O setor pecuário brasileiro é crucial para a economia nacional, sendo responsável por 20-25% do PIB do agronegócio, movimentando bilhões de reais anualmente. Além da carne, o setor contribui com a produção de leite, couro, gelatina, bioenergia (biogás) e outros produtos, gerando impacto significativo na balança comercial. Sob o prisma do papel do gado bovino neste cenário, é relevante recordar que o Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, atendendo a mais de 150 países, com destaque para China, Estados Unidos e Europa.
Toda essa importância é refletida em empregos direto no campo, na indústria de transformação, na cadeia logística e no comércio de insumos agropecuários. São milhões de empregos gerados na criação, manejo do rebanho e atividades relacionadas (inseminação, combate a pragas, suplementação etc.) que se somam a outras milhares de oportunidades movimentadas nos frigoríficos, laticínios e curtumes, gerando renda em áreas urbanas e periurbanas. A demanda elevada de transporte, comercialização e exportação, cria empregos em setores como rodoviário e portuário, enquanto a cadeia de fertilizantes, vacinas, suplementos e equipamentos impulsiona diretamente a economia local e nacional.
Não são poucos nem simples os desafios enfrentados pelos pecuaristas hoje no País para manter a estima do bovino na economia doméstica e para estimular inovações no setor. Na seara da sustentabilidade, por exemplo, os empresários rurais enfrentam a pressão ambiental para reduzir emissões de gases de efeito estufa e preservar florestas. O contexto de mudanças climáticas adiciona a esta operação oscilações no clima que dificultam o manejo de pastagens e a suplementação alimentar. A sanidade animal também entra nesta equação. É preciso estar atento a defesa contra doenças como febre aftosa e brucelose, que afetam a produtividade e podem comprometer exportações. Os custos de produção também não aliviam, com a alta dos preços de fertilizantes, grãos e outros insumos, impactando a rentabilidade do pecuarista. Por fim, mas não menos importante, o empresário desta área ainda precisa buscar melhorar a comunicação sobre boas práticas e combater a percepção equivocada de que a pecuária não é sustentável.
O percurso é sinuoso, mas o produtor brasileiro tem experiência e resiliência para contornar os obstáculos e se manter como um dos setores mais relevantes para o PIB nacional. O caminho para essa intensificação sustentável passa pela amplificação do uso da terra em áreas agrícolas aliada ao aumento da eficiência dos sistemas de produção, de maneira que proporcione menor pressão ao meio ambiente e não elimine a capacidade de continuar produzindo alimentos no futuro.
É crescente e qualificado o número de exemplos de que a pecuária também pode ser praticada de forma sustentável, com a adoção de práticas de manejo que visam a preservação do meio ambiente, a redução de impactos ambientais e o bem-estar animal. E, assumindo seu protagonismo nesta história, o pecuarista também tem investido em tecnologia e práticas inovadoras para aumentar a produtividade, a eficiência e a qualidade da produção, além de reduzir os custos.
• Por: Ary Rodrigues Jr, CEO da Axia Agro.