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11/07/2025

Tarifa de Trump e seus impactos

A estrategista de Renda Variável e Empresas da InvestSmart XP, Mônica Araújo, comentou sobre a tarifação de 50% que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs às importações brasileiras.

— O governo americano surpreendeu ao impor uma tarifa de 50% as mercadorias brasileiras exportadas aos EUA, a partir de 1º de agosto de 2025, justificando para tal questões políticas, econômicas e ideológicas. A resposta do Brasil foi imediata, devolvendo a carta e chamando o representante brasileiro para explicação, porém sem anunciar claramente uma retaliação direta, o que pode indicar alguma possibilidade de uso da diplomacia para se iniciar um processo de negociação.

Lembrando que o Congresso Brasileiro aprovou em abril a Lei de Reciprocidade Econômica, o que confere ao país respaldo legal para a resposta a movimentos realizados pelos EUA ontem.

Considerando o impacto econômico da tarifa de 50% implementada, certamente haverá em maior magnitude para os setores exportadores, que tem os EUA como principal mercado. Porém, a previsão inicial de redução direta no PIB é pequena, estimada entre 0,3% a 0,5% no ano. Os três principais produtos exportados para os Estados Unidos saindo do Brasil são Petróleo, produtos petrolíferos e materiais relacionados (18,85%), ferro e aço (14,73%) e materiais de transporte (6,85%). Enquanto as importações dos Estados Unidos vindas do Brasil têm como principal componente equipamento de geração de energia: Motores e máquinas (15%), Óleos e combustíveis de petróleo (9,7%) e aeronaves e suas partes (4,9%).

Certamente o nível de tarifa de 50% inviabiliza a manutenção do comércio bilateral entre os dois países. Ressaltando que a economia brasileira é fechada e parte relevante dos produtos exportados para os EUA é de material básico, há a possibilidade de escoamento para outros mercados, mesmo que isso represente uma rentabilidade menor. Para a economia norte-americana o impacto também deve ser limitado, uma vez que, em 2024, apenas cerca de 1,4% das importações dos Estados Unidos eram brasileiras.

O impacto nos mercados financeiros, no primeiro momento, será negativo, refletindo a imprevisibilidade dos desdobramentos dessa crise, e, portanto, poderemos observar perda de valor do Real frente ao dólar, abertura nas taxas de juros e queda no mercado acionário. Quanto aos desdobramentos políticos dessa crise, ainda é cedo para indicar qualquer direção, mas acreditamos ser possível que reações conjuntas das instituições brasileiras sejam observadas— conclui Mônica Araújo, estrategista de Renda Variável e Empresas da InvestSmart XP.