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10/09/2025

Tecnologia é parte da Revolução Verde

A combinação entre tecnologia e sustentabilidade está se consolidando como uma das principais alavancas de transformação do século XXI. Em um mundo pressionado pelas mudanças climáticas, pela escassez de recursos naturais e pelo aumento dos desastres ambientais, soluções baseadas em inteligência artificial, sensores inteligentes, robótica e automação vêm ganhando protagonismo. Essa nova fronteira tecnológica está impactando diretamente setores estratégicos como saneamento, defesa civil e infraestrutura, promovendo ganhos em eficiência, previsibilidade e respostas ágeis a crises.

Na área de recursos hídricos, o uso de tecnologias de monitoramento inteligente está mudando o jogo. Sistemas com IA já identificam variações no nível da água em tempo real, gerando alertas automáticos em caso de eventos não-programados. Câmeras e sensores detectam alterações na coloração, objetos flutuantes e interrupções de fluxo em dutos e tubulações — tudo isso antes que os problemas virem emergências. Esses dispositivos vêm aumentando o controle operacional e reduzindo os riscos ambientais e sanitários associados à água contaminada ou mal distribuída.

Um exemplo concreto dessa inovação é a Cedae, no Rio de Janeiro, que adquiriu 14 kits inteligentes para apoiar o tratamento e monitoramento da água. A iniciativa visa prevenir incidentes, reduzir perdas e aumentar a transparência na gestão hídrica. Trata-se de uma aplicação direta da transformação digital a um serviço essencial — e que, por sua criticidade, exige vigilância constante e tomada de decisões em tempo real. O uso de dados se traduz, na prática, em saúde pública e segurança para milhões de pessoas.

Mas não é só na prevenção de contaminações que a tecnologia se mostra poderosa. Ela também atua na prevenção de desastres naturais com sensores capazes de detectar microfissuras em encostas, movimentações do solo e acúmulo de detritos em áreas críticas. Em vez de depender exclusivamente de vistorias humanas, as autoridades passam a contar com uma vigilância contínua e automatizada, que permite antecipar tragédias como deslizamentos, desabamentos e enchentes com mais precisão e antecedência.

Quando o desastre acontece, a tecnologia se torna aliada no campo de batalha. Robôs bombeiros controlados remotamente são usados para acessar áreas de risco, apagar focos de incêndio, realizar escavações e extrair fumaça. Drones cabeados, com autonomia de até 12 horas, operam em regiões sem infraestrutura, oferecendo monitoramento aéreo persistente. E radares de ondas eletromagnéticas conseguem detectar sinais vitais humanos a até 25 metros de profundidade — ferramenta crucial em situações de soterramento.

Essas inovações representam um novo paradigma na forma como lidamos com crises ambientais. A tecnologia permite mais do que reagir: ela antecipa, previne, mitiga. E esse ciclo virtuoso está cada vez mais acessível, com soluções adaptáveis a diferentes contextos — de empresas de saneamento a órgãos de defesa civil, passando por municípios de todos os portes. Trata-se de uma democratização da inteligência aplicada ao cuidado com o planeta.

Para o setor corporativo, investir nesse tipo de tecnologia não é apenas uma questão de responsabilidade social ou de marketing ESG. É uma decisão estratégica de negócio. Empresas que incorporam inovações em suas operações se tornam mais resilientes, eficientes e alinhadas às demandas de investidores, consumidores e órgãos reguladores. A sustentabilidade, quando impulsionada pela tecnologia, deixa de ser custo e passa a ser valor.

Em tempos de incerteza climática e pressões regulatórias crescentes, quem aposta na modernidade como vetor de sustentabilidade está não só protegendo o meio ambiente, mas garantindo a longevidade de suas operações. A revolução verde já começou — e a liderança, hoje, pertence a quem tiver a coragem de adotá-la com visão e propósito.

Por: Lucas Sousa, pre-sales Engineer na Dahua Technology Brasil.