E aperta ainda mais o orçamento das famílias.
— Na última semana, as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, continuaram em foco. O Brasil busca soluções diplomáticas, unindo líderes da indústria e do agronegócio para identificar a melhor forma de atuação para tentar reduzir os impactos. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), possíveis mudanças tarifárias podem afetar cerca de 110 mil empregos, agravando o cenário econômico.
Dados do Serasa mostram que em maio 77 milhões de brasileiros estavam inadimplentes, representando um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior. As dívidas negativadas chegaram a 299 milhões, totalizando R$ 465 bilhões, 17,8% acima do registrado no mesmo período do ano passado. O cenário já é mais crítico do que o observado durante a pandemia, quando havia mecanismos de renegociação.
O Banco Central também apresentou dados preocupantes sobre a inadimplência no sistema financeiro, evidenciando um quadro de deterioração acentuada. No segmento de pessoas físicas o nível de inadimplência ficou em 5,2% em maio de 2025, em comparação a maio 2024 quando atingiu 3,69%. Os números chamam atenção principalmente nas linhas de crédito rotativo, que voltaram a apresentar crescimento expressivo, indicando que grande parte dos consumidores está encontrando dificuldades para controlar seus gastos. Outra modalidade que se destaca é a de financiamento de veículos, igualmente em trajetória ascendente. Mas nada se compara ao cenário do crédito rural, que, desde maio de 2023, está com o nível de inadimplência em forte crescimento e apresenta perspectivas desafiadoras para o segundo semestre do ano.
Acredita-se que o restante do ano continuará a ser marcado por dificuldades, sem grandes expectativas de alívio nas contas, refletindo um ambiente de juros elevados, spreads próximos das máximas históricas, restrição da oferta de crédito e aumento do endividamento das famílias. Além disso, os possíveis impactos das tarifas impostas sobre setores produtivos e trabalhadores tendem a agravar ainda mais o cenário econômico.
É importante destacar que algumas iniciativas estão em curso, como a aprovação pela Câmara dos Deputados do uso de R$ 30 bilhões do fundo social para a quitação de dívidas de produtores rurais. Também destaca-se a regulamentação do crédito privado consignado, que visa oferecer alternativas de financiamento a taxas mais acessíveis. Entretanto, para 2026, a expectativa é de que o aperto econômico ainda exerça forte pressão sobre os principais indicadores econômicos.
Prazo para imposição de tarifas pelos EUA se aproxima e ativos brasileiros antecipam piora de fundamentos — Na última semana os principais índices acionários operaram em sentidos divergentes. As bolsas americanas reagiram positivamente ao início da temporada de resultados corporativos, enquanto no Brasil o anúncio de medidas de restrições ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) acirrou os ânimos em uma semana já tumultuada, aumentando as chances de imposição de uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
O índice Nasdaq subiu 1,4% e o S&P 500 0,6%, enquanto o Ibovespa recuou 2,0% (após a queda de 3,6% na semana anterior) aos ~133.400 pontos, com ganhos acumulados de 10,9% no ano. O dólar avançou 0,5% frente ao Real, cotado a R$ 5,59 / US$ 1,00.
Nos EUA foram divulgados os índices de preços CPI e PPI referentes a junho. O primeiro variou 0,3% no índice cheio (em linha com o esperado) e 0,2% no núcleo (abaixo dos 0,3% esperados), enquanto o último não apresentou variação no índice cheio (abaixo dos 0,2% esperados) e no núcleo (também abaixo dos 0,2% esperados). Já a Produção Industrial avançou 0,3% na passagem mensal (acima dos 0,1% esperados), assim como o Índice Empire State Manufacturing também surpreendeu, mostrando uma atividade econômica ainda resiliente. Porém, na frente comercial, pesaram nos negócios rumores de que os EUA pretendem aplicar uma tarifa de ao menos 15% sobre a União Europeia.
Os rendimentos dos títulos soberanos americanos apresentaram desempenho mistos, com os vértices mais curtos devolvendo prêmios e os mais longos incorporando prêmios (o vértice de dez anos encerrou a semana a 4,43% a.a.), com manutenção do movimento de inclinação da curva de juros. O índice DXY subiu 0,65%, a 98,50. Já o petróleo apresentou queda de 3,4% na semana anterior, com o barril do WTI cotado a US$ 66,30.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) reinstituiu a validade do decreto sobre o IOF, acirrando os ânimos em relação à Corte no Congresso. Além disso, os EUA adicionaram novos pontos de pressão sobre o governo brasileiro, como a abertura da investigação da Seção 301 por supostas práticas discriminatórias contra empresas americanas em uma série de setores. A curva de juros DI acompanhou o dólar, incorporando prêmios em todos os vértices— conclui a análise a Mapfre Investimentos.