Na eminência de que o governo americano decida incluir aviões militares como o KC-390 Millennium em sua frota aérea, então, os investimentos em uma nova linha de montagem e mais 2,5 mil postos de trabalho.
A Embraer, fabricante brasileira de aeronaves, divulgou seus resultados financeiros do segundo trimestre de 2025, no dia 05de agosto (terça-feira), cujos demonstrativos apresentados indicam que apesar do prejuízo líquido de R$ 53,4 milhões, ante o lucro de R$ 415,7 milhões no segundo trimestre de 2024, a empresa mantém previsões para 2025, tem receita recorde, e robusta carteira de pedidos.
O lucro líquido atribuível aos acionistas da Embraer e o lucro líquido por ADS (American Depositary Shares) foram de R$448,9 milhões e R$0,6120 no segundo trimestre de 2025, em comparação com R$520,8 milhões e R$0,7090, respectivamente, no segundo trimestre de 2024. O lucro (prejuízo) líquido ajustado foi de R$53,4 milhões no trimestre, em comparação com R$415,7 milhões no ano anterior, excluindo itens extraordinários como R$ 943,7 milhões em impostos diferidos e R$441,4 milhões dos resultados da Eve.
A receita consolidada de R$10,3 bilhões no segundo trimestre de 2025 representou um aumento de +31% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Aviação Executiva foi o destaque do trimestre, com crescimento de +74% na receita comparada ao ano anterior. Defesa & Segurança, Serviços & Suporte e Aviação Comercial também apresentaram bom desempenho, com aumentos de +28%, +23% e +11% em relação ao mesmo período do ano anterior, respectivamente.
O EBIT (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, sigla em inglês) ajustado foi de R$1.086,6 milhão com margem de +10,6%, excluindo R$69,2 milhões de itens extraordinários (ou seja, despesas da Eve) em comparação com R$725,4 milhões com margem de +9,2% no ano anterior, devido aos maiores volumes de Aviação Executiva e Defesa & Segurança, ao mix de produtos, redução de despesas e eficiências operacionais. O EBIT reportado foi de R$1.017,4 milhão no trimestre (margem de +9,9%) em comparação com R$668,4 milhões no ano anterior (margem de +8,5%).
Investimentos — A Embraer, individualmente, investiu um total de R$576,5 milhões no segundo trimestre de 2025, em comparação com R$507,9 milhões no segundo trimestre de 2024. As despesas de capital (Capex) totalizaram R$299,9 milhões R$241,1 milhões no mesmo período do ano anterior, as adições líquidas ao Pool Program (peças de reposição) somaram R$46,6 milhões, R$57,8 milhões no mesmo período do ano anterior), adições líquidas ao intangível de R$189,8 milhões , R$145,4 milhões no mesmo período do ano anterior) e, R$40,2 milhões em pesquisa, R$63,6 milhões no mesmo período do ano anterior.
Enquanto isso, a Eve investiu um total de R$252,0 milhões durante o trimestre, e R$216,2 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior, dos quais R$3,9 milhões foram despesas de capital, R$219,7 milhões em adições líquidas ao intangível e R$28,4 milhões em pesquisa. Consequentemente, a Embraer e a Eve, de forma consolidada, investiram um total de R$828,5 milhões no período (R$724,1 milhões no ano anterior).
Capital de Giro (Sem Eve) — O capital de giro aumentou R$1,9 bilhão no segundo trimestre de 2025 devido à sazonalidade dos negócios. No lado dos ativos, os principais aumentos foram em contas a receber de clientes, R$461,5 milhões principalmente na Aviação Comercial, e em Ativos de contrato, R$393,3 milhões principalmente relacionado à Defesa & Segurança). No lado do passivo, a nível agregado a variação foi de R$1,7 bilhão, justificada em grande parte pela variação cambial no período. A conta de Passivos de contrato registrou o maior aumento R$929,9 milhões, enquanto os Outros passivos subiram R$619 milhões.
Estimativa para 2025 — Do ponto de vista operacional, a Embraer estima entregas da Aviação Comercial entre 77 e 85 aeronaves (+10% do ponto médio no comparativo anual), e entregas na Aviação Executiva entre 145 e 155 (+15% no comparativo anual). Do ponto de vista financeiro, a empresa estima receitas na faixa entre US$7,0 e US$7,5 bilhões (+13%), margem EBIT ajustada entre 7,5% e 8,3% e fluxo de caixa livre ajustado de US$200 milhões ou maior. A companhia destaca que os resultados do segundo trimestre não foram materialmente impactados pelas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos (EUA).
A Embraer escapou do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos, descarta demissões aqui no país este ano e está confiante em conseguir reduzir a zero a atual taxação de 10% em cima de aviões e partes que exporta para os americanos.
A declaração foi feita no dia 05 de agosto (terça-feira) pelo diretor-executivo da empresa, Francisco Gomes Neto, durante apresentação dos resultados do segundo trimestre da companhia em teleconferência.
— Ficamos muito felizes de passar de 50% a 10%, o que reduziu bastante o impacto para os nossos clientes. Estamos trabalhando com eles para fazer a entrega das aeronaves. Mas, em paralelo, estamos nos esforçando com afinco para restaurar a tarifa zero— disse.
— A Embraer continuará buscando o retorno da tarifa zero— complementou.
A Embraer emprega 18 mil pessoas no Brasil. Desde abril, a empresa, que exporta metade da produção para os Estados Unidos, está submetida à tarifa de 10% determinada pelo presidente americano, Donald Trump.
— Hoje a situação é mais gerenciável, tanto que já incluímos o impacto das tarifas nas nossas projeções financeiras. Estamos mantendo o nosso guidance (projeção) para o ano, e para atendê-lo temos que entregar todos os aviões que estão planejados. No momento, está completamente fora dos nossos planos qualquer tipo de alteração, redução de quadro por causa de redução de produção— sustentou Gomes Neto.
— Negociações podem trazer de volta a tarifa zero, como nos últimos 45 anos, a companhia segue defendendo o “diálogo construtivo” entre os governos dos EUA e do Brasil— avaliou Neto. Ele citou acordos alcançados recentemente pelo Reino Unido e Europa.
Os Estados Unidos são o maior mercado de aviação do mundo e absorvem 70% da demanda por jatos executivos da Embraer e 45% de aeronaves comerciais.
O diretor-executivo da companhia aponta a geração de emprego e investimentos nos Estados Unidos como um trunfo para que o governo Trump volte à tarifa zero.
Expansão e Investimentos nos EUA — A Embraer emprega quase três mil pessoas em solo americano. Incluindo a cadeia de fornecedores locais, o contingente chega a 13 mil. A empresa planeja investir US$ 500 milhões, cerca de R$ 2,8 bilhões, em Dallas, no Texas, e Melbourne, na Flórida, nos próximos cinco anos e contratar mais 5,5 mil funcionários até 2030. As estimativas foram feitas, segundo Neto, em cima de cálculos sem a tarifa de 10%.
O executivo disse que se o governo americano decidir incluir aviões militares como o KC-390 em sua frota aérea, a Embraer projeta mais US$ 500 milhões para uma nova linha de montagem e mais 2,5 mil postos de trabalho.
A empresa ressalta ainda a importância dos seus aviões E175, de até 80 assentos, considerados essenciais para a aviação regional americana.