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17/07/2025

Exportação de café do Brasil registra US$ 14,7 bilhões na safra 2024/2025, diz Cecafé

Altos preços da commodity, principalmente no segundo semestre de 2024, possibilitaram o maior valor na história dos embarques; em volume, desempenho foi o terceiro melhor, atrás dos ciclos 2023/2024 e 2020/2021. Os Estados Unidos lideraram o ranking dos principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil na safra 2024/2025, adquirindo 7,468 milhões de sacas.

Segundo relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado no dia 16 de julho (quinta-feira), o país obteve o maior valor da história com os embarques do produto nos 12 meses do ano safra 2024/2025. As remessas ao exterior renderam US$ 14,728 bilhões, o que implica substancial crescimento de 49,5% na comparação com os US$ 9,849 bilhões do recorde anterior, alcançado entre julho de 2023 e o final de junho de 2024.

— Os preços, principalmente no segundo semestre de 2024, foram bastante impulsionados por menores potenciais produtivos nos principais produtores mundiais, fato que se observou ao longo de praticamente os últimos cinco anos, quando extremos climáticos afetaram cafezais de Brasil, Vietnã, Colômbia e Indonésia. Isso proporcionou uma elevação significativa no valor do café e potencializou a receita cambial recorde de nossas exportações — analisa o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.

Em volume, o Brasil exportou 45,589 milhões de sacas de 60 quilos — equivalentes a 152.938 contêineres — de todos os tipos de café, a 115 países, na temporada 2024/2025, volume que implica queda de 3,9% em relação aos 47,455 milhões embarcados nos 12 meses do ciclo 2023/2024. Esse foi o terceiro melhor desempenho na história, ficando atrás apenas da safra anterior e da 2020/2021 (45,675 milhões de sacas).

O presidente do Cecafé destaca o desempenho alcançado com as exportações, principalmente em meio a um cenário geopolítico turbulento, a novas regulações do comércio global de café e a grandes desafios vivenciados na logística, principalmente nos portos do país.

— A terceira marca na história das exportações brasileiras de café é significativa, uma vez que foi alcançada diante de conflitos geopolíticos, que geram ainda mais desafios na logística comercial em todo o mundo, e de um cenário de infraestrutura defasada nos portos do Brasil, que geram sucessivos atrasos e alterações de escala, resultando em não consolidação de embarques e enormes prejuízos aos exportadores brasileiros devido a taxas imprevistas de sobre-estadia e armazenagem extra — aponta.

— Além disso — completa Ferreira —, temos visto a chegada de regulamentos socioambientais no comércio global, principalmente na Europa, para onde mantivemos exportações superiores a 23 milhões de sacas, ou mais da metade do total, o que evidencia o caráter sustentável dos cafés do Brasil—.

Os resultados do ano safra 2024/2025 foram alcançados com o fechamento dos números de junho deste ano, quando o país exportou 2,606 milhões de sacas e obteve receita cambial de US$ 1,030 bilhão. Essa performance também elevou os embarques brasileiros de café para 19,411 milhões de sacas no primeiro semestre de 2025, gerando US$ 7,519 bilhões em divisas ao Brasil.

Principais destinos — Os Estados Unidos lideraram o ranking dos principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil na safra 2024/2025, adquirindo 7,468 milhões de sacas. Esse volume representa alta de 5,65% na comparação com os 12 meses da temporada anterior e corresponde a 16,4% das exportações totais de café do país.

A Alemanha, com 14,3% de representatividade, adquiriu 6,526 milhões de sacas (+0,25%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vieram Itália, com a importação de 3,554 milhões de sacas (-5,96%); Bélgica, com 3,088 milhões de sacas (-21,2%); e Japão, com 2,293 milhões de sacas (-7,38%).

Tipos de café — Nos 12 meses da safra 2024/2025, o café arábica foi a espécie mais exportada pelo Brasil, com o envio de 34,808 milhões de sacas ao exterior. Esse montante equivale a 76,4% do total, mesmo implicando queda de 1,9% frente a idêntico intervalo antecedente.

Na sequência, com 6,572 milhões de sacas remetidas para fora do país, aparece a espécie canéfora (conilon + robusta), apesar de registrar declínio de 20,3% na comparação com a temporada 2023/2024. Esse tipo de produto respondeu por 14,4% das exportações totais.

Os segmentos do café solúvel, com 4,152 milhões de sacas — alta de 12,6% e 9,1% do total —, e do produto torrado e torrado e moído, com 56.862 sacas (+21,3% e 0,1% de representatividade), completam a lista.

Cafés diferenciados — Os cafés que têm certificados de práticas sustentáveis ou qualidade superior responderam por 19,5% das exportações totais brasileiras no ano safra 2024/2025, com a remessa de 8,907 milhões de sacas ao exterior. Esse volume é 1,2% superior ao aferido no acumulado de julho de 2023 a junho do ano passado.

A um preço médio de US$ 369,56 por saca, a receita cambial com os embarques do produto diferenciado foi de US$ 3,292 bilhões, o que correspondeu a 22,4% do total obtido com todos os embarques no ciclo cafeeiro recém-encerrado. No comparativo com os 12 meses da temporada 2023/2024, o valor é 63,2% maior.

Destinos — Os EUA lideraram o ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados, com a compra de 1,744 milhão de sacas, o equivalente a 19,6% do total desse tipo de produto exportado. Fechando o Top 5, aparecem Alemanha, com 1,477 milhão de sacas e representatividade de 16,6%; Bélgica, com 813.132 sacas (9,1%); Holanda (Países Baixos), com 593.389 sacas (6,7%); e Itália, com 509.991 sacas (5,7%).

Portos — O Porto de Santos foi o principal exportador dos cafés do Brasil no ano safra 2024/2025, com o embarque de 33,079 milhões de sacas e representatividade de 72,6% no total. Na sequência, vieram o complexo portuário do Rio de Janeiro, que respondeu por 22,7% ao enviar 10,337 milhões de sacas ao exterior, e o Porto de Vitória (ES), que exportou 348.121 sacas e teve representatividade de 0,8%.

O Cecafé — Fundado em 1999, o Cecafé representa e promove ativamente o desenvolvimento do setor exportador de café nos âmbitos nacional e internacional. A entidade oferece suporte às operações do segmento por meio do intercâmbio de inteligência de dados, ações estratégicas e jurídicas, além de projetos de cidadania e responsabilidade socioambiental. Atualmente, possui mais de 100 associados, entre exportadores de café, produtores, associações e cooperativas no Brasil, correspondendo a 96% dos agentes desse mercado no país.