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10/09/2025

Crédito corporativo e de infraestrutura segue estável até 2026 na América Latina

Apesar de incertezas políticas e comerciais, diz Moody’s.

— A qualidade do perfil de crédito corporativo e de empresas de infraestrutura da América Latina permanecerá praticamente estável até 2026, apesar de uma guerra comercial global em andamento que pode ter repercussões econômicas desconhecidas, aponta a Moody’s em novo relatório. A restrição de gastos e o acesso maior ao crédito favorecem as empresas na Argentina, enquanto os investidores receosos aguardam mais sinais políticos e regulatórios na Colômbia, México e Peru.

No Brasil, a qualidade do perfil de crédito das empresas não financeiras e grupos de infraestrutura será mantida até 2026. O crescimento desacelerará, particularmente entre os exportadores de commodities, que representam três quartos da dívida com rating do Brasil, mas as expectativas de inflação diminuíram para 2026. As tensões comerciais dos EUA terão apenas um impacto direto limitado na qualidade do perfil de crédito corporativo com rating do país.

Já na Argentina, a qualidade do perfil de crédito corporativo, de empresas de infraestrutura e de governos regionais e locais (RLG, em inglês) continuará a melhorar até 2026. Alguns fatores macroeconômicos estabilizadores apoiam uma recuperação que começou no final de 2024. No entanto, colchões externos fracos, uma abertura limitada da conta de capital e a fragilidade institucional continuam a representar problemas para a qualidade do crédito corporativo e dos RLGs.

Por sua vez, no Chile, a qualidade do crédito corporativo permanecerá amplamente estável até 2026, à medida que a economia do país continua a se recuperar moderadamente. Projetamos que o produto interno bruto (PIB) do Chile crescerá acima de 2.0% em 2025 e 2026. Os setores voltados para o mercado interno, em particular, continuarão a se recuperar em 2026, enquanto os exportadores enfrentarão as condições econômicas na China.

Na Colômbia, a incerteza política antes da eleição presidencial de maio de 2026 representa uma ameaça para o apetite dos investidores dadas as condições de crédito estáveis. Os riscos comerciais não causarão estresse excessivo à indústria de petróleo e gás colombiana, que está usando parcerias para lidar com suas reservas amplamente maduras e também porque o ambiente de crédito pré-eleitoral é favorável para empresas nacionais e de infraestrutura.

No México, a qualidade do crédito corporativo e de infraestrutura permanecerá amplamente estável até 2026. As métricas de crédito estão melhorando bastante, mas os investidores cautelosos aguardam mais clareza sobre os termos do comércio do país com os EUA e as consequências das tarifas sobre a atividade econômica global. Uma queda no investimento estrangeiro direto (IED) indica uma hesitação em relação às recentes mudanças regulatórias e legais do México.

Por fim, no Peru, a qualidade do perfil de crédito das empresas não financeiras e de infraestrutura permanecerá sólida até 2026. O fluxo de caixa livre corporativo continuará positivo, em parte graças à regulamentação branda, vantagens de custos e eficiências recentes. Após anos de turbulência política, os investidores permanecem um pouco cautelosos no período que antecede a eleição presidencial quinquenal peruana em abril de 2026— analisa Moody’s.