Transformação demográfica impõe ajustes no layout das lojas, portfólio de produtos e atendimento ao cliente.
O perfil do consumidor brasileiro está mudando rapidamente. De acordo com o IBGE, mais de 32 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais em 2022 — o equivalente a 15,8% da população. E a tendência é de crescimento acelerado: até 2070, essa faixa deve representar quase 40% dos brasileiros.
Para o setor supermercadista, esse cenário abre uma janela estratégica de oportunidades, mas também exige mudanças estruturais e culturais nas lojas.
Mais do que uma questão demográfica, trata-se de um novo perfil de consumo. O público 60+ costuma ser mais fiel às marcas, valoriza qualidade, conveniência e clareza nas informações. Muitos possuem maior poder aquisitivo, fazem compras mais frequentes em menor volume e buscam uma experiência mais confortável e respeitosa — tanto no ambiente físico quanto nos canais digitais.
Segundo o presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiróz, o envelhecimento da população impacta toda a jornada de compra. —Não se trata apenas de adaptar o espaço físico, mas de compreender os valores e as expectativas desse consumidor. Esse público prioriza produtos saudáveis, funcionais e confiáveis, mesmo que tenham um custo mais elevado. A experiência de compra precisa ser clara, acolhedora e sem obstáculos. Quem se adiantar nesse processo terá vantagem competitiva clara —afirma o executivo.
Quais ajustes os supermercados devem considerar? Para atender aos clientes 60+, supermercados devem priorizar um layout acessível, com corredores amplos, sinalização clara, boa iluminação e áreas de descanso. Esses ajustes melhoram a experiência de compra e garantem mais segurança e conforto.
No mix de produtos, vale apostar em embalagens práticas, rótulos legíveis, porções menores e alimentos funcionais ou prontos para o consumo, sempre com foco em saúde e conveniência. Entre os serviços, ganham destaque o delivery facilitado, programas de assinatura e atendimento humanizado, com orientação clara e escuta ativa.
Na comunicação, é essencial adotar uma linguagem respeitosa, livre de estereótipos, valorizando vitalidade, autonomia e bem-estar.
Por fim, capacitar as equipes para atender com empatia e sensibilidade é um diferencial competitivo, que reforça a fidelização e fortalece a imagem da marca.
Exemplos internacionais e oportunidades no Brasil — Para o presidente da Asserj, países como Japão, Alemanha e Itália são referência na adaptação do varejo ao envelhecimento da população. No Japão, por exemplo, supermercados já oferecem carrinhos que se transformam em andadores, etiquetas com letras grandes e lojas menores, próximas das residências.
A Asserj reforça que o tema já está no radar das principais redes do estado. Para a entidade, é essencial que os supermercados adotem um olhar mais estratégico sobre o público 60+, investindo em inovação, inclusão e atendimento qualificado. A fidelização desse consumidor pode gerar não apenas maior volume de vendas, mas também relacionamentos duradouros e sustentáveis com a marca.
Asserj — Foi com um pequeno número de associados que nasceu a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), mais precisamente em 1969, um ano após a atividade supermercadista ser definida e regulamentada no País. Criada com o intuito de fortalecer e defender a cadeia supermercadista do Estado, a Asserj atendeu bem ao seu objetivo principal. Há mais de cinco décadas representando e defendendo os interesses do setor, a Asserj adquiriu know how no setor supermercadista, oferecendo aos seus associados cursos de aperfeiçoamento, palestras, consultoria e assessoria na área jurídica, gestão, recursos humanos, prevenção de perdas, alimentos seguros, marketing, além de muitas outras atividades relevantes para o setor. | https://asserj.com.br