Mas seguem fora do radar dos investidores, comenta a gerente de Produtos do escritório, Tatiana Guedes, sobre fundos multimercados e seus resultados no primeiro semestre.
— Apesar do desempenho expressivo de alguns fundos multimercados no primeiro semestre de 2025, a estratégia ainda não reconquistou o interesse dos investidores.
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o segmento registrou um resgate líquido de aproximadamente R$ 78 milhões entre janeiro e junho, revelando uma tímida ou até mesmo negativa movimentação de capital.
Esse comportamento pode ser atribuído à frustração acumulada com a performance dos multimercados nos últimos anos, somada a um cenário macroeconômico marcado por elevada volatilidade.
Com a taxa Selic em 15%, a atratividade da renda fixa continua predominante para o investidor brasileiro, que prefere a previsibilidade ao risco.
Ainda assim, alguns gestores conseguiram se destacar. Alocando de forma estratégica na bolsa brasileira, esses fundos capturaram ganhos significativos em um semestre marcado por ruídos políticos no exterior, como o impacto do “tarifaço” de Trump.
O Índice de Hedge Funds da Anbima (IHFA), que mede o desempenho médio dos fundos multimercados, terminou o semestre levemente acima do CDI. No entanto, o retorno médio ainda não parece suficiente para justificar uma alocação robusta na estratégia quando se avalia o risco x retorno envolvido.
Para o investidor com perfil de médio a longo prazo, os multimercados seguem como uma alternativa interessante. Apesar da volatilidade, a possibilidade de retornos acima da média existe, como demonstrado pelos melhores fundos no primeiro semestre e identificar bons gestores e manter uma visão estratégica pode ser o diferencial para capturar essas oportunidades— diz Tatiana Guedes, gerente de Produtos da InvestSmartXP.
Tatiana Guedes também observa que a recente definição sobre a incidência de IOF nos planos VGBL, válida para aportes superiores a R$ 300 mil por CPF no segundo semestre de 2025 e acima de R$ 600 mil a partir de 2026, gerou apreensão entre os grandes investidores.
Quando considerada em conjunto com a performance modesta de parte dos fundos e o cenário atual de captação líquida negativa na indústria, conforme dados da Anbima, essa mudança pode reforçar, de forma equivocada, a percepção de perda de competitividade do produto.
Apesar das mudanças terem trazido uma insegurança jurídica sobre o produto, o VGBL preserva atributos relevantes, especialmente no que se refere aos benefícios fiscais e sucessórios, que mantêm sua atratividade como instrumento de planejamento de longo prazo.
É fato que a nova tributação tende a desestimular aportes mais expressivos, impactando o interesse de investidores de maior porte. Contudo, a previdência privada continua sendo uma solução robusta e eficiente para objetivos de longo prazo.
No caso do VGBL, permanecem incentivos fiscais importantes, como a possibilidade de optar pela tabela regressiva do Imposto de Renda, que prevê alíquota mínima de 10% após 10 anos. Além disso, o produto segue isento de come-cotas e permite o diferimento fiscal em portabilidades entre planos, favorecendo o acúmulo de patrimônio ao longo do tempo.
Do ponto de vista sucessório, o VGBL continua oferecendo vantagens relevantes, os valores pagos aos beneficiários ainda estão isentos de ITCMD, além de proporcionarem maior agilidade no acesso aos recursos pelos seus beneficiários.
Portanto, embora o novo IOF estabeleça um limite para a isenção em grandes aportes, ele não compromete os benefícios estruturais do VGBL.
Para investidores com aportes mais modestos, o produto permanece como uma alternativa eficaz de planejamento financeiro, seja para aposentadoria, educação dos filhos ou outros objetivos de longo prazo. O impacto real será mais significativo para quem possui patrimônio elevado e pretendia utilizar o VGBL como instrumento sucessório— conclui o comentário.