetos devem estar de acordo com o Módulo 3 do Prodist (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional), que regula os procedimentos para a conexão de novos acessantes, sejam consumidores ou geradores de energia, ao sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil.
Tanto o projeto como a instalação devem ter um responsável técnico habilitado, com registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e ainda é necessária a emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), que visa garantir a segurança e qualidade do projeto e precisa ser assinada pelo responsável pelo projeto e por sua execução.
Componentes precisam ser homologados — Uma forma de avaliar a qualificação de uma empresa é saber se ela tem parceria com fabricantes de equipamentos homologados. Boas empresas mantêm parceria com os principais fabricantes e os equipamentos precisam seguir normas que avaliam sua performance e sua segurança.
No caso das placas fotovoltaicas, por exemplo, é necessário que os equipamentos estejam em conformidade com a ABNT NBR 61853, que estabelece diretrizes para avaliar a performance dos módulos em diferentes condições de irradiação e temperatura. Mas para garantir a segurança é necessário que os módulos estejam em conformidade com a NBR 16150, que especifica os requisitos de segurança para módulos fotovoltaicos.
O string box, equipamento essencial para a segurança dos sistemas fotovoltaicos, pois reúne e protege as conexões dos módulos e contém dispositivos como disjuntores, fusíveis, seccionadores e dispositivos de proteção contra surtos (DPS), não tem uma norma exclusiva, mas para garantir a segurança, o conjunto montado deve atender à ABNT NBR IEC 61439, que rege painéis e quadros elétricos de baixa tensão e os componentes devem atender suas normas específicas.
O invólucro, que protege os componentes internos precisa estar em conformidade com a NBR IEC 60529, que classifica os graus de proteção contra sólidos, como poeira, e contra líquidos, como a chuva. Os fusíveis em conformidade com a NBR IEC 60269, que estabelece os requisitos para todos os tipos de fusíveis; os disjuntores com a NBR IEC 60947, que estabelece as regras para os dispositivos de manobra de baixa tensão; e os dispositivos de proteção contra surtos (DPS), que protege o sistema contra picos de tensão, como raios, precisam estar em conformidade com a NBR IEC 61643.
Já os inversores, que convertem a energia gerada em corrente contínua pelos painéis solares em corrente alternada, utilizada por residências, empresas e a rede elétrica, devem seguir a ABNT NBR IEC 62109-1 e 62109-2, que estabelecem as diretrizes e testes para garantir a segurança em termos de proteção elétrica, gestão térmica e adaptabilidade ambiental. Estes equipamentos também precisam seguir a NBR IEC 62116, que estabelece os procedimentos de ensaio de anti-ilhamento para garantir que ao detectarem uma falha na rede elétrica, desliguem-se automaticamente.
Por estar exposto ao ambiente, o sistema fotovoltaico também precisa de manutenção periódica para evitar o acúmulo de sujeira nos painéis, o que compromete a geração de energia, e retardar a oxidação de componentes como cabos, conectores, string boxes, e que devem ser feitas por empresas especializadas.
A frequência da manutenção pode variar conforme a região onde está localizado o imóvel em que o sistema foi instalado. As regiões com muita poeira ou costeiras demandam manutenções com mais frequência. Além de estar em conformidade com a ABNT NBR 16690:2019, a manutenção precisa estar de acordo com a NR-10 (Norma Regulamentadora nº 10 do Ministério do Trabalho), que estabelece os requisitos para garantir a segurança dos trabalhadores que interagem com instalações e serviços elétricos e, quando necessário, com a NR-35, que estabelece os requisitos mínimos de segurança para o trabalho em altura.
Não há dúvidas de que a adoção dos sistemas de energia fotovoltaica gera benefícios às pessoas. Além de possibilitar reduzir a conta de luz, a tecnologia permite que residências sem acesso à rede pública possam ter uma fonte de energia mais limpa do que um gerador movido a combustível fóssil. Mas para que a adoção do sistema ocorra com segurança é necessário que todo o processo seja feito por empresas que cumpram as certificações técnicas e usem apenas equipamentos homologados.
• Por: Vinicius Gibrail, diretor da Divisão de Produtos Solares e Comerciais da TÜV Rheinland na América do Sul|TÜV Rheinland — 150 anos fazendo do mundo um lugar mais seguro: TÜV Rheinland é um dos principais provedores mundiais de serviços de teste e inspeção, com receitas anuais superiores a 2,7 bilhões de euros e aproximadamente 27.000 funcionários em mais de 50 países. Seus especialistas altamente qualificados testam sistemas e produtos técnicos, estimulam a inovação e ajudam as empresas em sua transição para maior sustentabilidade. Eles capacitam profissionais em diversos campos e certificam sistemas de gestão conforme normas internacionais. Com expertise excepcional em áreas como mobilidade, fornecimento de energia, infraestrutura e além, a TÜV Rheinland oferece garantia de qualidade independente, não menos para tecnologias emergentes como hidrogênio verde, inteligência artificial e direção autônoma. Dessa forma, a TÜV Rheinland contribui para um futuro mais seguro e melhor para todos. Desde 2006, a TÜV Rheinland é signatária do Pacto Global das Nações Unidas, que promove a sustentabilidade e combate a corrupção. A sede da empresa está localizada em Colônia, Alemanha. | Website: www.tuv.com