A ação reuniu Águas do Rio, biólogo Mário Moscatelli e Comlurb. Do berçário ecológico que fica na Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, no Caju, Zona Portuária carioca, já foram retiradas cerca de 150 toneladas de resíduos.
A cada minuto, mais e mais materiais plásticos chegam ao Mangue Alegria, na Zona Portuária carioca, provenientes da Baía de Guanabara. O lixo é retirado diariamente por um grupo de trabalho sob a coordenação do biólogo Mário Moscatelli. E, há cerca de dois anos, a Águas do Rio criou nesse ecossistema um berçário ecológico no entorno da maior Estação de Tratamento de Esgoto do estado, a ETE Alegria. O projeto, desenvolvido em parceria com Moscatelli, tem amenizado os efeitos catastróficos dos detritos, em sua maioria compostos por materiais recicláveis, que não param de chegar aos manguezal.
Como parte dessa força-tarefa contínua, no dia 08 de agosto(sexta-feira), foi realizado um mutirão de limpeza no local, com participação da Águas do Rio, da equipe de Moscatelli e da Comlurb. O objetivo da mobilização é reforçar o compromisso com a recuperação ambiental da região e chamar a atenção para o impacto do descarte inadequado de resíduos. Além de muito lixo plástico, alguns objetos como pneus e até um capacete de motociclista foram retirados do local.
A concessionária alerta a sociedade sobre as consequências desse descarte incorreto, que acaba tendo como destino ecossistemas como o Mangue Alegria ou, ainda, bueiros, canais e valas de drenagem pela cidade. Isso impacta os serviços de esgotamento sanitário, causa entupimentos e extravasamentos e contribui para as enchentes em períodos de chuvas.
Desde a criação do berçário ecológico, cerca de 150 toneladas de resíduos sólidos já foram retiradas de uma área de cinco mil metros quadrados. No lugar do lixo, foram plantadas quatro mil mudas de mangue-vermelho.
—Pode parecer inglório remover lixo todos os dias, mas é esse trabalho contínuo que está trazendo de volta a vida ao ecossistema —explica o diretor-executivo da Águas do Rio, Renan Mendonça. —Estamos unindo engenharia convencional à engenharia verde, acelerando a recuperação de um ecossistema vital que sustenta a fauna marinha e beneficia comunidades pesqueiras —acrescenta.
A iniciativa já mostra resultados: a fauna e a flora têm voltado gradativamente, e a revitalização do mangue também está contribuindo para a recuperação da Baía de Guanabara, um dos compromissos ambientais da empresa, que pretende investir R$ 19 bilhões na universalização dos serviços de fornecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto até 2033.
Moscatelli, que é parceiro da Águas do Rio nesta e em outras ações ambientais, ressalta que, entre os detritos plásticos domésticos e industriais mais encontrados na região, os copos estão em maior volume. Um deles, por exemplo, pode levar até 400 anos para se decompor e, mesmo assim, continuar impactando o meio ambiente ao se transformar em microplástico, pois o poliestireno, seu material-base, é derivado do petróleo, uma fonte não renovável.
—Esse é um dos trechos mais impactados da Baía de Guanabara. Esse lixo impede a recuperação natural do manguezal porque cria uma camada de 10 a 15 centímetros onde as sementes não são capazes de penetrar o solo para se fixar. E, as poucas que conseguem, não se desenvolvem. Por isso a ação humana é fundamental para repor essa capacidade do mangue— destacou o biólogo.
Mangue Alegria — Além das 150 toneladas de lixo retiradas da área do mangue nesses dois anos, já foram plantadas mais de 5,5 mil mudas de mangue-vermelho no local. O projeto tem como objetivo revitalizar 8,2 hectares de área degradada, o equivalente a oito campos de futebol do tamanho do Maracanã, com o plantio gradual de 13,5 mil mudas.
Segundo o Ibama, os manguezais atuam como berçários da vida marinha, protegem o litoral contra a erosão e ajudam a capturar carbono, sendo ecossistemas essenciais para a biodiversidade e para o equilíbrio climático do planeta. Localizado no entorno da Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, unidade operada pela Águas do Rio, o Mangue Alegria está em pleno processo de regeneração há dois anos.