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31/07/2025

Donald Trump assina decreto com exceções da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros

Mas os segmentos que ficaram de fora estão decididos a seguir com as tratativas com seus pares dos EUA, que é o caso do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entre outros.

Lista dos principais produtos que estão fora do tarifaço dos EUA: Castanhas-do-Brasil com casca, frescas ou secas;

Polpa e sucos de laranja; Mica bruta; Minério de ferro, aglomerado e não aglomerado; Minério de estanho e concentrados; Diversos tipos de carvão, linhito, turfa, coque, gás de carvão e outros derivados minerais; Gases naturais, propano, butano, etileno, propileno, butileno, butadieno; Matérias-primas de alumínio, silício, óxido de alumínio, potassa cáustica;

Diversos produtos químicos, fertilizantes, cera, resíduos petrolíferos: Madeira, cortiça aglomerada, polpa química de madeira, Polpa de algodão, polpa de fibras vegetais, celulose; Prata e ouro, na forma de lingote ou dore; Ferro-gusa, ligas de ferro, ferronióbio, e outros produtos primários de ferro e aço; Linhas, tubos e conexões de uso industrial, vários tipos de metais, borracha e plásticos para aviação civil; Diversos artigos de uso aeronáutico como pneus, motores, peças e turbinas; Insumos para papel, papelão, celulose, artefatos de papel/papelão; Alguns tipos de pedras, fibras, crocidolita, amianto, misturas de fricção; Fertilizantes minerais e químicos de diversos tipos.

. A lista completa dos produtos isentos e, os argumentos do comunicado da Casa Branca: https://shre.ink/t6W1

Cecafé: — Dada a assinatura da ordem executiva pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 30 de julho (quarta-feira), confirmando a taxação de 50% para produtos do Brasil a serem importados pelos norte-americanos, incluindo o café, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) manifesta que seguirá em tratativas com seus pares dos EUA, como a National Coffee Association (NCA), com o intuito de que o produto passe a integrar a lista de exceções elaborada pelo governo americano.

Na relação comercial cafeeira entre EUA e Brasil, as nações são imprescindíveis uma à outra, uma vez que os cafés brasileiros representam uma fatia superior a 30% do mercado cafeeiro norte-americano, sendo o principal fornecedor ao país, ao passo que os EUA respondem por 16% das exportações do produto nacional, sendo o principal destino de nossas exportações.

Não obstante a sua conhecida importância para o Brasil, o café também é de suma relevância aos Estados Unidos, haja vista que 76% do povo norte-americano consome a bebida; a população gasta cerca de US$ 110 bilhões em café e itens relacionados (US$ 301 milhões por dia) ao ano; e o fato de o produto ser responsável por mais de 8% do valor de toda a indústria de serviços alimentícios, conforme estudo sobre o impacto econômico do café nos EUA, conduzido pela Technomic, em 2022, a pedido da NCA.

Ainda, a indústria cafeeira norte-americana sustenta mais de 2,2 milhões de empregos no país, gerando mais de US$ 101 bilhões em salários, o que beneficia todos os Estados e comunidades locais. Além disso, a cada US$ 1 que os EUA importam de café, são injetados outros US$ 43 na economia americana, fazendo com que o setor movimente US$ 343 bilhões ao ano, montante que representa 1,2% do PIB dos Estados Unidos.

Diante da relevância do café aos consumidores e à economia norte-americana, entendemos que se faz necessária a revisão da decisão de taxar os cafés do Brasil —fato que implicará elevação desmedida de preços e inflação, uma vez que esses tributos serão repassados à população americana no ato da compra —, medida pela qual seguiremos trabalhando junto a nossos parceiros nos Estados Unidos, de maneira que consigamos lograr êxito no sentido de, ao menos, o café ser incluído entre os produtos que fiquem isentos da tributação de 50%.— conclui Márcio C. Ferreira, presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé e Marcos A. Matos, diretor-geral do Cecafé, em nota.

Abiplast: — Tarifa de 50% imposta pelos EUA afeta setor plástico e expõe falhas da diplomacia brasileira — afirma Abiplast: — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretou no dia 30 (quarta-feira) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida deve afetar de forma significativa diversos setores da indústria nacional, especialmente aqueles com maior valor agregado e forte presença nas exportações.

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), recebeu com grande preocupação o anúncio da tarifa. De acordo com José Ricardo Roriz, presidente do conselho da entidade, o impacto será profundo e duradouro. —O plástico está presente em 95% do PIB. Onde há produção, há plástico: no avião, no carro, no trator, na agricultura, no saneamento, na construção civil. Ele está em tudo, seja como produto final ou como componente essencial de produtos exportados. Vamos sofrer com a queda direta nas exportações e também com o deslocamento de empresas que podem deixar o Brasil para operar em mercados com acesso livre aos Estados Unidos—.

