A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF) divulgou o primeiro balanço semestral do mercado regulado de apostas de quota fixa no Brasil. Entre janeiro e junho de 2025, 17,7 milhões de brasileiros realizaram apostas em sites e aplicativos autorizados, consolidando a entrada em vigor da nova regulamentação.
O relatório aponta que 71% dos apostadores são homens e 28,9% mulheres, com maior concentração na faixa etária de 31 a 40 anos (27,8%). Outros grupos expressivos incluem os de 18 a 25 anos (22,4%) e 25 a 30 anos (22,2%), revelando um público majoritariamente jovem.
A média de gastos também chama atenção. Segundo os dados oficiais, a receita bruta das operadoras chegou a R$ 17,4 bilhões, o que corresponde a um gasto médio de R$ 983 por semestre por apostador ativo, ou cerca de R$ 164 mensais.
A apresentação da Fazenda não detalha os gastos entre apostas esportivas ou jogos de cassino online. Porém, levantamentos mensais divulgados pela KTO servem para entender as preferências nacionais em cada vertical.
Os slots são a categoria mais jogada no site, com cerca de 93% de todas as rodadas disputadas. Títulos como Fortune Tiger e Fortune Rabbit lideram a preferência dos jogadores, permanecendo entre os mais acessados em julho de 2025.
O Aviator é o destaque absoluto entre os crash games, segunda categoria mais popular na plataforma, e figura logo abaixo do top 10 geral de popularidade, com 13,3% dos jogadores. O título responde sozinho por 3% das rodadas jogadas, consolidando-se como um dos principais jogos de cassino online.
A popularidade do Aviator demonstra a força dos jogos dinâmicos de curta duração, que têm atraído especialmente o público mais jovem em busca de experiências rápidas e interativas.
Entre os esportes, o futebol aparece como líder absoluto, concentrando 80,5% dos apostadores ativos e 88,9% do volume de apostas. Em seguida, o basquete se destaca com 8,3% dos apostadores ativos, mas apenas 2,7% das apostas realizadas. O tênis, por sua vez, reúne 4,3% dos apostadores ativos e representa 5% do volume total de apostas.
Esse descompasso entre base ativa e volume apostado em modalidades secundárias mostra a hegemonia do futebol como esporte de aposta no país, mas também sugere nichos em crescimento, como o tênis, que já movimenta uma proporção maior do que sua base de jogadores ativos indicaria.
A fotografia atual do mercado regulado contrasta com a pesquisa da CNDL/SPC Brasil divulgada em agosto de 2024, que apontava 40,19 milhões de brasileiros como apostadores nos 12 meses anteriores.
O número oficial de 17,7 milhões sugere duas interpretações: parte da estimativa anterior pode ter sido superdimensionada, mas também se evidencia o peso do mercado ilegal, que não aparece nas estatísticas da SPA.
De acordo com estudo conduzido pela LCA Consultoria para o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), 3 em cada 4 apostadores no Brasil utilizaram bets ilegais neste ano. A estimativa é que entre 41% e 51% do mercado brasileiro de apostas ainda esteja nas mãos de sites ilegais.
Essa fatia explica em parte a discrepância nos números e reforça que o combate às plataformas não autorizadas é hoje um dos maiores desafios para o governo e para os operadores licenciados.