Aumento é de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024. Amcham reforça apelo por solução negociada para evitar novas tarifas. Relatório da Amcham Brasil mostra resiliência do comércio bilateral no primeiro semestre, mas aponta impactos crescentes das tarifas em setores estratégicos.
A Amcham Brasil divulgou no dia 11 de julho (sexta-feira), a mais recente edição do Monitor do Comércio Brasil-EUA, com os dados consolidados do primeiro semestre de 2025. O relatório revela que o superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil alcançou US$ 1,7 bilhão — um aumento de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024.
Apesar de a corrente de comércio bilateral ter crescido 7,7% no período, totalizando US$ 41,7 bilhões — o segundo maior valor da série histórica — o levantamento aponta efeitos cada vez mais visíveis das tarifas sobre setores estratégicos das exportações brasileiras.
A divulgação do relatório ocorre em meio à preocupação com a decisão do governo norte-americano de elevar para 50% as tarifas sobre as exportações brasileiras, com vigência prevista para 1º de agosto (sexta-feira).
— Os resultados do primeiro semestre evidenciam a relevância do comércio bilateral para ambas as economias e reforçam a necessidade de buscar uma solução equilibrada e pragmática diante da escalada tarifária prevista para o curto prazo— afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
EUA ganham mais espaço nas importações brasileiras —Entre janeiro e junho de 2025, a corrente de comércio entre Brasil e Estados Unidos somou US$ 41,7 bilhões — o segundo maior valor da série histórica.
As exportações brasileiras aumentaram 4,4%, totalizando US$ 20 bilhões, com destaque para carne bovina (+142%), sucos de frutas (+74%), café não torrado (+39%) e aeronaves (+12,1%).
Por sua vez, as importações brasileiras de produtos norte-americanos cresceram em ritmo mais acelerado, com alta de 11,5%, somando US$ 21,7 bilhões. Como consequência, os Estados Unidos registraram um superávit de US$ 1,7 bilhão no período.
Tarifas em vigor já impactam setores estratégicos —Apesar do desempenho geral positivo das exportações brasileiras no primeiro semestre, setores estratégicos já começam a apresentar retração nas vendas aos Estados Unidos como consequência direta das tarifas atualmente em vigor. Dentre os dez principais produtos que tiveram queda nas exportações, oito deles estão sujeitos a aumentos tarifários, como celulose (-14,9%), motores (-7,6%), máquinas e equipamentos (-23,6%), manufaturas de madeira (-14,0%) e autopeças (-5,6%).
Amcham propõe esforço diplomático para evitar nova escalada tarifária — Diante da perspectiva de elevação das tarifas para 50% a partir de 1º de agosto(sexta-feira), a Amcham Brasil reitera a urgência de um esforço diplomático coordenado entre ambos os governos, em busca de uma solução pragmática e equilibrada. O risco de impactos severos sobre empregos, investimentos e cadeias produtivas integradas exige uma resposta pautada em diálogo, previsibilidade e racionalidade.
— Estamos diante de um grave cenário que pode inviabilizar boa parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos, sobretudo de bens industriais, com prejuízos para ambas as economias. O caminho deve ser o entendimento, que sempre caracterizou as relações entre Brasil e Estados Unidos — conclui Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.