Operação marca a integração de Roraima ao Sistema Interligado Nacional e conclusão de todos os estados brasileiros conectados.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) iniciou, no dia 10 de setembro (quarta-feira), a energização do Linhão Manaus–Boa Vista, em solenidade que contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; do diretor-geral do ONS, Marcio Rea; e dos diretores Christiano Vieira (Operação), Elisa Bastos (Assuntos Corporativos) e Maurício de Souza (TI, Relacionamento com Agentes e Assuntos Regulatórios). O evento foi realizado nos Centros Nacional e Regional de Operação Norte/Centro-Oeste, no prédio do Operador, em Brasília.
A operação marca o início do processo de energização da conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). —Este é um marco histórico para a segurança energética nacional. Roraima era o único estado que estava fora do sistema. A energização traz maior confiabilidade, qualidade no fornecimento à população e desenvolvimento econômico, reduzindo custos e levando energia limpa para a região— declarou o diretor-geral do ONS, Marcio Rea.
O Linhão representa um avanço estratégico para o Brasil ao permitir o fornecimento de energia renovável, segura e mais barata para Roraima, com sustentabilidade ambiental e modicidade tarifária.
Com a entrada em operação do Linhão, estima-se a redução de cerca de 280 mil toneladas de CO₂ decorrentes de geração não-renovável a cada ano. Além disso, o empreendimento colabora com a liderança do Brasil na transição energética e amplia o acesso à internet de qualidade na região, já que a infraestrutura abrirá caminho para expansão da rede de fibra óptica no estado. Com investimento de R$ 3,3 bilhões, a linha de transmissão de 724 km de extensão foi construída pela concessionária Transnorte Energia (TNE), que tem como acionistas a Eletrobras, que lidera o negócio com 64,6% de participação, e a Alupar.
A Linha de Transmissão Manaus–Boa Vista completará o mapa energético do Brasil. Serão incorporados 724 quilômetros de extensão de linha, em circuito duplo de 500 kV, ao sistema, que já conta com mais de 170 mil quilômetros de linhas de transmissão. Christiano Vieira, diretor de Operação, destacou que a energização da Linha reforça o compromisso do ONS com a sociedade. —Essa integração nos permitirá levar energia de qualidade do Sistema Interligado Nacional para todos os cidadãos do país. Isso nos dá muita alegria por estar alinhado aos valores e propósito do Operador —ressaltou.
—A entrega da Linha de Transmissão Manaus–Boa Vista é estratégica para o setor elétrico e reafirma a capacidade da Eletrobras, ao lado de seus parceiros, de realizar projetos estruturantes com alta complexidade técnica, logística, ambiental e social. A interligação de Roraima ao SIN é um feito histórico e uma resposta à necessidade da região, mas também um passo relevante para a eficiência do sistema, redução de custos estruturais e valorização dos ativos em um mercado cada vez mais dinâmico e orientado à sustentabilidade — avalia Ivan Monteiro, presidente da Eletrobras.
Já o presidente da Alupar, Paulo Godoy, considera que —a TNE representa um projeto emblemático para o setor elétrico brasileiro e um marco histórico na trajetória da Alupar já que, ao integrar o último estado isolado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), amplia a segurança energética, promove inclusão e impulsiona o desenvolvimento sustentável do estado de Roraima e do país, reduzindo custos aos consumidores e a necessidade de geração local emergencial—.
Segundo ele, —sua implantação reflete a disciplina e a reconhecida capacidade de execução da Alupar, em conjunto com nossos parceiros e com o envolvimento ativo das comunidades locais, que tiveram papel essencial na concretização desse avanço para o Brasil—.
Com investimentos de cerca de R$ 3,3 bilhões, o empreendimento contemplou a construção de 1.390 torres, desde a subestação Eng. Lechuga, em Manaus, no Amazonas, até a subestação Boa Vista, na capital de Roraima. Ela atravessa nove municípios entre estes dois estados (AM-RR).—A interligação permitirá o aumento de uso das renováveis e abrirá espaço para que chegue até Roraima a energia sustentável, que é tão abundante nas outras regiões — concluiu o diretor-geral do ONS.
A conclusão da obra representa um avanço institucional inédito no setor elétrico. Com o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, em reconhecimento à complexidade e aos impactos advindos do longo período de paralisação das obras, a Receita Anual Permitida (RAP) do empreendimento foi revisada para R$ 561,7 milhões e a concessão foi alongada de 17 para 27 anos, o que garantiu viabilidade ao projeto, e privilegiou o consumidor final, via modicidade tarifária.
O projeto ainda contou com financiamentos expressivos, com a injeção de R$ 800 milhões do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e R$ 1,7 bilhão do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), primeiro repasse do FDA pela Caixa e valor recorde de desembolso do Fundo.
Projeto paradigmático e sustentável — Desde a retomada das obras, em setembro de 2022, o projeto, que tem 122 quuilômetros de extensão do Linhão na Terra Indígena Waimiri Atroari, contou com a participação ativa dos indígenas. Eles acompanharam todas as etapas do licenciamento e da execução, inclusive com atuação direta no planejamento e na fiscalização das atividades realizadas em seu território.
Um exemplo foi a instalação das torres de transmissão, cuja localização foi definida em conjunto com as lideranças indígenas. Para privilegiar áreas de vegetação secundária, as torres foram posicionadas próximas à faixa de domínio da BR-174 e a distâncias que variaram entre 30 e 50 metros.
Para reduzir a intervenção ambiental, as praças de obras foram projetadas com dimensões menores do que as tradicionalmente utilizadas. Todas as torres que cruzam a Terra Indígena são autoportantes e alteadas, com cerca de 100 metros de altura, o que viabilizou a passagem dos cabos condutores acima das copas das árvores. Além disso, o lançamento dos cabos foi feito com o uso de drones e dispensou a necessidade de abertura de faixas contínuas de serviço entre as torres.
Além de todo o respeito e cuidado técnico, com as outras ações ambientais foi possível concluir a obra com o reflorestamento de 165 hectares de floresta recuperada no Território Indígena. Complexa por todas as suas vertentes, a implantação do Linhão —no prazo repactuado e em condições de equilíbrio para todas as partes envolvidas – atesta a capacidade brasileira de empreender e realizar grandes obras de infraestrutura.
ONS — O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é responsável pela coordenação e pelo controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), além do planejamento da operação dos sistemas isolados do país. Sob o comando do ONS estão 161 hidrelétricas em 22 bacias hidrográficas, de múltiplos proprietários, que deverão totalizar quase 110GW no SIN até 2029. Atualmente, a matriz elétrica brasileira é considerada um exemplo mundial de sustentabilidade, visto que cerca de 90% da energia elétrica produzida vem de fontes renováveis. O Operador mantém equipes atuando durante sete dias por semana, 24 horas por dia, em salas de controle localizadas no Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Florianópolis.