Como o setor de papel e celulose pode liderar a transição para uma economia de baixo carbono.
Com a COP30 se aproximando e o Brasil assumindo um papel de destaque na vitrine climática global, o país tem a oportunidade de mostrar ao mundo como inovação e preservação ambiental podem caminhar juntas. Um dos setores que mais tem a contribuir nesse sentido é o de papel e celulose – não apenas pela origem renovável de sua matéria-prima, mas pelo protagonismo que vem ganhando em soluções de baixo impacto ambiental, capazes de redefinir o futuro do consumo sustentável.
Os dados mais recentes da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) revelam a dimensão do potencial desse setor que planta 1,8 milhão de árvores por dia, possui 10,6 milhões de hectares de florestas plantadas para fins industriais no país, com produtividade média de 36,3 m³/ha/ano, uma das mais altas do mundo. Essas florestas, cultivadas com responsabilidade, ajudam a aliviar a pressão de carbono. Segundo a Ibá, o setor já é responsável pela captura líquida de cerca de 174 milhões de toneladas de CO₂ por ano.
Essa base florestal robusta tem sido catalisadora de uma onda de inovação que redesenha o exercício da indústria de papel e celulose no combate à crise climática. Exemplos concretos dessa transformação já estão em curso, como as embalagens sustentáveis, produzidas a partir da fibra de celulose, como alternativa para substituir o plástico de uso único. Isso demonstra que inovação, além de ajudar a enfrentar os desafios ambientais, é uma estratégia competitiva que conecta reputação, eficiência e resultado financeiro.
Um estudo recente da consultoria Planton mostrou que a embalagem sustentável feita à base de fibra de alto rendimento de eucalipto tem pegada de carbono até 68% inferior à de alternativas convencionais. Emite 43,5% menos gases de efeito estufa em comparação com embalagens à base de polipropileno (PP). Esses dados são decisivos para marcas que buscam reduzir sua pegada de carbono e atender às exigências crescentes de consumidores, reguladores e investidores comprometidos com a agenda ESG.
A força do setor não está apenas na origem renovável do papel, mas no avanço tecnológico que permite ampliar produtividade sem devastar novas áreas florestais. Florestas plantadas, especialmente no Brasil, se tornaram grandes aliadas no sequestro de carbono, enquanto processos industriais vêm evoluindo para reduzir o consumo de água, energia e produtos químicos. Hoje, fábricas modernas utilizam menos de água em comparação ao passado.
Além disso, o setor se reinventa como pilar da economia circular. Resíduos que antes tinham baixo valor ou eram descartados agora dão origem a bioprodutos, que tem potencial para mudar a forma de consumo com materiais que cumprem seu papel de performance no uso pretendido, sem impactar o meio ambiente no seu fim de ciclo, criando novas indústrias e receitas. Até a reciclagem de papéis complexos, como embalagens com barreiras plásticas ou metalizadas, tornou-se realidade, ampliando o ciclo de vida do material e reduzindo a pressão ambiental. Ainda assim, sabemos que não basta reciclar. É preciso substituir o plástico.
O papel, antes visto como commodity, assume agora um novo status: o de solução de alto valor agregado. Inovações permitem desenvolver novos materiais que resistem à umidade, gordura, barreiras de oxigênio e temperaturas extremas – atributos ideais para setores exigentes como o alimentício, cosmético, farmacêutico e até construção civil. Trata-se de ser sustentável e oferecer desempenho técnico igual ou superior às soluções fósseis, sem renunciar à responsabilidade ambiental.
Com a COP30 se aproximando, o Brasil tem iniciativas que mostram ao mundo que não é apenas o “pulmão verde” do planeta, mas um polo de soluções climáticas escaláveis. O setor de papel e celulose, ancorado em florestas de manejo sustentável e em inovação de ponta, pode e deve ocupar um lugar central nessa narrativa. O Brasil é um país privilegiado neste quesito.
A transição para um consumo mais responsável não será feita apenas com boas intenções, mas com investimentos reais em tecnologias limpas, processos circulares e cadeias produtivas coerentes com os limites do planeta. Estar atento ao movimento ESG e à necessidade de proteger valor de marca deixou de ser tendência para se tornar imperativo estratégico neste setor. Empresas que agem genuinamente nesse caminho, estão protegendo a sua reputação, entregando consistência para seu público consumidor e ampliando suas oportunidades de negócio.
• Por: Carolina Alcoforado, diretora de Novos Negócios e Inovação da Melhoramentos. | A Companhia Melhoramentos de São Paulo é uma companhia de capital aberto que atua, diretamente ou através de suas controladas, nos segmentos Editorial, Cultivo e Manejo de Florestas, fabricação de Fibras de Celulose de Alto Rendimento e Desenvolvimento Imobiliário. A Melhoramentos se posiciona como agente de transformação no mundo, realizando, empreendendo e sendo protagonista do futuro em seus negócios. Segue comprometida com o desenvolvimento sustentável do País, agregando valor aos seus produtos, serviços e empreendimentos. Fundada há mais de 130 anos, a Melhoramentos tem sua sede em São Paulo e unidades nas cidades de Camanducaia (MG), Bragança Paulista (SP), Caieiras (SP) e Cajamar (SP). | www.melhoramentos.com.br