Segundo Roriz, a medida pode comprometer até 20% das exportações brasileiras ligadas direta ou indiretamente ao setor plástico, representando uma perda estimada entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. Além da retração comercial, o presidente da Associação alerta para um possível movimento de desindustrialização, com empresas transferindo suas operações para outros países para preservar acesso ao mercado norte-americano. —Além de perdermos exportações, podemos perder também empresas que preferiram se instalar fora do Brasil. As que permanecerem aqui podem reduzir produção, antecipar férias coletivas e cortar investimentos—.

Roriz também fez duras críticas à condução da política externa brasileira. —Já sabíamos, desde a campanha, que Trump adotaria essa postura. Ainda assim, nossa diplomacia foi inoperante, e os dois extremos da política nacional contribuíram para o agravamento do cenário. Tínhamos uma tarifa confortável de 10%, a mais baixa entre os países, e deixamos essa vantagem se perder por falta de ação e articulação. Agora, quem paga a conta é a sociedade, com impactos em empregos, investimentos e no ambiente de negócios—.

O presidente do conselho da Abiplast também destaca que empresas brasileiras dependem de investimentos e tecnologias desenvolvidas nos Estados Unidos. —Vivemos um momento em que a indústria precisa investir em modernização, inteligência artificial e inovação. Os Estados Unidos são líderes nesse processo. Ao bloquear o acesso comercial ao mercado americano, também dificultam a renovação tecnológica das empresas brasileiras—.

— A Abiplast reforça seu compromisso com a defesa da indústria nacional, da inserção internacional responsável e da manutenção de empregos qualificados. E apela por uma atuação mais pragmática e estratégica da diplomacia brasileira, capaz de proteger os interesses do setor produtivo em meio a um cenário internacional cada vez mais desafiador—conclui.

Firjan: Firjan manifesta preocupação com implementação de tarifaço dos EUA contra o Brasil — A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) reitera sua grave preocupação com a implementação das tarifas estadunidenses sobre as exportações brasileiras. Considerando o anúncio da ordem executiva de hoje pelo governo dos EUA, será aplicada tarifa transversal de 50% para as importações originadas no Brasil, a partir do dia 06 de agosto de 2025(quarta-feira), salvo exceções listadas no documento.

Estas medidas não alteram as tarifas de importação de 50% sobre os produtos de aço e de alumínio anteriormente anunciadas. Estes permanecem como ponto de grande preocupação a ser mantido na agenda de negociações.

As tarifas anunciadas hoje impactam diretamente a pauta exportadora do estado do Rio de Janeiro, salvo produtos presentes em listas de exceção, como óleos brutos de petróleo. A indústria de Petróleo e Gás compõe aproximadamente 60% das exportações fluminenses para os EUA, sendo o principal item na pauta exportadora e representando 40 mil empregos diretos no estado.

Segundo a Firjan, em 2024, 48 municípios do estado exportaram para o mercado norte-americano e poderão ser impactados pelo tarifaço. Ainda segundo a federação, em consulta com a base empresarial, cerca de 60% dos respondentes esperam impactos das medidas em seus negócios no curto prazo, principalmente na queda de receitas, no aumento de custos operacionais e na redução das exportações.

Importante ressaltar também a preocupação do setor industrial com o impacto nos níveis de emprego nos setores afetados. 42% dos empresários entrevistados manifestaram que temem a possibilidade de redução de postos de trabalho. Em contraste com as medidas aplicadas, Brasil e os EUA mantêm um longo histórico de relações voltadas para a promoção dos negócios. Os EUA são o principal investidor externo direto no mercado brasileiro e o segundo maior parceiro comercial do Brasil, registrando superávit de US$ 7 bilhões em relação ao Brasil em 2024.

Nesse contexto, a Firjan defende a urgência da intensificação da atuação diplomática e paradiplomática em diversos níveis para construção de uma solução negociada e célere para mitigação dos impactos econômicos e sociais das novas tarifas anunciadas.

IBP: — O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) recebeu positivamente a notícia de que o setor de óleo e gás foi formalmente isento da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A decisão de isentar energia e produtos energéticos (petróleo bruto, seus derivados e gás natural liquefeito, entre outros) é um reconhecimento da especificidade do mercado de petróleo e seus derivados e da sua importância estratégica no comércio bilateral.

O IBP observa que existe um fluxo relevante não apenas de exportações de petróleo brasileiro, que somaram US$ 2,37 bilhões no primeiro semestre de 2025, mas também de importações de derivados essenciais para o mercado nacional.

A manutenção da competitividade do setor junto ao mercado norte-americano contribui para preservar os fluxos comerciais e os investimentos, mitigando impactos imediatos— conclui a nota.